sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Conversas improváveis

10h00 da manhã de Quinta-Feira e há uma reunião importante na SAD do Sporting.
- Ora bons dias Presidente…
- Bom dia mister.
- Como vai essa saúde?
- Bem…mas…
- Ora, eu tenho aqui um músculo no pescoço que…
- Hã…?
- Ó presidente, como médico, diga-me lá, o…
- Mister, temos coisas sérias para discut…
- Nada é mais importante que a saúde!
- Sim, mas…
- Eu tenho umas análises para mostrar ao meu médico de família, que…
- Mister! Temos de falar no que aconteceu ontem!
- Mas, alguém se aleijou?
- Ah…não, mas…
- Então, se ninguém se aleijou, não há problema algum!
- Mas, perdemos com o Estoril! Em casa!
- E…?
- E?! O Estoril está na 2ª divisão, homem!!
- O Presidente viu aquela equipa?! Porra, tomara eu ter daquilo a treinar comigo.
- Hã?! Mas…
- Digo-lhe, nunca vi tanta saúde numa equipa da 2ª divisão. Então o russo e o avançado. Parecem daqueles que nunca devem ter ido ao médico na vida. Uma saúde impressionante.
- Mister, não…é admissível que…
- E o equipamento, todo amarelo…daquele amarelo quente e vibrante. Acho que transmite uma ideia luminosa, dá saúde ocular olhar para aqueles equipamentos.
- Mas eu quero lá saber dos equipamentos, isto é o Sporting!
- O Sporting?! Você já viu aquele verde deprimente dos nossos equipamentos? É um verde morto, um verde de musgo seco…não passa nada a ideia de um verde “saudável”.
- Porra Peseiro, esquece a saúde pá…
- A saúde é o mais importante Presidente, sem ela não há mais nada.
- Mas…Peseiro…tu…estás bem, homem?
- Não, o meu pescoço, já lhe disse…ando aqui com uma dor no pescoço e o meu médico de…
- Não caraças! Estava perguntar se estavas bem da cabeça?!
- Não é na cabeça, é mesmo no pescoço, isto quando eu faço assim...
- Porra, tu queres ver que vou ter de te despedir, homem?
- Hã, mas porquê?! É só uma dor no pescoço, o médico de família disse que…
- Não é a merda do pescoço Mister! A equipa não joga um caralho!
- E depois? Estão cheios de saúde! Só 9 lesões musculares, mas nem uma gripe, nem uma constipação!
- Você, não me está a ouvir bem…
- Os meus ouvidos estão óptimos, aliás fiz há pouco tempo fiz um timpanograma…uma maravilha!
- What?! Estou fodido…
- Então…não me diga que está doente?! Cancro? Não espere…reumático! Ou será gases…podem ser gases…
- Eu estou bem! Mas a equipa não está bem, Peseiro!
- Como não está bem?
- Não jogamos um caralho, pá!
- Não? Como não?! Fizemos um bom jogo, até.
- Bom jogo?! O Estoril jogou mais que nós!!
- Pois…eu digo-lhe…aquele amarelo, parece que eles tinham sol dentro das camisolas, lindo…
- Epá, você não está bem, mister.
- Raios, já lhe disse, é o pescoço, de resto posso vender saúde.
- Então venda. Está despedido!
- E o Seguro de Saúde?
#ZeroSeis
PS - Este diálogo nunca aconteceu. Nunca. Jamais. Not a chance.

terça-feira, 3 de julho de 2018

A rescisão com a dignidade Leonina

A lavagem cerebral a que muitos sportinguistas cederam nas últimas semanas será o ponto decisivo que permitirá a esta Comissão de Gestão e SAD provisória dobrar o joelho nas mesas de negociação abertas com os empresários dos jogadores que rescindiram.
De forma quase inexplicável, as repetidas mensagens de caos anunciado retiraram a noção dos factos a muitos adeptos, ao ponto de repetirem como opinião própria argumentos completamente especulativos. De repente e sem que eu consiga entender como, o que é dito na CMTV ou publicado no Record é percepcionado como verdadeiro, mais verdadeiro até que factos completamente à vista de todos.
Factos:
1/ O que sucedeu em Alcochete não está, nem será provado, ter tido autorial factual, moral ou acidental por parte da entidade patronal e os argumentos dos jogadores que rescindiram que constroem esta ligação, são na sua totalidade, puramente especulativos. "Pareceu-nos estranho que" não são provas.
2/ O Sporting condenou o acto de imediato, disponibilizou toda a ajuda necessária aos jogadores e abriu processos de averiguação interna, iniciando também uma revisão das medidas de segurança na Academia.
3/ Os jogadores jogaram efetivamente a Final da Taça de Portugal e foram integrados nos trabalhos das Seleções Nacionais de origem. Ou seja, estavam - de facto - aptos para desempenhar a sua atividade profissional. Seguramente e em especial na Taça, algo abalados emocionalmente, mas ainda assim capazes de jogar.
4/ Nenhum dos jogadores que rescindiu contactou ou desejou trabalhar em conjunto com o clube para esclarecer condições futuras seguras para prosseguir a sua atividade profissional. Aliás aconteceu o oposto, ou seja, a recusa ao diálogo.
5/ Quem esteve ativo no diálogo com o Sporting foram os empresários, que não perderam tempo em impor negociações para que os seus representados pudessem sair por valores irrisórios ou mesmo propondo renovações de contrato com prémios avultados e aumentos brutais de vencimento.
6/ Rui Patrício, através de Jorge Mendes, foi o único jogador que assinou um contrato entretanto. Todos os restantes até podem ter interessados, mas esses clubes têm procurado chegar a entendimento com o Sporting, não avançando para a contratação dos jogadores como "livres".
Se relacionarmos estes factos, só podemos chegar a uma conclusão plausível: há muito mais razões para os jogadores temerem a arbitragem da UEFA e FIFA do que para o Sporting. Mas quem ouve e lê a comunicação social não encontrará esta opinião reemitida por alguém que seja. E a razão é bastante simples. A "tragédia" de Alcochete foi vendida com o sumo especial de ter BdC como o agressor e os jogadores como as vítimas.
Ninguém ousou pensar noutra narrativa, ninguém ousou tocar na verdadeira ferida exposta pelos factos conhecidos. Ninguém falou verdade, primeiro porque a história seria bem menos lucrativa e segundo, porque há sérias dificuldades em realizar jornalismo de investigação quando os "grandes interesses" da sociedade portuguesa se movem bem coordenados.
Esses interesses que bem cedo entenderam o perigo do sucesso de BdC, um presidente sem filiação política, sem rastro de associações criminosas, um travão às pressões dos empresários e todos os que são alimentados pelos mesmos. Esses interesses que caíram em cima do colo de uns quantos opositores que agora têm dívidas para saldar.
O pagamento por uma imprensa espetacularmente favorável, por portas escancaradas nos tribunais, por notáveis a correr à pressa a juntar-se ao piquenique é precisamente a desistência de levar os processos de indemnização impostos aos jogadores que rescindiram até ao fim.
E que belo pagamento. Para quem não entendeu, porque mais uma vez nada disto alguma vez será dito na imprensa, não há histórico de jogadores em casos semelhantes aos jogadores do Sporting terem obtido razão na justa causa. A mão da UEFA e FIFA costuma ser pesada e num passo miraculoso um qualquer dos 9 jogadores que abandonou o Sporting pode ter-se livrado de:
- pagar os seus salários até ao fim do contrato com o clube;
- pagar uma indemnização suplementar por danos reputacionais causados à SAD e ao clube;
- pagar através do clube com o qual assinariam uma indemnização exemplar (que nunca iria ser calculada na base do seu valor de mercado, com risco de se abrir o precedente se ser menos dispendioso recrutar pagando a justa causa do que negociar o valor de compra).
Posto isto, não consigo imaginar a razão porque alguém consegue ainda defender a negociação com clubes interessados ou sequer a renovação de contratos com os jogadores que rescindiram. Não consigo relacionar sequer a mensagem que muitos replicam (mais uma super veículada nas TVs) de que "negociando evita-se o risco". Mas não são os jogadores que arriscam mais? Afinal somos nós, a instituição (que até tem outros ativos prontos a competir) que tememos mais o risco? Quando temos 98% dos argumentos factuais a nossa favor?
Aceitar que existe risco é o mesmo que considerar que as leis não valem nada e que como clube nos devemos sujeitar à humilhação de pedir desculpa e até recompensar quem nos desprezou e afogou numa das maiores crises institucionais da nossa história. Literalmente estamos a dobrar a espinha para lamber as chuteiras de quem não teve sequer uma palavra de despedida aos adeptos. Estamos a perder totalmente a nossa dignidade...para quê?
Simples. Uma mão lava a outra e no caso do Sporting, a mão que financiou a retirada de BdC será a mesma que se apresentará como o "grande amigo" e salvador do clube.
Sinceramente, todas estas mãos, estão imundas de desonra e pactos de escravidão. A desonra é dos próprios e de ganhos futuros caídos de um qualquer céu caribenho. A escravidão será nossa, incapazes de distinguir entre um chicote e uma almofada.

