terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Mira e calibre

O esforço e amplo trabalho de divulgação, por parte dos media, do "caso" Alan Ruiz é, antes de mais nada, uma tentativa de tapar o sol com uma migalha. 
Apesar dos raios luminosos exporem à luz intensa todo um vasto e sumarento rol de escândalos benfiquistas, os jornais (sobretudo ABola e o Record) tentam encontrar a sombra reconfortante de um caso de indisciplina em Alvalade. 


Pode parecer que se justifica a atenção dada a esta tropelia do jogador argentino, pode até ser obviamente digno de ser notícia. O que está completamente desajustado é o calibre e sobretudo o espaço que está a ser ocupado.
Casos de quebra das regras disciplinares são às centenas todas as épocas e a maior parte delas nem chegam a ser merecedoras de registo (quanto mais esta saga dos últimos dois dias) e todos sabemos que há um calendário e uma metedologia para as resolver. Inquérito, nota de culpa, castigo. Ponto.

Além do mais, convém que tenhamos todos bem presentes que no momento actual da equipa do Sporting, Alan Ruiz é uma segunda linha com vista para o Aeroporto da Portela. Essa é a origem do problema e talvez o fim do mesmo. O que há para transformar este "episódio" numa "novela"? Juro-vos que não sei, mas desconfio que seja uma verdadeira lufada de ar fresco, ler supostas polémicas do outro lado da 2ª circular. O absurdo é que esta problemática tem pavio molhado à partida e não irá sequer deflagrar para muito mais longe que a preponderância que o atleta tem na época em curso.

Seja o pai, o irmão, o facebook, o Ferrari ou o cão, a mais puras das verdades é que para o universo leonino Alan Ruiz está muitos centímetros abaixo de Podence, a muitos rins de Gelson, a imensos tiros de B.Fernandes e quem sabe a muitos menos dólares de outro qualquer que venha querer "sofrer" mais para brilhar com a camisola do Sporting.

Numa escala de preocupação dos adeptos leoninos, a indisciplina de Alan Ruiz está bastante abaixo da cor de cabelo de Podence, abaixo da antipatia moderada para com o speaker Botas ou a praga dos posts de ódio de Dala-Angolanos no facebook do Sporting.

Eu sei (como já escrevi) que dá jeito, mas acho até humorístico que se dê tanta importância à birra de um dos Ruízes...quando há gigabytes de broncas épicas à disposição de um enorme furo jornalístico. Tão humorístico como elogioso. É que usando a imagem criada por Quintela há uns dias...se uma infantilidade de um suplente do Sporting tem mais atenção do que a análise de indícios que podem (podem mesmo!) levar o Benfica à descida de divisão e à prisão de vários dos seus dirigentes...então só se pode dizer que Somos Enormes!

SL

sábado, 16 de dezembro de 2017

A verdadeira questão

Entender que o futuro do futebol português está dependente da coragem do Governo para fazer cumprir as leis é fácil. O problema é mesmo responder à questão: vai mesmo fazê-lo ou irá colaborar com o varrer de mais um processo de ruptura para debaixo do tapete?

O Apito Dourado foi uma vergonha. O MP foi incauto e tudo se fez para deixar escapar o Porto do castigo que obviamente lhe era devido. Quem pagou a factura foi o nosso futebol e não mais sossegaria nenhum adepto as garantias tolas dadas pelas instituições, as mesmas que agora se prova estarem podres e decadentes, incapazes de uma reação ajustada às polémicas e escândalos do momento.

O caso dos emails é o resultado da impunidade dada, pelo Estado, ao Porto. O Benfica e LFV sentiram margem para copiar o rival nortenho e até ir vários pontos mais além. Fizeram-no e como todos os e-mails exibem, com elevado grau de empenho e ciência...numa verdadeira operação mafiosa.

