O homem dos musicais deu-nos muita “música”, mas um pobre espetáculo. Começou por apostar numa personna que se afirmava a antítese de BdC pela calma, reflexão, contenção, prometia navegar na espuma da boa educação, na pose de “estadista” que decerto agradaria aos que gostam de perfis de presidentes bons para cortar fitas, discursar uma vez por ano e dar muitos bacalhaus na tribuna dos estádios. Afirmou que trazia uma nova atitude, agregadora, que libertaria o Sporting das amarras de um tirano tresloucado recorrendo à sua elegância, estabilidade familiar e alto padrão de cidadania.
Sem que entendesse bem porquê, o nosso Pedro Madeira Rodrigues (sim, é nosso…só nós é que conseguimos produzir disto) decidiu mudar de estilo de candidato. Eu arriscaria que entendeu que o caminho que levava a sua candidatura lhe dava pouco “tempo de antena”. O polimento e a boa educação era tanto que os jornais e tv´s não conseguiam espremer sumo algum e o candidato despiu o fraque e equipou-se à montanhista. Havia realmente uma montanha a escalar, mas PMR resolveu enfrentar o desafio da pior maneira. De picareta. Bateu tanto, mas tanto, que em vez de escalar, cavou um buraco. É verdade que conquistou alguns votos, sobretudo os que desesperam por votar em qualquer coisa que não seja BdC, mas afastou-se dos “indecisos” à mesma velocidade com que esgravatava por “material” com que pudesse chafurdar na lama, tentando vencer o opositor por gastroenterite.
Quanto mais PMR disparava “realidades alternativas” para a imprensa, mais desprezo e silêncio obtia da lista contrária e isso não era saudável para que se pudesse colocar ao mesmo nível de BdC. Desesperou-se pelo confronto e pela dança de polémicas mediáticas, mas o “partner” não mordeu o isco e o que dançou foi a polémica do pseudo-despedimento de Jorge Jesus. Tão mal gerido foi esse número que muitos votantes abandonaram as cadeiras e só não pediram o dinheiro de volta porque o Candidato prometera livrar-se de JJ sem custos e para o seu lugar teria uma nova Estrela, daquelas que brilharia tanto que ofuscaria a trapalhice (impossível de explicar) de se ofender com o treinador, mas perdoar a outros profissionais do clube, apenas por ter colocado uma assinatura num papel. PMR estaria a borrifar-se se JJ aceitou fazer parte da Comissão de Honra da candidatura de BdC. Para quem já andou na podridão hipócrita da política, sentir-se atraiçoado por uma inutilidade destas foi uma encenação fraca, somada de um acting em que toda a gente reparou que a faca era de plástico e o sangue, ketchup de marca branca do Lidl.
Por altura do debate já era um facto que a peça levada a cena, dependeria muito de uma cena apoteótica, de um acto completamente trágico, de um facto extraordinário que corresse viral e trouxesse mais espectadores à sua bilheteira. Não existiu. BdC daria muito pouco sumo ao confronto e diga-se, embora esforçado e com as linhas bem decoradas, PMR não conseguiu “tirar o coelho da toca” e muitos adormeceriam nos sofás. Para quem precisava de um knock-out, o candidato não chegou sequer a conseguir uma contagem e foram precisas todas as cantadeiras da imprensa para conseguir vislumbrar uma vitória no frente-a-frente.
A campanha aproximava-se do tempo das grandes decisões e PMR continuava sem ases para fazer vazas. Não os tendo, foi dizendo que os tinha. Prometeu tantas vezes que a ficção era realidade que se viu obrigado a deixar de pintar cartazes e a apresentar estrelas à séria. Boloni, Delfim e Juande Ramos. Um casting demasiado fraco para o grau de promessas que fez. Boloni e Juande Ramos são vedetas já em pleno declínio das suas carreiras e Delfim…ainda não tem uma. Mais do que apresentar soluções, PMR apresentou nomes, estrelas que toda a gente adivinha que abrilhantariam pouco aos espetáculos de Alvalade. O romeno nunca desempenhou o papel de coordenador de nada que se relacionasse com a formação, Delfim nunca foi sequer a um casting para um cargo técnico e o espanhol vem de várias peças canceladas, atravessando um verdadeiro shutdown na carreira.