SL

segunda-feira, 2 de julho de 2018

Atravessando a trincheira

Como foi várias vezes publicado, não fui partidário da destituição do anterior CD. Movo-me num círculo de sportinguistas que também não o foi. Ainda assim e porque não consigo defender essa opção, quero compreendê-la. Muito do sucesso do Sporting terá de ser alicerçado num entendimento mútuo que permita ao universo leonino encontrar pontos e lutas comuns. 

Não podemos continuar a ser oposição uns aos outros de forma cega, tanto quanto não seremos nunca obrigados a concordar. Mas há de facto que construir pelo menos o reconhecimento que, podem existir vários ângulos de sportinguismo sem que o clube tenha de estar permanentemente a gerar sufrágios e crises institucionais.

Coloquei 20 perguntas a um dos sócios que esteve reflectido na maioria que acabou por destituir a anterior Direção. Estas foram as respostas.


Pergunta 1 
Qual é o teu número de sócio e categoria? 
- 99.937 Categoria B 

Pergunta 2
Há quantos anos és sócio do Sporting? 
- Nesta fase, desde 2014.

Pergunta 3 
Votaste pelo SIM na AG de destituição. Enumera sucintamente 5 razões para o teres feito e por ordem de importância. 
- A primeira razão prende-se com a comunicação e o estilo de BdC (podia dar dezenas de exemplos), 2ª razão concreta, na minha opinião depois dos acontecimentos de Alcochete deveria ter apresentado a demissão e permitir a marcação de eleições gerais, 3ª razão, depois da AG extraordinária foi pedido a BdC por uma grande maioria dos sócios presentes que deixasse o FB e falasse menos na imprensa, ele prometeu que o deixaria de fazer e não cumpriu, 4ª razão, neste período mais conturbado, criou uma mesa da AG transitória, órgão que não existia nos estatutos e que serviu apenas para criar um caos jurídico interminável, com o objectivo de se perpetuar no poder, 5ª razão, esta razão é muito minha, porque me tenho batido e muito contra os casos de corrupção que assolam o nosso rival e que quer durante as sessões de esclarecimento quer nas intervenções públicas, nunca senti de BdC a vontade de esclarecer cabalmente, o caso Cashball (podia dizer muitas coisas sobre este caso, que pode perfeitamente ter sido manipulado).

Pergunta 4 
O que pensas sobre a possibilidade da perda da maioria na SAD?
- Aqui em abono da verdade, não tenho uma opinião formada, prefiro que o controlo seja do clube, mas mesmo sabendo os riscos que isso pode acarretar, não me choca perder o controlo da SAD, desde que seja para fundos/investidores com alguma reputação.

Pergunta 5
E sobre os jogadores que rescindiram, aceitarias de volta algum ou todos? 
- Não. Nenhum. 

Pergunta 6 
Venderias (jogadores que rescindiram) por valores residuais?
- Porquê? Não. Porque seria um mau principio para o futuro e um mau sinal deixado.

Pergunta 7
Como avalias o cumprimento das funções de JMS, como PMAG?
- Confesso que não conheço os estatutos do SCP, a minha opinião é apenas pessoal, nunca gostei dele e sempre foi dos elementos dos corpos sociais, aquele que menos confiança me passou, sobre a legalidade da marcação da AG, concordo com ela e parece-me que o processo foi legítimo.

Pergunta 8 
Considerando que estás a par da célebre segunda fase da Reestruturação Financeira, comprarias as VMOCS ou cederias essa posição a terceiros?
- Compraria as VMOCS.

Pergunta 9
Dás importância às modalidades ou para ti é um produto secundário face ao futebol? - Muita importância, fui a mais de 20 jogos entre as diversas modalidades, este ano no Pavilhão João Rocha.

Pergunta 10
Concordas com o investimento feito até agora? Reduzirias o orçamento? Aumentarias? - Não sei dizer, porque não conheço as contas, no entanto tentaria pelo menos manter.

Pergunta 11
Concordas com a extinção do Conselho Leonino e todos os outros órgãos consultivos paralelos? Porquê? 
- Sim. Não conheço em pormenor as suas funções, mas sempre me pareceram cargos representativos que apenas servem para as pessoas usarem o clube e não o contrário. 