Cabe agora ao Governo dar ou retirar margem ao MP e PJ para irem até às últimas consequências. Sei que tentarão que tudo se reduza o mais possível, que se use da tabela de punições mais branda ou do isolamento de culpados, protegendo o Benfica. Mas um problema se levantará se o proteccionismo for desproporcionado à gravidade das provas:

Abrir-se-á definitivamente as portas da impunidade a que todos os clubes sintam que ou fazem o mesmo que o Benfica faz ou perdem a dianteira do controle sobre a arbitragem, justiça e disciplina. E isso será o fim da nossa Liga. O definhar da nossa Seleção. A decadência dos 3 grandes portugueses. O tal "ambiente" piorará 20 vezes e nada funcionará por respeito à lei, mas sim por voto ou partição do mesmo.

Ao não seguir as leis, o futebol português passará a ser um mau exemplo social e uma estrutura que albergará todos os bandalhos de menos valia humana.

E tudo porque um Governo teve medo de uns míseros milhares de votos dos atrasados mentais que confundem o país com o seu clube ou a sua vida com uma merda de um jogo de futebol.

Se o Sporting fizesse metade do que já vi nos emails, seria dos primeiros a tentar impugnar o mandato da direcção e sei que teria muitos leões a meu lado. A irresponsabilidade dos sócios do Benfica também tem deixado evidente o grau de podridão a que parte da nossa sociedade exibe. Algo que me assusta na verdade.

SL

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Meia recta final

Não é a recta final para o fim da época, mas sim para o fim do ano, para o início de nova janela de mercado e para o derby na Luz. Até lá, falta apenas um jogo para o campeonato - recepção ao Portimonense. Segue-se o clássico e a receção ao Marítimo. São 3 jogos de graus de dificuldade bastante diferentes, mas onde temos toda a legitimidade de amealhar 9 pontos e fechar uma primeira volta muito boa, ao nível das melhores que um grande consegue fazer...numa boa temporada.

O mercado em Janeiro pode trazer algumas correcções e, espero eu, saídas de menos impacto na força da equipa. É verdade que alguns jogadores continuarão a ser alvo de abordagens de clubes com outro tipo de orçamentos. Dost, Gelson, WC e companhia, são atletas com mercado, mas por uma razão ou por outra, serão nesta altura trunfos difíceis de alienar sem que as hipóteses do título fiquem um pouco mais reduzidas.

Os acertos que imagino necessários e alcançáveis serão mais ou menos estes:

- Se Jonathan Silva sair, precisamos de uma alternativa a Fábio Coentrão (além disso o tempo de lesão do Argentino é longo e não sabemos quanto mais levará até ser realmente opção).

- Urge resolver a saída de Douglas e se somarmos a isso uma possível venda de Tobias Figueiredo...é possível a entrada de uma nova solução como central.

- Se Battaglia, Palhinha e William chegam e sobram para fazer a posição 6, a verdade é que a posição 8 depende demasiado do argentino. Nem Bruno Cesár e muito menos Bryan Ruiz se sentem confortáveis no papel de "box-to-box" e Bruno Fernandes é desperdiçado (a meu ver) nessa função. Ter uma alternativa "séria" e competitiva a Battaglia dava um certo jeito. A situação de Petrovic parece-me merecedora de uma saída digna de Alvalade.

- É certo e sabido que Iuri não teve o impacto que se esperava no Sporting. Depois de boas épocas emprestado pensou-se que a maturidade e influência revelada seria suficiente para explodir de leão ao peito. Ainda não aconteceu e a equipa precisa de um desequilibrador que renda (com qualidade) quer Gelson, quer Acuña. A sair, Iuri, abrirá vaga para um ala.

- Com a chegada de Bruno Fernandes, com a constância de exibições de Bruno César, Alan Ruiz e Mattheus Oliveira parecem cada vez mais cartas a navegar à solta no baralho. Para que não percam uma época e desvalorizem, era conveniente encontrar uma solução boa para todas as partes.