A estrela de PMR apagava-se, mas o candidato não desistira sem que espetasse umas quantas farpas na lista contrária. Já no desespero de uma verdadeira Madame Butterfly, dispararia enredos e farsas por todo o lado. Nem sequer se podem chamar teoria de conspiração, porque de facto ninguém apresentara tese alguma para explicar as “sugestões” de vídeos, as “dicas” de lana-caprina ou os pseudo-factos de faca e alguidar. A viagem deste “Cats” arranharia a negação do figurão com que lançou a candidatura e é hoje a dois dias da eleição uma versão plena daquilo que prometeu combater. O polimento e altivez deram lugar a um burgesso rufião, que goza com o eleitoral que não o prefere e veste a capa e a espada de merda que O Jogo, o Visão de Mercado, A´Bola ou qualquer outro antro de anti-sportinguismo estão dispostos a dar-lhe.
Tenho, sinceramente, pena e vergonha alheia do rumo que seguiu esta candidatura e ainda mais certo estou que o que a alimentou foi o ódio e o desdém a um pessoa, muito mais do que o amor incondicional a um clube, aos seus sócios, ao seu património. O apoio de Godinhos, Roquettes e outros MacBeth’s só vêm dar o "beijo da morte” a este musical desafinado e descoordenado, a esta La La Land em que PMR sonhou dançar e cantar, fazendo do fel, acidez e antipatia o holofote para o nada de caminho ou carisma com que se apresentou aos sócios.
SL
Muitos parabéns pelo texto. Resumo perfeito de um(a) candidato(ura).
ResponderEliminarS.L.
Lie Lie Land ... da nossa vergonha!
ResponderEliminarExcelente artigo,
ResponderEliminarInteressante não teres deixado escapar o Bidão de Mercado.
Do Jogo e da Bola já tudo se espera, mas foi escandalosa a campanha pró-PMR exercida pelo mui nobre e isento Bidão, sempre disponível, desde que o Godinho Lopes e os seus confrades (Que passavam informações ao Bidão) saíram do poleiro, tarde e a más horas.
Parece-me óbvio que faltou a esta campanha alguém que efectivamente pusesse em cheque a candidatura de Bruno Carvalho, tenho pena, precisamos de mais e melhor oposição, sempre e a todo o momento.
Um abraço,
Foda-se Jav, c'a puta de malha...
ResponderEliminarrecomendo a leitura deste magnífico texto acompanhada da audição do Requiem de Mozart (se os 50 e tal minutos for muito, ouçam pelo menos a Lacrimosa)
e não é que estava mesmo a ouvir Mozart :)
Eliminarnão era o Requiem, mas estava lá perto :)
Extraordinário post. Está lá tudo, de uma forma quase literária. É pena um candidato tão fraquinho. O Sporting merecia e exigia mais em nome da salutar concorrência eleitoral. Sábado lá estarei Em Alvalade para votar em Bruno de Carvalho e Domingo para apoiar a equipa no jogo com o V. Guimarães. SL
ResponderEliminarFiel retrato da tristeza que nos massacra diariamente com supostos sportinguistas a repetirem os chavões dos lampiões até à exaustão.
ResponderEliminarFicou somente a faltar a cereja no cimo deste bolo... as atoardas inqualificáveis daquela triste figura que nos envergonha a todos pelo que fez na sua lamentável passagem pelo nosso clube, o ponta de lança destes croquetes todos, PPC, o bestial.
Até tenho vergonha de ler o fel que anda para aí a destilar para nos humilhar a todos.
Nunca mais acaba esta semana?!
SL
Lanterna Verde
Excelente texto os meus parabéns ao javardeiro, era bom que todos os Sportinguistas realmente interessados no sucesso do clube lessem e reflectissem...
ResponderEliminarSL
Parabéns, Javardeiro, excelente texto.
ResponderEliminarA PMR só considerei candidato, ou melhor, considerei que poderia ser um candidato a sério, no primeiro dia e pelo seu director da sua campanha quando afirmou "BdC tem um bom trabalho feito, mas tem defeitos que nós podemos corrigir" (se não foi isto, ficou a ideia) - a partir daqui, pum!, foi o que sabemos.
Esburacou-se todo com os tiros que deu em si próprio - tornou-se um não-candidato.
É difícil alinhar com "aquilo".