Pergunta 12
Como classificas o desempenho do restante CD, excluindo o papel de BdC?
- Devo dizer que aquilo que defendi foi que, BdC se deveria ter demitido e nesse momento pudesse emergir Carlos Vieira para o substituir, percebo que por razões de solidariedade institucional provavelmente o próprio não aceitaria, mas neste momento, tal como BdC nunca levariam o meu voto. O seu papel sempre foi muito pouco evidenciado, porque BdC sempre foi uma figura presidencialista que raramente falava dos seu parceiros de direcção.

Pergunta 13
A gerência, até agora do CG está a ser o que esperavas? Quais as razões que te levam a essa opinião?
As minhas expectativas são muito baixas, mas neste momento ainda não tenho uma opinião formada, vejo muitas noticias no ar, muita propaganda e contra-propaganda, vou esperar mais um pouco, para poder dar uma opinião mais de acordo com o que efectivamente vai sendo feito. Mas discordo de algumas coisas como é evidente, sendo à cabeça este novo relacionamento com a CMTV, algo que me enoja.

Pergunta 14
Perante os candidatos que se perfilam, tens alguma preferência?
- Para já não.

Pergunta 15
A SAD do Sporting negociar com Jorge Mendes será um acto de gestão normal? Porquê? - Não, mas essa é daquelas coisas que para já vem na imprensa e não tenho garantias que esteja de facto a acontecer, mas se assim for, serei naturalmente contra. Para mim Mendes representa aquilo que não gosto no futebol.

Pergunta 16
Em que casos vês como aceitável um sócio ser expulso do Sporting?
- Em situações extremas, onde se prove que o sócio fez de facto algo de muito grave contra o clube, para ser mais específico, não gostaria que BdC fosse expulso e gostaria que se apresentasse com uma lista às próximas eleições.

Pergunta 17
Qual a razão que acreditas ser a mais evidente que impede o Sporting de conquistar títulos no futebol profissional?
Há 2 razões para mim, uma externa, que todos sabemos há anos inquina os campos deste país e que claramente já roubou alguns campeonatos ao Sporting, mas para mim existe também uma razão interna, que aliás foi uma das razões que me levaram sempre a apoiar BdC, que foi a falta de cultura de exigência que grassa no clube há anos.

Pergunta 18
O que seria mais útil para contrariar o cenário que apontaste na pergunta anterior?- Quanto ás razões externas uma liga e FPF fortes e independentes, uma imprensa liberta de compromissos e isenta e uma justiça que funcione (tudo uma utopia), em termos internos, BdC soube identificar o problema, mas nunca o soube solucionar, tentou ir para o banco, começou a elevar os patamares de exigência, mas as suas características e a sua forma de estar, acabaram por destruir qualquer ponto de equilíbrio que pudesse encontrar uma plataforma de entendimento e de compromisso nos diversos planteis que teve durante os seus mandatos, devo dizer no entanto que a culpa não é apenas dele, mas isto de mudar mentalidades e costumes não se faz de arma na mão e em meia dúzia de anos, é necessária inteligência e tacto, coisa que BdC nunca teve neste assunto.

Pergunta 19
O Sporting deve continuar a sua luta pela verdade desportiva? De que formas?
- Sempre. Daí ter falado no Cashball, esta é uma das bandeiras que qualquer direcção que surja tem que defender, para ter o meu voto. Como? através daquelas que foram as medidas do 1º mandato de BdC, as lutas contra os fundos, os empresários, a publicação das contas e das comissões no jornal do clube, a luta pelo VAR, etc.

Pergunta 20
A comunicação social influencia o desempenho desportivo do Sporting? E exerce influência na opinião dos sócios sobre os seus próprios líderes? 
- Sim. No entanto devo dizer-te que no meu caso não influenciou ,sou uma pessoa atenta ao meu clube, frequento assiduamente canais alternativos aos principais orgãos de comunicação social, mas claro que terá influenciado muitas pessoas a criarem uma imagem de BdC que possa não ser a melhor e provavelmente a criar um ambiente de cansaço que pode ter sido prejudicial ao CD. 

Nota adicional do sócio 99.937 
- Devo dizer que o meu voto esteve em dúvida até ao último momento, não por BdC, mas pelo que possa surgir no futuro e fiquei de consciência tranquila com a minha escolha, depois das peripécias do dia da AG e da manhã seguinte, com aquele post assassino.
Saudações Leoninas.


sexta-feira, 8 de junho de 2018

Sporting Grupos de Portugal

Adoro a pluralidade de opiniões. Adoro o direito a dizer o que for que seja. Sou um amante de debater ideias e ter a liberdade de convencer ou ser convencido por quem quer que seja que tenha mais ou melhores argumentos que os meus.
Por isso mesmo detesto "jogos" e "caldeiradas", caldinhos e "panelinhas". Odeio conspiraçõezinhas e manobrazitas de fundo de escada. Acima de tudo porque são formas e espaços onde a razão não entra e o debate é feito em surdina, como se todas as informações fossem secretas e dignas de um colete de forças que as impedem de ser rebatidas ou verificadas.
Infelizmente o Sporting (e por inerência, os sportinguistas) enfermam deste enorme vício. Somos dados a Grupos de Interesse, Facções, Alas, Clubes e todas as formas de agregar uns em prejuízo de outros. Essa grave expressão de que "só devo algo a certos sportinguistas" e não a todos, levou em última análise ao estado em que nos encontramos hoje.
BdC venceu as últimas duas eleições e as duas últimas AGE's, mas não ganhou o clube. Muitos imputam-lhe esse insucesso e apesar de concordar que não é um "agregador" por natureza, é minha firme opinião que a desagregação da massa associativa não começou nele, nem irá ser resolvida em futuras presidências.
Não é fácil administrar um clube com a dimensão do nosso, mas será cada vez mais impossível fazê-lo bem com tantas grupetas a trabalhar para que "os seus" tenham espaço e manobra dentro do Sporting. Toda a gente conhece alguém que conhece alguém dentro do clube e a teoria dos "Seis Graus de Seração" pode ser resumida a apenas dois ou três em todo o universo leonino.
É impossível gerir informação, é impossível gerir insatisfação, é impossível gerir confiança quando estar no centro do poder é ao mesmo tempo um exercício operacional e um gigantesco trabalho de relações públicas. O Grupo x gostava de disto, o Ala y via com bons olhos aquilo, e no meio de tudo fica um clube amarrado ciclicamente aos "amigos dos amigos" e às guerras de interesses, às disputas de vaidades e aos jogos de "estou a favor" ou "estou contra".
Isto é sinónimo de divisão e uma separação que está definida por natureza. Não interessa se é BdC ou Godinho, Soares Franco ou outro qualquer, a desunião não começa pela opinião quanto à liderança, ela existe sempre independente da mesma e é a sua maior ameaça. Os "grupos" são proponentes de não adesão firme e convicta a nada que não faça parte do "grupo" e embora nenhum "notável" afirme isto publicamente, não há símbolo maior de que eles do que é a profunda divisão de interesses na massa associativa do Sporting.
Diz o ditado que "casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão" e o Sporting não tem pão para dar a tanta gente notável, a tantos grupos e isso desencadeia uma mega dança de cadeiras e uma mega operação mediática de gente que vai para onde quer que exista uma câmara falar sobre o Sporting. O "tempo de antena" interessa à "notabilidade" e interessa ao "grupo", interessa marcar posição (convenientemente próxima do que será o centro de poder atual ou próximo), interessa ser "reconhecido".
E no meio, volto a questionar, os grupos e os notáveis, os golpinhos e as golpadas, interessam ao Sporting? Ajudam-no exactamente em quê e quando?

