Desde há algumas partidas que o Sporting não mostra muita saúde no seu jogo colectivo. Repetitivo, sem velocidade, errático...o tão afamado "fio de jogo" perdeu-se algures entre a derrota no dragão e a eliminação da Liga Europa.
E a queda de forma não se aplica apenas à performance do 11, individualmente a maioria dos jogadores também não se pode dizer que atravessa uma fase positiva. Jogadores como Jefferson, Tobias, Adrien, J.Mário, Nani, Carrillo ou Montero estão até a passar uma fase exibicional longe dos melhores momentos da época. Felizmente que existem outros como Patrício, M.Lopes, Ewerton, William, Mané ou Slimani para equilibrar a balança...mesmo sem atingir níveis excepcionais têm segurado aqui e ali os mínimos olímpicos para conquistar os pontos suficientes de modo a chegar à fase final da Liga sem sobressaltos quanto ao "provável" 3º lugar.
A questão não é física, Marco Silva tem gerido o esforço dos principais jogadores de forma racional e apenas Adrien dá hoje mostras de algum desgaste, mas sem dúvida será matéria para descansos futuros. O foco parece ser mesmo anímico. Todos sabem o que a direcção do clube esperava desta época e já por várias vezes as declarações de responsáveis mostram uma desilusão concreta com a não ingerência na luta pelo título. A presença na final da Taça, não é, ao contrário do que se poderia supor, um prémio de consolação para este plantel...é o menor dos males. Não trazendo o troféu para Alvalade, não tenho dúvidas será fácil designar esta temporada...como um insucesso.
A expectativa é um estado mental que se eleva quando cumpre a promessa de atingir objectivos e se afunda quando corre de forma inversa. Não estarei a falhar por muito se adivinhar que muitos jogadores caíram num estado motivacional que oscila entre o "mínimo possível" e o desligar da ficha assim que os grandes objectivos da época foram perdidos. O empate frente ao Nacional, quando tudo esteve ao alcance (a distância de 6 pontos para o porto podia depois do clássico resumir-se a 3 e com 4 jogos por disputar era legítimo ambicionar o 2º lugar) foi um duro golpe que certos jogadores e a sua contribuição para o desempenho colectivo sofreu...e quem viu o jogo....não deve ter ficado muito melhor estado.
Mas não se pagam milhões de euros a equipas técnicas extensas, nem milhões de euros a tantos jogadores para se deixarem levar por depressões desportivas. Embora compreensíveis, espera-se que tanto "reconhecimento" e valorização signifique competência para, mesmo longe dos grandes momentos, rapidamente se encontrem com o bom futebol, com a garra e desempenhos assertivos. É que não convém absolutamente nada cair nestas "fossas". Apenas as vitórias dão ânimo e largar o volante para enxugar as lágrimas do rosto pode ser o caminho mais rápido para ir de encontro a um qualquer sobreiro à beira da estrada. E mesmo que a árvore se chame Braga e mesmo "prometendo" sofrer de maleitas ainda piores que as nossas...nunca fiando.
Daqui até ao Jamor, MS e companhia terão de se reencontrar, reerguer e reabilitar. Há jogos para ganhar, há forças para recuperar e ambição para encontrar. Um Sporting em "serviços mínimos" não chega! Um 2-1 ou 0-1 de aflitos frente a outros "aflitos" chamados Setúbal ou Boavista...não chega! Ainda por cima, cresce uma onda de desamor óbvio para com o treinador, que além de expor a nu problemas há muito insanados dentro do clube...mostra que será provavelmente o freguês a pagar a maior factura da expectativa criada no Verão passado.
Marco Silva depende da Taça de Portugal? Sim. E isso dá-nos uma visão aterradora do que significam as "apostas" e os "projectos" no Sporting, que não escapa a todas as outras realidades no nosso país. Uma realidade sempre a oscilar entre a competência mágica e o drama incurável. Os mesmos sportinguistas que reclamam pelos méritos do Dortmund e adoram no altar de Klopp, assobiam a equipa em Alvalade de 4 em 4 minutos e pedem a cabeça de MS todas as segundas-feiras. Gostaria de imaginar que não são estes que contam na hora de avaliar o trabalho de profissionais e tomar decisões, mas já levo anos disto para saber que é muito mais fácil derrubar um muro e prometer outro melhor. Oxalá a palavra "desenvolver" ganhe raízes em Alvalade.
"Não presta" é tão fácil de dizer.
SL