- Doumbia é um jogador útil. O problema é que custou demasiado e o seu salário é ajustado a outros adjectivos mais significativos que "útil". Fala-se numa venda com uma boa valorização para os nossos cofres e essa é a única razão para ver um jogador deste nível sair a meio da época. Sinceramente acho que, mesmo não tendo encaixado no esquema tático de JJ, é um valor a ter sempre em conta e se tiver de sair - terá que chegar algo dentro do mesmo calibre, pois Dost não pode ser a única referência na frente de um plantel com tantas soluções para outras posições.

Obviamente que não espero que todos estes cenários aconteçam, mas grande parte irá mesmo ter de ser resolvida. Não esquecer que estamos na ante-câmara de um Mundial, com muitos jogadores a precisar de minutos para entrar nas convocatórias finais. Algumas destas posições podem ser reforçadas com atletas nessa condição.

SL

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Clássicos

Adeptos do Benfica queixam-se do árbitro. Adeptos do Porto queixam-se do árbitro. Sinceramente, como adepto do Sporting dou razão (ou retiro-a) a ambos. Razões de queixa assistem a ambas as equipas, mas não me parece que Jorge Sousa tenha desequilibrado a partida em favor de qualquer um. Há claramente um fora-de-jogo mal assinalado em desfavor do Porto (atenção que não se pode falar em golo anulado, já que o apito já tinha soado anteriormente) e provavelmente um penalti de Luisão.
Do outro lado, o Benfica pode queixar-se de algumas entradas de jogadores do Porto que podiam ter tido sanções disciplinares mais graves.

No deve e no haver, com uma arbitragem que espalhou erros por toda a partida e por ambos os conjuntos, só se pode concluir que não foi pela arbitragem que o jogo terminou com um empate, mas sim pela ineficácia dos anfitriões e pela táctica à "pequeno" dos benfiquistas. E aqui merece um especial destaque a perda de "gás" que a equipa nortenha vem a demonstrar em frente à baliza, expondo um Porto com mais fragilidades do que revelou no início da época. Há cada vez mais analistas que já entenderam que a equipa de Sérgio Conceição tem pouca profundidade táctica, ou o plano A resulta, ou não há nada a fazer e o "disco riscado" repete-se pelos 90 minutos, sem capacidade para ir muito mais além de substituir peças.

O Benfica foi mais do mesmo frente aos rivais que lutam pelo título. Uma equipa escondida, remetida a 40 metros, com as linhas quase juntas...a rezar para que nenhuma bola entre na sua baliza. É a cena de Rui Vitória, que assenta as suas hipóteses de sucesso na perda de poucos pontos nos outros jogos, dando de barato que ficaria feliz com 4 empates nos "clássicos". Valha ao menos a verdade, não tremeu tanto como seria esperado, mas também não deixa de ser evidente que se o Porto tem marcado alguma das oportunidades que teve, veríamos o lado mais negro desta equipa - ou seja - a incapacidade para esticar a manta para também atacar.

Já no outro clássico, o de Lisboa, o Sporting fez serviços mínimos para levar de vencida o Belenenses. E, diga-se, que devia ter sido mais que o suficiente. Várias ocasiões de golo desperdiçadas e um nervosismo (mais nas bancadas do que no rectângulo de jogo) desnecessário são lados da mesma moeda e convém que todos os adeptos se vão consciencializando que há muitos jogos onde é preciso sofrer. Nem todas as vitórias são "à vontadinha", nem todos os 3 pontos são "na descontra". O Belenenses também joga, e mesmo que pouco, joga.

A própria equipa do Sporting também tem de adquirir mais pragmatismo, não se podem perder golos em fases decisivas dos jogos, mesmo que o adversário pareça não vir a constituir ameaça à nossa baliza. Coisa que por exemplo não aconteceu em Paços de Ferreira, equipa que repetidas vezes ameaçou perigar a nossa vitória. Mais foco e concentração na decisão é fundamental, entendendo que golos perdidos podem ser o caminho para a perda de pontos. Mais do que por vezes avançar no marcador, é decisivo retirar confiança ao adversário...afastando-o de vislumbrar a obtenção de pontos.

SL