SL

PS- Por razão nenhuma vejam este pequeno excerto do filme "Braveheart"


sexta-feira, 25 de maio de 2018

A verdadeira crise do Sporting

Ontem foi mais um capítulo da saga de permanente instabilidade que atravessa o Sporting nas últimas semanas. É um estado de sobressalto que não promete ter fim, mas que para o qual muito tem contribuído uma Comunicação Social absurdamente parcial e difusora de uma amplitude de desinformação sem paralelo no desporto português. Sejamos claros, todo o mercado da mídia funciona hoje como um contra-poder no Sporting e isso requer atenção e vigilância por parte de todos os Sportinguistas.

Apesar disso há que responsabilizar também os Órgãos Sociais do clube. Têm muitas culpas no cenário que vivemos hoje. Uns porque entraram claramente em pânico e se demitiram dos deveres para os quais foram eleitos. Outros porque se alinharam com forças de oposição deixando-se intoxicar por rumores e teorias de conspiração que os levaram a precipitações que nada beneficiam o Sporting. Outros, no caso do CD, porque escolheram métodos equívocos de comunicar para dentro e para fora do clube. E comunicar também é uma forma de exercer o poder, perigosamente danosa se for feito de forma imprecisa e desajustada, o que foi o caso em algumas situações.

Devo dizer que, por tudo o que aconteceu nas últimas semanas, acho necessário que se construa uma oportunidade para o diálogo, para a pacificação dos adeptos e para o término de uma divisão que já está a ganhar raízes profundas, prometendo não dar tréguas ao nosso emblema, caso não seja entendida como grave. É preciso parar. É preciso pensar. É preciso escutar todos os lados e aproximar. Eleições, AG´s, Sessões de Esclarecimento, nada disso valerá a pena fazer enquanto muitos adeptos sportinguistas não largarem o machado de guerra interna. Vejo de ambos os lados uma firme determinação em levar este processo até à extinção da mais ínfima parcela de existência da facção oposta e isso acontecerá bem mais tarde que o fim do próprio Sporting.

É urgente dar um passo atrás. Não dá para continuarmos na direcção para onde estamos a caminhar, rumo à autodestruição pura e dura, sem sequer haver uma hesitação quanto à capacidade do clube em aguentar todos estes embates violentos e especialmente durante tanto tempo. Primeiro irão os patrocinadores, depois o apoio financeiro, depois as equipas, os treinadores, os funcionários e finalmente, quando já nada da nossa grandeza for mesmo evidente, irão os adeptos mais voláteis. Acabaremos com os machados nas mãos, banhados de sangue e com o clube em pura ruína. Como qualquer guerra civil, para que termine só pode existir uma solução, o diálogo, o debate, o abandono das trincheiras e a compreensão de que estamos a autodestruir-nos. 

Temos todos de entender que ao dirigirmos ataques ou defesas uns para os outros, estamos a alimentar uma guerra em que só há mesmo uma vítima: o Sporting Clube de Portugal. Bruno de Carvalho, Jaime Marta Soares, Frederico Varandas, Ricciardi, PPC, Rogério Alves, todos, mas mesmos todos os que têm servido de generais, capitães, soldados e ministros desta guerra têm de parar. Parar já! E começar a dialogar. Começar a estabelecer consensos do que estão dispostos a ceder para viabilizar um Sporting rumo à estabilidade, rumo à governabilidade, rumo à união e crescimento do nosso emblema. Se não fizerem nada e continuarem a insistir na defesa das suas posições, no ataque ao adversário, não interessará rigorosamente nada quem ganha o quê e em que momento, pois estaremos sempre a perder mais um pouco de lucidez, de espaço e de autoestima.

Depois disto, só vos posso dizer que estou desolado com todos os principais personagens do mundo sportinguista. Pois não entendem nada do que é a sua responsabilidade. Não entendem que não importa quem está, quem fica, quem sai, para onde vai o poder, o dinheiro ou votos, nada disso interessa verdadeiramente se não existe a noção mais básica de respeito, lealdade e altruísmo para com o próximo. Sendo que o próximo é um Sportinguista, tal como nós. Se não entendem isso, como entenderão alguma vez o que é o desporto, o que é um clube, o que é o Sporting?


SL 

quarta-feira, 16 de maio de 2018

Quem ganhou e quem perdeu

Sei quem ganhou.
Com esta avalanche de más notícias no Sporting. O Benfica. liberta-se, nem que seja por momentos, do verdadeiro pesadelo de suspeições que pesam há mais de um ano sobre ele. Vê o fracasso do penta varrido para debaixo do tapete e pode gozar o prato com a suposta corrupção de um rival.
É aliás muito engraçado que as "provas" e os "arrependimentos" tenham sido descobertas pelo CM, quando Boaventura, o Mr.Malas benfiquista já as andava a partilhar nas redes sociais há semanas.
A ver vamos se existe corrupção, desejavelmente com os formalmente acusados, auto-suspensos de funções.
Se forem culpados que sejam julgados e condenados e expulsos de sócio.
Obviamente que a Direção vai estar sobre suspeita e agravar a já parca autoridade que resulta das agressões na Academia de ontem há tarde. A probabilidade da vaga mediática pressionar o universo leonino até este depor os Orgãos Sociais é altíssima e embora queiramos todos correr com todo este ambiente de modo a restituir normalidade ao clube, existem procedimentos e big pictures a respeitar.
O Sporting não vai atravessar tempos fáceis e isso será sempre um quadro que favorece os nossos rivais. Ainda assim, que isso nunca nos demita de olhar primeiro para o nosso clube e resolver o que há para resolver. Ao contrário de outros adeptos de outros clubes, sei que nós não esconderemos a cabeça na areia e faremos o que terá de ser feito para garantir o melhor para o Sporting e não o melhor para um dirigente ou uma SAD.
Mas também sei quem perdeu.
Essa é fácil. Os sócios e adeptos. A esses ficará sempre a missão de pegar nos cacos, pagar as crises, encontrar forças para continuar a comprar gameboxes, pagar cotas, cachecóis, camisas e bater palmas na ilusão que "aqueles" que nos representam dão um chavo pelo que amamos, que aqueles que nos lideram têm mesmo o respeito pelo que acreditamos ser melhor para o Sporting.
Num par de meses podemos ficar sem Direcção, sem Equipa e repletos de "Mãos Sujas" a aguardar julgamento. É uma derrota total e inexplicável. Uma derrota nossa.
Não nos matará, sobreviveremos, regressaremos ao que sempre fomos, mas não tenhamos ilusões, o caminho vai ser árduo e repleto de escolhas difíceis.
Cá estaremos, não mudaremos de clube nem rejeitaremos as lutas, mas não consigo deixar de pensar que não merecemos nada do que nos está a acontecer. 

