Tal como havia feito a meio da temporada, e embora faltem 2 jogos decisivos para o final, faço aqui uma pequena revisão do que foi o comportamento e aproveitamento dos jogadores do nosso plantel.
A razão porque o faço, precisamente antes das partidas mais decisivas para o tirocínio da época é muito simples: não quero misturar possíveis euforias ou depressões resultantes de resultados melhores ou piores na avaliação da temporada de cada elemento.
Com mais de 55 jogos, há matéria mais que suficiente para concretizar uma opinião:
Guarda-Redes - Patrício dispensa notas ou avaliações. Está no seu “prime” e na minha opinião a sair traduzirá sempre um encaixe na medida do seu valor desportivo. Sejam quais forem as discordâncias, não poderá ser em caso algum matéria de saldos. E mesmo que acabe por ser transferido, haverá seguramente verba para contratar um novo valor, que nos deixe seguros quanto ao talento que residirá na baliza. Salin, para além do seu papel de adjunto dos adjuntos no banco, pouco acrescentou, não sendo opção até nas Taças. Não é fácil estar atrás de Patrício e Salin optou e bem por ser útil no banco, uma vez que raramente saiu dele.
Defesas laterais - Coentrão surpreendeu pela quantidade de jogos e em algumas alturas da época até pelo nível exibicional. Acrescentou algo à equipa e a experiência / garra que pôs em campo ficarão sempre bem registadas na nossa memória. Porém, a vida de uma SAD como a nossa e a de um jogador que mantém um ordenado elevadíssimo no Real Madrid não se comove com sentimentalismos. Coentrão consegue fazer uma época digna desse nome e o Sporting conseguiu ter um lateral esquerdo de um nível superior. Ambas as partes conseguiram o que queriam. Cada um seguirá o seu caminho. Sinceramente e não me importando nada que ficasse caso baixasse (e muito) o seu vencimento, fico na expectativa de que neste Verão a nossa SAD e o nosso scouting encontrem finalmente um jogador à medida das nossas ambições. Nem Jefferson, nem Jonathan, nem Lumor estão ainda a esse nível.
Por oposição (literalmente), na outra lateral a vida segue cheia de promessas…e das boas. Piccini e Ristovsky não podiam ser mais diferentes, mas cada um no seu estilo (Risto mais impetuoso, agressivo e atacante, Piccini mais contido, precavido e discreto) dão garantias de o lugar não ficar mal ocupado ao longo da próxima época. Fala-se no interesse de alguns clubes no italiano, mas confesso ter dificuldade em encontrar mais do que apenas alguns clubes a tentar pechinchas junto do Sporting. A verdade é que muito dificilmente existirá algum clube que pague pelo “Senhor 3 Milhões” uma verba que achemos irrecusável.
Defesas centrais - A próxima janela de mercado promete revolucionar este sector do plantel. E na minha opinião devemos ter tanto calma, como entendimento que precisamos de subir o nível destas posições. Coates e Mathieu foram os titulares e apesar de terem cumprido, fica a sensação que precisamos de mais. A verdade é que o uruguaio não evoluiu o nível médio das suas exibições e o francês apesar de ter estado mais apto fisicamente do que seria de esperar, suscita muitas reservas no que será mais um uso intensivo na próxima temporada. Depois de ver partir Tobias, a vaga de 4º central ficou por ocupar e o recurso a Petrovic só fará sentido se o sérvio não for transferido, algo que imagino será tentado durante as próximas semanas.
André Pinto não esteve muito distante das previsões, mas também aqui, lesões sucessivas podem levar o Sporting a cogitar uma venda. A entrada de Marcelo do Rio Ave e Domingos Duarte terão de encontrar espaço no plantel e imagino que perante o que já escrevi, o quadro torna-se mais claro. Sobra Douglas, que esperará a SAD e todos nós, consiga seguir o seu caminho, longe de Alvalade se possível. Fala-se no interesse de alguns clubes italianos por Seba. É aqui que acho que devemos ter alguma calma. Sim, a verba de uma transferência do uruguaio pode dar luz verde a uma nova contratação, mas o risco de esse novo “patrão” não ser bem sucedido deve recomendar alguma ponderação.
Médios defensivos - Se formos cruelmente honestos, William é um excelente jogador para essa posição e não devemos nunca desdenhar num 6 titular da Selecção Portuguesa. Tanto quanto entender que o seu valor desportivo, exibicional e até de mercado…estagnou. A venda do seu passe seria apenas uma boa medida financeira se não fosse já garantido que também o jogador deseja esse cenário. Sendo assim, a transferência torna-se desportivamente e financeiramente a melhor via a seguir.
