Vender um jogador é fácil. Espera-se que o empresário faça uns telefonemas, ponha o nome a circular na "roleta" de transferências...aparecem uns primeiros contactos com valores exploratórios, se oferecem 2 pede-se 4, passados uns dias fica-se nos 3 e dá-se permissão ao clube para negociar com o jogador (um pró-forma já que o empresário fez esse trabalho no início) e voilá...vendeu-se.
Vender bem é muito mais difícil. A não ser que o clube comprador seja o Mónaco, Chelsea, Anzhi, PSG ou Man City, todos os clubes sabem o que querem de uma negociação e não estão dispostos a dar nem mais um euro do que o valor que acham que o clube vendedor definiu como mínimo. Só que esta linha é muito invisível. É uma autêntica "batalha naval", com muitos tiros na água antes de acertar no alvo. Há quem venda quando lhe acertam na barquinha e há quem espere pelos tiros no porta-aviões.
Para fazer uma boa venda, há uma coisa que tem sempre de acontecer. O clube tem de querer manter o jogador (ou jogar tão bem o xadrez de enganos que o pareça) e agir sempre sobre esse desígnio. Nesse aspecto deposito muita fé que jogadores como Patricio, Rojo, Capel ou Ilori rendam, se for o caso, bastante aos cofres do Sporting, não há justificação nenhuma para vendê-los abaixo do seu valor. Mesmo a pressão do "emagrecimento" não poderá ser invocada. Perder valor competitivo e financeiro ao mesmo tempo, é uma dupla asneira que o mercado reconhece bem...e cada vez será mais difícil posicionar o clube como um vendedor exigente.
Ter vendido Wolfswinkel por 10 milhões foi uma autêntica humilhação. Um jogador à beira da selecção holandesa, o melhor marcador do clube durante duas épocas, jovem, com muita margem de progressão, completo e disciplinado...por aquele valor...é um crime. Outros crimes seriam vender Patricio por 10 milhões ou Capel por 6.
Por isso, é importante que BdC e Inácio digam e reafirmem que o plantel não está em saldos. É importante porque deve ser perfeitamente o contrário que empresários como Zahavi anunciam privadamente aos compradores. Nota-se perfeitamente que as primeiras propostas devem ter sido tão fracas como desanimadoras...olhando o que o clube entende como aceitável. E isso é a primeira estratégia de um bom comprador, desactivar as perspectivas optimistas do vendedor. Normalmente arranja-se uma "lebre" que faça esse trabalhinho...para surgir mais tarde, mascarado de "honesto comprador" lidando com pessoas desgastadas por negociações com valores execráveis.
É neste mundo de cabronice, que muitos se enganam, que muitos ficam tão felizes como roubados, que muitos que untam bem as mãos offshorianas de muitos empresários fazem os chamados "grandes negócios". Ao avisar o mundo que não entrava nesta besta devoradora de transações hiper premiadas, o Sporting perdeu muito do interesse dos grandes empresários, mas ganhou outras guerras. Algumas só se verão com clareza em próximos relatórios de contas.
A esta direcção, devem os Sportinguistas a manutenção de um ambiente calmo e paciente. É que nesta luta de nervos, o Sporting tem tudo a perder se for precipitado. Arrisca-se claro a não conseguir os resultados financeiros que pretende, mas entre vender mal e não vender, há acreditar na lógica e na racionalidade, evitando vender por medo. A declaração de BdC, que o "dinheiro não é tudo" ou que "em última análise podemos até não vender nenhum jogador" vai, acredito, neste sentido. E vai bem.
Aos que criticam a Direcção por falar sobre transferências na imprensa, deixo um pensamento. Não deve ser fácil ficar sereno, quando diariamente os media são pau para toda a obra ao serviço dos empresários...afixando valores, vontades e "dificuldades" que só enfraquecem a posição do clube. Por muito menos já vi blackouts totais, por muito menos já vi órgãos barrados à porta de clubes, por muito menos já vi jornalistas agredidos e processos em tribunal.
Quando as "fontes" são parte interessada nos maus negócios do Sporting...há tanto trabalho a fazer no nosso clube...tanto.
SL
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