SL

segunda-feira, 14 de maio de 2018

Atitude em tempos de cólera

Incompreensível é a única palavra que me ocorre para classificar o que aconteceu ontem ao final da tarde nos Barreiros. Quando todos esperávamos um Sporting lutador, dominador e dono da sua própria sorte, surge-nos uma equipa desgarrada, nervosa, sem poder físico para acelerar o jogo ou recuperar posicionamentos quando perdia a bola. Os jogadores (aqueles que foram capazes) tentaram, correram (muito menos que o exigível) mas ficou óbvio desde o primeiro minuto que estavam sobre um manto de insegurança que os reduzia a sombras dos jogadores que são. E se as individualidades falharam, ainda falhou mais o coletivo. Nada. Estavam todos entregues à sua sorte, quer em momentos de ataque, onde eram abandonados e sem linhas de passe, quer defensivamente onde faltaram vezes sem conta dobras feitas a tempo e horas. 

O Marítimo só não provocou mais mossa, porque a tática de permanecer fechados lá atrás e soltar contra-ataques só quando o Sporting subia as linhas, predominou na cabeça dos jogadores insulares. Até aí foram superiores, já que tinham uma estratégia e cumpriram-na até ao último segundo. O jogo foi um verdadeiro pesadelo, de fio a pavio, um discorrer dos minutos em agonia, sem que um jogador sequer sentisse que era preciso chamar um colega, dialogar com ele, convocar o melhor que têm, nada. Como equipa, o Sporting foi uma verdadeira manta de retalhos, refletindo todos os equívocos que a atacaram durante toda a época. Nem vou individualizar, pois não me parece que seja justo não distribuir aquela tragédia por todos eles. Efetivamente merecemos ficar fora da Champions (o que é bem diferente de dizer que o Benfica a tenha merecido mais do que nós) porque quem joga da forma como nós jogamos ontem não merece qualquer prémio. 

De quem é a culpa? A eterna questão. Sinceramente? De todos. Começando pelo Presidente que fez despontar uma polémica que podia e devia ter surgido apenas depois da final da Taça, passando pelo treinador que lhe deu continuidade e claramente perdeu a capacidade de motivar os jogadores a cumprir objetivos e culminando nos jogadores que não se revelaram à altura dos momentos de decisão, sendo corajosos para desafiar as hierarquias internas, mas completamente medrosos na hora de ganhar ao Benfica em casa ou fora na Madeira. Muito honestamente e mesmo que ganhemos a Taça de Portugal, a combinação de JJ com estes jogadores cessou ontem a sua validade. Todos o sabem, do Presidente ao adepto mais optimista, JJ não permanecerá no Sporting na próxima época. 8 milhões? É o preço do insucesso, paguemo-lo e sigamos caminho. Não desejo justas causas e arrasos de polémicas em TAD’s e afins. Paguem ao homem, que deu o seu melhor, e que vá para onde quiser. Porto, Benfica, dá-me igual.

Quantos aos jogadores, que fiquem os melhores, que saiam os piores. Que se vendam os que forem bem vendidos, que permaneçam os que não tiverem boas ofertas. Não há saldos e por mais que R.Patrício e William tenham desiludido pela inabilidade em capitanear o plantel, são óptimos jogadores, titulares da Selecção e bons quadros para se ter em qualquer plantel do futebol mundial. A nossa SAD tem de ter a inteligência de recrutar treinadores e gestores de equipa que além de retirarem o melhor dos jogadores em campo, também o façam fora do rectângulo de jogo. Querer sair todos querem (e alguns sempre se irão exceder perante a intransigência em negá-lo) é algo que quem governa o Sporting terá de aprender a lidar.

Espero sinceramente que esta seja uma semana de grande reflexão e muita reserva em Alvalade. Não quero ouvir ninguém a dizer o que quer que seja até ao apito final da Taça de Portugal. Ninguém merece ter a palavra. Exige-se uma vitória no Jamor e não guerras de palavras, desculpas, ameaças veladas ou juras de amor ao emblema. Criem é condições para se ganhar um troféu e peço encarecidamente que guardem o rol de queixumes para depois desse momento. Calem-se e joguem à bola e deixem-nos aziar durante a semana, pelos menos sem ter de assistir a mais episódios deprimentes dos que a imprensa já vai explorar até Domingo.


Quantos aos adeptos, para nós fica o trabalho de fazer do fel, mel. Conseguir reunir o fervor, a fé na vitória, ultrapassar a desilusão e a descrença arrasadoras que nos embrulharam ontem. Se há algum adepto capaz de, neste momento e perante a autêntica convulsão de incertezas que lavra o clube, arranjar forças para apoiar a equipa…é o adepto leonino. Não deixa de ser um desafio, não será fácil, mas que sejamos o pilar mais forte (mais uma vez) e o exemplo da verdadeira grandeza do Sporting Clube de Portugal. 

SL

sexta-feira, 11 de maio de 2018

Avaliação Final

Tal como havia feito a meio da temporada, e embora faltem 2 jogos decisivos para o final, faço aqui uma pequena revisão do que foi o comportamento e aproveitamento dos jogadores do nosso plantel. 

A razão porque o faço, precisamente antes das partidas mais decisivas para o tirocínio da época é muito simples: não quero misturar possíveis euforias ou depressões resultantes de resultados melhores ou piores na avaliação da temporada de cada elemento. 
Com mais de 55 jogos, há matéria mais que suficiente para concretizar uma opinião:

Guarda-Redes - Patrício dispensa notas ou avaliações. Está no seu “prime” e na minha opinião a sair traduzirá sempre um encaixe na medida do seu valor desportivo. Sejam quais forem as discordâncias, não poderá ser em caso algum matéria de saldos. E mesmo que acabe por ser transferido, haverá seguramente verba para contratar um novo valor, que nos deixe seguros quanto ao talento que residirá na baliza. Salin, para além do seu papel de adjunto dos adjuntos no banco, pouco acrescentou, não sendo opção até nas Taças. Não é fácil estar atrás de Patrício e Salin optou e bem por ser útil no banco, uma vez que raramente saiu dele.