Battaglia parece preparado para render William, tanto como preparado para jogar a 7 como o fez na maior parte desta temporada. A sua venda, salvo uma proposta irrecusável e atendendo ao que escrevi sobre William Carvalho, seria sempre um ponto a desfavor na continuidade e estabilidade do plantel. Ainda assim, será preciso um back-up na posição que só será dispensável caso ambos os nomes anteriores fiquem no plantel. Back up que não se chama Petrovic de certeza absoluta. O sérvio mostrou aliás mais assertividade como central, do que como 6, onde passa completamente ao lado das necessidades atacantes da equipa. Palhinha está num limbo, onde não evolui e adivinho eu, regride a cada mês de competição que passa.
Médios de construção - Wendel, Battaglia, Misic, Bruno Cesar, Bruno Fernandes, Bryan Ruiz…são todos jogadores capazes de fazer mais do que uma posição e em grande medida, nenhum foi um Adrien, o que faria falta. Bryan deverá estar de saída e Bruno Cesar apesar de ser um verdadeiro “utilitário” táctico, perdeu grande parte da época. Caso chegue à SAD alguma proposta decente pelo brasileiro, não tenho dúvidas que sairá. Wendel é a grande incógnita. Contratado (disseram) para estar apto na próxima época a voos maiores, a verdade é que o estatuto que trazia do Brasileirão não condiz minimamente com a lógica de “geladeira” a que foi votado desde Janeiro. Se não for parte importante na manobra do meio-campo de 18/19, não sei efetivamente para o que fomos comprar (não foi barato!). Sobra Misic, que parece prometer mais ser um “novo B.César” a tapar buracos no meio-campo do que material para assegurar titularidade. Haverá Geraldes nestas contas? Eu gostava.
Bruno Fernandes foi bastante usado nesta função, mas acho que na próxima época devíamos olhar para este jogador doutra forma, dando-lhe o foco de ocupar missões e posições mais dianteiras, onde dá, claramente, muito mais à equipa. Golos e assistências tendem a manter-se como mais decisivas que critério de passe e disponibilidade física.
Médios ala - Gelson Martins, Ruben Ribeiro, Acuna, Bryan Ruiz, B.Cesar e Podence ocuparam ao longo da temporada estas posições. Os titulares Gelson e Acuna dever-se-ão manter no plantel. Talvez o Mundial mude alguma coisa, mas o valor que a SAD imputará a uma transferência destes jogadores será suficiente para que se mantenham mais um ano de verde e branco. Não é seguro, mas é expectável. A falta de alternativas a ambos nesta época foi um low point na gestão do plantel, o que deverá ser corrigido na próxima. Ruben Ribeiro, ficou aquém do esperado e na fase da sua carreira, mediante propostas tentadoras, deverá ser libertado, podendo canalizar essa verba para a contratação de outro jogador.
Certo parece ser mesmo a entrada de Raphinha. Isso é uma excelente notícia, que melhora se dermos crédito às notícias que dão como eminente a aposta no regresso de Matheus Pereira. O quadro ficará fechado? Not so fast…tenho relativas certezas que a SAD procura há muito um ala mais repentista e que à imagem de Gélson dê drible e velocidade no corredor. Essas características podem estar parcialmente quer em Raphinha, quer em Podence, mas eu arrisco desde já que irá ser procurado um jogador que reúna todas elas, preparando a saída previsível de Gélson no futuro.
Ponta de lança - Dost é um dado seguro, mas faltará quem o substitua. Nem Montero, nem Doumbia, nem Leão conseguem “calçar os sapatos” do holandês e isso tem de deixar de ser uma fonte de ansiedade na gestão do plantel. Sempre que Bas não está, o 11 perde coerência e referências o que recomenda vivamente que seja encontrado um sósia que pelo menos interprete bem esse papel quando o titular não está. Spalvis já foi e Castagnos não teve uma época feliz, há Ronaldo Tavares na equipa B…mas não sei…na verdade nenhum me parece ser o ideal, apesar de ser preferível ter um deles a não ter algum. Doumbia tem escrito venda por todo o lado e parece-me inteligente recuperar o dinheiro investido.
Segundo avançado - Montero superou amplamente a minhas expectativas. Cumpriu, parece ainda com muito futebol nas pernas e nada conformado com a suplência. Mas é preciso mais. E esse mais talvez ainda seja cedo para ser Rafael Leão. Talento tem sem dúvida, mas convém não apressar responsabilidades. Vejo com muito bons olhos a entrada de um novo jogador que tenha rodagem e talento…imediatos.
Concordam? Discordam? Deixem as vossas opiniões.
SL