Defesas laterais - Coentrão surpreendeu pela quantidade de jogos e em algumas alturas da época até pelo nível exibicional. Acrescentou algo à equipa e a experiência / garra que pôs em campo ficarão sempre bem registadas na nossa memória. Porém, a vida de uma SAD como a nossa e a de um jogador que mantém um ordenado elevadíssimo no Real Madrid não se comove com sentimentalismos. Coentrão consegue fazer uma época digna desse nome e o Sporting conseguiu ter um lateral esquerdo de um nível superior. Ambas as partes conseguiram o que queriam. Cada um seguirá o seu caminho. Sinceramente e não me importando nada que ficasse caso baixasse (e muito) o seu vencimento, fico na expectativa de que neste Verão a nossa SAD e o nosso scouting encontrem finalmente um jogador à medida das nossas ambições. Nem Jefferson, nem Jonathan, nem Lumor estão ainda a esse nível. 

Por oposição (literalmente), na outra lateral a vida segue cheia de promessas…e das boas. Piccini e Ristovsky não podiam ser mais diferentes, mas cada um no seu estilo (Risto mais impetuoso, agressivo e atacante, Piccini mais contido, precavido e discreto) dão garantias de o lugar não ficar mal ocupado ao longo da próxima época. Fala-se no interesse de alguns clubes no italiano, mas confesso ter dificuldade em encontrar mais do que apenas alguns clubes a tentar pechinchas junto do Sporting. A verdade é que muito dificilmente existirá algum clube que pague pelo “Senhor 3 Milhões” uma verba que achemos irrecusável.

Defesas centrais - A próxima janela de mercado promete revolucionar este sector do plantel. E na minha opinião devemos ter tanto calma, como entendimento que precisamos de subir o nível destas posições. Coates e Mathieu foram os titulares e apesar de terem cumprido, fica a sensação que precisamos de mais. A verdade é que o uruguaio não evoluiu o nível médio das suas exibições e o francês apesar de ter estado mais apto fisicamente do que seria de esperar, suscita muitas reservas no que será mais um uso intensivo na próxima temporada. Depois de ver partir Tobias, a vaga de 4º central ficou por ocupar e o recurso a Petrovic só fará sentido se o sérvio não for transferido, algo que imagino será tentado durante as próximas semanas. 

André Pinto não esteve muito distante das previsões, mas também aqui, lesões sucessivas podem levar o Sporting a cogitar uma venda. A entrada de Marcelo do Rio Ave e Domingos Duarte terão de encontrar espaço no plantel e imagino que perante o que já escrevi, o quadro torna-se mais claro. Sobra Douglas, que esperará a SAD e todos nós, consiga seguir o seu caminho, longe de Alvalade se possível. Fala-se no interesse de alguns clubes italianos por Seba. É aqui que acho que devemos ter alguma calma. Sim, a verba de uma transferência do uruguaio pode dar luz verde a uma nova contratação, mas o risco de esse novo “patrão” não ser bem sucedido deve recomendar alguma ponderação.

Médios defensivos - Se formos cruelmente honestos, William é um excelente jogador para essa posição e não devemos nunca desdenhar num 6 titular da Selecção Portuguesa. Tanto quanto entender que o seu valor desportivo, exibicional e até de mercado…estagnou. A venda do seu passe seria apenas uma boa medida financeira se não fosse já garantido que também o jogador deseja esse cenário. Sendo assim, a transferência torna-se desportivamente e financeiramente a melhor via a seguir. 

Battaglia parece preparado para render William, tanto como preparado para jogar a 7 como o fez na maior parte desta temporada. A sua venda, salvo uma proposta irrecusável e atendendo ao que escrevi sobre William Carvalho, seria sempre um ponto a desfavor na continuidade e estabilidade do plantel. Ainda assim, será preciso um back-up na posição que só será dispensável caso ambos os nomes anteriores fiquem no plantel. Back up que não se chama Petrovic de certeza absoluta. O sérvio mostrou aliás mais assertividade como central, do que como 6, onde passa completamente ao lado das necessidades atacantes da equipa. Palhinha está num limbo, onde não evolui e adivinho eu, regride a cada mês de competição que passa. 

Médios de construção - Wendel, Battaglia, Misic, Bruno Cesar, Bruno Fernandes, Bryan Ruiz…são todos jogadores capazes de fazer mais do que uma posição e em grande medida, nenhum foi um Adrien, o que faria falta. Bryan deverá estar de saída e Bruno Cesar apesar de ser um verdadeiro “utilitário” táctico, perdeu grande parte da época. Caso chegue à SAD alguma proposta decente pelo brasileiro, não tenho dúvidas que sairá. Wendel é a grande incógnita. Contratado (disseram) para estar apto na próxima época a voos maiores, a verdade é que o estatuto que trazia do Brasileirão não condiz minimamente com a lógica de “geladeira” a que foi votado desde Janeiro. Se não for parte importante na manobra do meio-campo de 18/19, não sei efetivamente para o que fomos comprar (não foi barato!). Sobra Misic, que parece prometer mais ser um “novo B.César” a tapar buracos no meio-campo do que material para assegurar titularidade. Haverá Geraldes nestas contas? Eu gostava. 

Bruno Fernandes foi bastante usado nesta função, mas acho que na próxima época devíamos olhar para este jogador doutra forma, dando-lhe o foco de ocupar missões e posições mais dianteiras, onde dá, claramente, muito mais à equipa. Golos e assistências tendem a manter-se como mais decisivas que critério de passe e disponibilidade física.

Médios ala - Gelson Martins, Ruben Ribeiro, Acuna, Bryan Ruiz, B.Cesar e Podence ocuparam ao longo da temporada estas posições. Os titulares Gelson e Acuna dever-se-ão manter no plantel. Talvez o Mundial mude alguma coisa, mas o valor que a SAD imputará a uma transferência destes jogadores será suficiente para que se mantenham mais um ano de verde e branco. Não é seguro, mas é expectável. A falta de alternativas a ambos nesta época foi um low point na gestão do plantel, o que deverá ser corrigido na próxima. Ruben Ribeiro, ficou aquém do esperado e na fase da sua carreira, mediante propostas tentadoras, deverá ser libertado, podendo canalizar essa verba para a contratação de outro jogador. 

Certo parece ser mesmo a entrada de Raphinha. Isso é uma excelente notícia, que melhora se dermos crédito às notícias que dão como eminente a aposta no regresso de Matheus Pereira. O quadro ficará fechado? Not so fast…tenho relativas certezas que a SAD procura há muito um ala mais repentista e que à imagem de Gélson dê drible e velocidade no corredor. Essas características podem estar parcialmente quer em Raphinha, quer em Podence, mas eu arrisco desde já que irá ser procurado um jogador que reúna todas elas, preparando a saída previsível de Gélson no futuro.

Ponta de lança - Dost é um dado seguro, mas faltará quem o substitua. Nem Montero, nem Doumbia, nem Leão conseguem “calçar os sapatos” do holandês e isso tem de deixar de ser uma fonte de ansiedade na gestão do plantel. Sempre que Bas não está, o 11 perde coerência e referências o que recomenda vivamente que seja encontrado um sósia que pelo menos interprete bem esse papel quando o titular não está. Spalvis já foi e Castagnos não teve uma época feliz, há Ronaldo Tavares na equipa B…mas não sei…na verdade nenhum me parece ser o ideal, apesar de ser preferível ter um deles a não ter algum. Doumbia tem escrito venda por todo o lado e parece-me inteligente recuperar o dinheiro investido. 

Segundo avançado - Montero superou amplamente a minhas expectativas. Cumpriu, parece ainda com muito futebol nas pernas e nada conformado com a suplência. Mas é preciso mais. E esse mais talvez ainda seja cedo para ser Rafael Leão. Talento tem sem dúvida, mas convém não apressar responsabilidades. Vejo com muito bons olhos a entrada de um novo jogador que tenha rodagem e talento…imediatos. 

Concordam? Discordam? Deixem as vossas opiniões.

SL

quinta-feira, 12 de abril de 2018

E nós?


Desde o dia 23 de Março de 2013 que arrancou um relógio. E com ele um countdown. Esse relógio só irá parar no dia em que Bruno de Carvalho cessar a sua presidência. 

Quem carregou no timer e fez andar os números foram um conjunto bastante diverso de sócios, com um conjunto bastante diverso de razões, com um conjunto bastante diversificado de tentáculos na nossa sociedade de país pequeno, conservador e habituado a permanecer nas réstias de um poder neo-feudal onde os grandes e poderosos se eternizam nesse estatuto, não porque são mais inteligentes, empreendedores, corajosos ou inovadores que os demais, mas porque se amarraram, qual jibóia, à torneira política e financeira do Estado da nossa República.

Desde a infância que estes neo-fidalgos ouvem dizer aos pais que estão destinados a grandes carreiras estudantis, a grandes cargos nas Associações de Estudantes, a grandes Cursos nas grandes Faculdades, a belas cunhas em Sociedades de Advogados, Empresas Estatais ou figuras de proa nas Juventudes Partidárias. Não há que temer nada na vida, não que lutar arduamente por nada na vida. Há apenas que ter…classe e elegância. Seja em que situação for. Vestir marcas que “pareçam bem”. Ter conversas de “bom tom”. Frequentar restaurantes e hotéis onde se “está bem”. Passar férias onde se “aparece bem”. Escolher profissões com “bom estatuto”. Escolher amigos de “boas famílias”. Tudo tem de ser e parecer “bem”.

O Sporting foi isto durante quase toda a sua existência. 

Mas eis que surge um agente perturbador. Não na sua forma, mas no seu conteúdo. Bruno de Carvalho nasceu numa família “com nome”, com familiares ilustres, estudou numa excelente faculdade e provavelmente tem muitos amigos “bem na vida”. Provavelmente sempre vestiu “boas marcas”. Provavelmente nunca temeu pelo pão e janta do dia seguinte. Provavelmente nunca temeu por ver um dos pais desempregado. Provavelmente nunca ficou sem prenda, porque naquele mês a coisa não correu bem. Na forma e na origem Bruno de Carvalho deveria ido trabalhar para a empresa do pai de um amigo, para um instituto de um colega de curso do tio ou uma repartição estatal onde seria acarinhado por um director amigo de um primo. Bruno de Carvalho podia ter escutado todas as promessas da sua infância. Mas sonhou ser Presidente do Sporting Clube de Portugal e esse não foi o problema.

O problema foi que quis ser Presidente de um Sporting que ganhasse.

Voltemos aos relógios em countdown. A comunidade de neo-fidalgos, que fez do Sporting o seu Kruger Park, local onde podia visitar a plebe e divertir-se com ela, onde podia “brincar aos pobres” e às paixões dos pobres. Esses que sempre viram e desenharam um clube à medida do seu “bem estar”, um emblema que na lapela “ficasse bem”, de “bom tom”, escutaram com muita atenção as bases da candidatura de Bruno de Carvalho em 2011, provavelmente aliciaram-no com um pseudo cargo, provavelmente tentaram-no com migalhas para que não sonhasse tão alto. Bruno não podia ser presidente. Bruno era só “o Bruno”. Não tinha dinheiro, não tinha amigos com dinheiro, não tinha amigos em posições de destaque nos partidos, não tinha influência nem idade para ser influente. Não tinha, acima de tudo, compromisso com os “tios” que governavam o Sporting. 

Não tendo, como diz o povo, “rabo preso” por nada nem ninguém, Bruno era um sinal vermelho, um alarme, pânico. Nada garantia que “o Bruno” iria abafar, esconder, comer e calar toda herança que qualquer presidente do Sporting teria nesse ano de 2013. E que herança. Toneladas e toneladas de merda. Merda de negócios, merda de esquemas, merda de conivências e ocorrências absolutamente estúpidas e ruinosas. O que “o Bruno” recebeu dos “tios bem” como herança foi, antes de mais nada, um clube gigante gerido como um tasco, uma taberna, uma coletividade de aldeia. Más contas, maus contratos, maus hábitos, má cultura e sobretudo más equipas. Os campeões do “bem” tinham feito tudo “mal”. Sobretudo porque não levaram nunca a sério o Clube, não se dedicaram minimamente ao seu sucesso e crescimento. O Sporting era um brinquedo enorme tratado com a mesma estima de um animal de estimação que dava demasiadas dores de cabeça.

O segundo em que os relógios começaram a contar foi no preciso momento em que o “rapaz”, o “garoto”, “o Bruno” rejeitou servir de mopa dos “tios” e tentar encontrar o seu sonho por entre as toneladas de disparates que era o Sporting. Nesse segundo Bruno de Carvalho quebrou a promessa mais sagrada que um neo-fidalgo escuta desde a infância. 
Os “tios” do Sporting temeram pelos dias seguintes. Algo que provavelmente nunca tinham sentido antes. Temeram pelo seu “bom nome”, temeram pela merda que fizeram, temeram que um Bruno qualquer fizesse o que nunca haviam gasto uma gota de suor para fazer, tornar o Sporting grande, outra vez. E isso foi e ainda é imperdoável. 

Bruno não pode ter sucesso. Bruno terá toda a influência que se puder juntar entre “os tios” para que não tenha sucesso. Bruno não pode jamais conseguir unir a plebe e esfregar na cara dos “nobres” a sua própria decadência. Isso seria a negação dos seus dogmas. Eles são os mais ricos, os que ganham, os que nunca vão presos, os que nunca ficam desempregados, os que jamais temerão ser humilhados e nunca, mas nunca, por quem não tem “a classe” que eles têm.
Hoje, os relógios de todos eles parecem marcar o principio do fim. Hoje saem dos exílios da vergonha e usam do palco e da influência que sempre tiveram. Hoje afiam as facas de marca e vestem o luto do defunto que prometeram fazer. Hoje preparam-se para colocar os seus universos na ordem que sempre teve. 

E nós?

SL

Nota: este texto não pretende passar ao lado de todos os erros cometidos por BdC (foram muitos), não pretender esconder que o Presidente do Sporting está obrigado a uma mudança de actuação, não pretende ignorar que o Sporting tem de ser gerido doutra forma, mantendo a paixão, mas acautelando uma estratégia universal em que cada um sabe o que tem e deve fazer. Consertação, ponderação, foco, objectivo. Mas…não consigo pactuar calado com a “vendetta” que está a ser levada a cabo, por muitos quadrantes da sociedade, organizados e alinhados, à margem do clube, distantes do interesse do clube.

terça-feira, 10 de abril de 2018

O momento

No momento em que o universo leonino mais se devia unir numa demonstração de serenidade e maturidade, alguns preferem, estrategicamente sair das sombras e dos exílios de vergonha para instigar à revolta.

No momento em que devemos todos, no melhor do nosso fervor clubístico ajudar a um clima de apaziguamento e diálogo entre todas as partes do clube, alguns escolhem por um pé fora do barco que sempre os transportou e apontar o dedo, precisamente a quem os protegeu dos erros que eles próprios cometeram.

No momento em que devem ser exibidas bandeiras brancas que tragam foco às equipas que estão a competir, alguns preferem contar espingardas e realizar recrutamentos espontâneos, visando actos sociais futuros, quebrando traiçoeiramente a solidariedade base do nosso associativismo.

No momento em que as declarações públicas e tomadas de posição devem centrar-se para dentro do clube e não para fora, protegendo a SAD de maior desconfiança dos mercados financeiros, alguns aproveitam a oportunidade para retirar mediaticamente o apoio à gestão da SAD, quebrando a lógica de investidor e assumindo as vestes de "controlador".

No momento em que a União deveria ser a palavra de ordem entre os Sportinguistas, alguns elegem dirigir ataques mesquinhos e cobardes a adeptos leoninos que apenas cometem esse pecado capital de não comerem gelados com a testa, ter croquetes como dieta aspiracional ou andar de braço dado com "apoios" oriundos de Carnide.

No momento em que os que criticam Bruno de Carvalho nos poderiam dar esse magnifico exemplo de sensatez, classe e "saber estar", alguns mostram bem o que valem, fazendo, dizendo e escrevendo coisas bem piores do que o Presidente alguma vez será capaz de fazer. Mentira, insinuação, deturpação, desinformação, tudo vale para reescrever a história segundo "Os Nobres do Sporting".

No momento em que o clube mais precisa da inteligência e capacidade de reflexão dos seus sócios, alguns não hesitam em fazer sumarentos convites à estupidez e à ingratidão, ignorando completamente as regras da democracia e do associativismo, tentando criam um movimento massivo de opinião pública que apague tudo o que de bom tem sido feito ao longo dos últimos anos.

É esse o momento em que nos encontramos. E é nesse momento que mais vos convido a voltarmos aos ensinamentos dos nossos pais, avós, professores e demais, lembrando-nos sempre que a palavra, a honra, a gratidão e a solidariedade para quem nos quer bem...jamais poderá ser quebrada. O Sporting não poderá voltar a ser um Solar de Passatempos Heráldicos, um antro de arrogância e de pactos de consanguinidade.

SL

terça-feira, 20 de março de 2018

The Next Episode

Findo o ciclo intermédio da época, o Sporting continua a manter todas a hipóteses de fazer deste ano desportivo um sucesso. Pode ainda lutar pelo título, pode virar o resultado da meia-final da Taça de Portugal, em casa frente ao Porto e mesmo sendo o Atlético de Madrid o adversário teoricamente mais difícil desta fase da Liga Europa, ainda assim, nada está perdido à partida.

Liga NOS

A deslocação a Braga é um teste à capacidade da equipa do Sporting para dizer sim à continuação da luta pelo título. Passando na cidade dos Arcebispos, poderemos pensar em anular a desvantagem de 3 pontos frente ao Benfica recebendo-os em Alvalade. Quanto ao Porto, esperar que percam na Luz, não chega e algo mais terá de acontecer para podermos recuperar mais 2 pontos (que na verdade serão 3, face aos resultados dos nossos embates frente aos mesmos). Mesmo com toda esta contabilidade, é possível (não é o mesmo que dizer provável) que ainda possamos ter muito a dizer nas contas do pódio desta Liga. Passar em Braga, é mesmo fundamental, até porque arruma de vez com o fantasma da perseguição dos minhotos.

Taça de Portugal

Foi evidente para qualquer espectador que mesmo perdendo o último clássico no Dragão, não foi nada evidente a tal superioridade (tão defendida até essa partida) da equipa portista sobre nós. Logicamente a vantagem pertence-lhes, mas não é tarefa de Hércules, devolver o resultado da 1ª mão e numa noite de muita competência, até suplantá-lo. O Porto parece mais do que focado na questão do título e um mau início de jogo azul e branco pode jogar psicologicamente a nosso favor. Quem vencer esta meia-final, terá as portas mais que escancaradas para vencer a competição. Entre o Aves e o Caldas (e a balança penderá mais para os primeiros com o resultado da 1ª mão) e com o devido respeito, não haverá muito quem aposte num deles para fazer uma surpresa no Jamor.

Liga Europa

Calhou-nos a fava no sorteio. O Atlético de Madrid é de facto, como diz JJ, de nível Champions League. Só de olhar o plantel ficamos com uma ideia clara das nossas hipóteses (Oblak, Godin, Felipe Luis, Koke, Gabi, Correa, Griezmann, Diego Costa, Fernando Torres e tantos outros) mas participar em fases finais de grandes provas europeias é mesmo isto, teremos sempre que nos medir com os melhores e fazê-lo de forma particularmente excelente se quisermos vencer.
Além do mais convém destacar que os colchoneros apostam muito do sucesso da sua época, na conquista deste troféu. Já longe do Barcelona (11pts) e seguros em lugares de acesso à Champions, a história do Atlético nesta LaLiga será quase restrita à luta com o Real pelo 2º lugar. Na Taça do Rei já foram eliminados, portanto, é fácil de concluir que os próximos jogos com o Sporting serão encarados como os mais importantes.
Não há muito a jogar a favor do Sporting nesta eliminatória, apenas um dado. A confiança absoluta (a ver vamos se excessiva) de que o Sporting era o adversário mais acessível no sorteio e que o grau de dificuldade (para eles) será bastante baixo. Eu acredito que num acerto tático exímio e com exibições bastante competitivas, o Sporting pode (on every given Sunday) derrotar o Atlético.

SL