Os adeptos cansaram-se de projectos e projects, de finance e finanças e tudo que queria era eleger alguém que garantisse o máximo de travão à delapidação do pouco património desportivo e físico que ainda restava. As palavras "banca", "investidores" ou "reestruturação financeira" foram repetidas ciclicamente em todos os discursos e análises.
O melhor mérito que se pode dar ao mandato de BdC é que nas próximas eleições o tema das finanças do clube não será tão esmagador. O clube fez um intenso trabalho de emagrecimento e de negociação, aproveitando o facto de também a banca não ter interesse em liquidações ridículas e execuções de contratos que em nada beneficiariam as partes. Apesar de toda a campanha de choraminguice vermelha (curioso como os que se dizem ricos reclamarem do pouco que se dá a quem chamam arruinados) a reestruturação foi feita, está a ser cumprida e, para espanto de muitas aves de agoiro, está a devolver ao Sporting alguma autonomia, que em último grau também tem favorecido o saldar faseado das dívidas. Ao contrário de muitos a quem empurraram os desfalques para o buraco sem fundo dos "bancos maus", o Sporting está a pagar as suas dívidas.
Mas toda a recuperação financeira tinha um alvo bastante específico que ia muito para além do evitar de fechar as portas. BdC bem cedo mostrou que o seu grau de exigência não se apaziguaria com o modelo de clube "bem comportado" que olhando só para os números aceitaria um papel de subserviência aos "ganhadores" de títulos nacionais. Lutar era verbo e em mais do que uma ocasião neste mandato, o Sporting foi a equipa que melhor futebol praticou, disputando os títulos como qualquer candidato natural. O mandato acabará infelizmente sem um troféu de campeão nacional, mas andámos muito perto de o conseguir e mais do que isso, a distância de modelos desportivos entre o Sporting e Porto/Benfica é hoje muito menor. Existe, mas é muito menor...e lamento dizer aos adeptos dos nossos rivais, mas só não será mesmo igual porque as suas subserviências aos interesses dos empresários ainda faz com que a curto prazo existam mercados que o Sporting não acede. A longo prazo a história será bem diferente e chegará o dia em que uma pequena venda do Sporting equivalerá a uma boa venda dos nossos rivais.
Se o primeiro objectivo do mandato de BdC foi alcançado, a segunda prioridade não o foi. Apesar da crescente vitalização da massa adepta e do aumento exponencial do número de sócios, desportivamente o trabalho ficou ligeiramente aquém do pretendido. É preciso que nos lembremos que quando BdC tomou o poder, o clube lutava para não ser humilhado na tabela classificativa e desde então deixámos de lutar pelo acesso à Liga Europa e alinhámos maioritariamente na disputa pelas primeiras posições. Parece fácil, parece até natural, mas há quatro anos atrás, o ponto onde estamos agora seria efectivamente um sonho. O cinismo e a hipocrisia não devem prevalecer em relação à verdade e à história do nosso clube. Nós estivemos falidos, a centímetros de um PER, a segundo de capitular o estatuto de "grande".
Nestas eleições, muitos evitarão de fazer estes flashbacks, dando-nos a comer que o que foi feito qualquer um o faria e que há mérito residual em chegar onde chegarmos, mais do que uma estratégia eleitoral para minorizar o candidato que é o actual presidente...isso é a pior forma de reconhecer o caminho de regresso que muitos adeptos fizeram ao voltar a ser séocio, ao voltar a visitar Alvalade e a contribuir para tudo o que rodeia a clube. Que não vão por aí, pela estrada de negar todas as pedras que afastámos no nosso caminho, pois se alguns não mexeram um dedo e preferiram assistir de longe nos seus "camarotes" à revitalização do clube, não merecem hoje afirmar que o colocarão noutro patamar se forem eleitos. Onde estiveram durante 4 anos? O que viveram nestes 4 anos?
Ouço muitas pessoas a falar sobre o divisionismo que comandou o mandato desta actual Direcção, mas fico sinceramente a acreditar que muitas pessoas olham ainda para o Sporting como um clube de cavalheiros, um emblema de recriação para o passeio de virtudes de certas elites e não um clube de futebol que existe para dar alegrias e bons espectáculos a milhões de fãs espalhados pelo mundo. De muitas formas a visão de muitos "notáveis" e "linhagens" do Sporting é pequena demais e amarra o clube a uma cartilha de "bons comportamentos" que estão completamente desactualizados face ao panorama do futebol luso e mundial. Continuo a ver demasiada gente a querer mexer em merda com punhos de renda. Este é o momento certo para enterrar de vez a maior divisão de todas dentro do Sporting. Não existe Sporting deste e daquele, só há um e terá de ser igual para todos, desde o homem do lixo até ao banqueiro, do presidiário ao cirurgião. E quanto mais igual, melhor.
O melhor que Bruno de Carvalho trouxe ao Sporting é o orgulho e a crença de que não somos menos, nem menos capazes que qualquer outro emblema e isso só foi possível porque ninguém mais do que ele acredita nesse estatuto, nesse ideal. De uma forma mais pura e mais ingénua, BdC é o intérprete mais incomodativo do lema e inspiração do nosso clube. E isso agita as invejas de quem não consegue orgulhar-se do sportinguismo de outros.
SL
Vamos lá ser sérios. Estivemos falidos, à beira de um PER. Mas o que é a reestruturação financeira senão um PER adaptado à empresa? Nas mãos dos bandos com todos, sem exceção, activos penhorados, até as contas bancárias estão penhoradas, não é estar falido? O que é isso senão um PER?
ResponderEliminarA ver dessa forma, também o Porto e o Benfica atravessam um PER. Pois também eles cumprem acordos, pagam juros e hipotecam receitas e até jogadores para manter o status quo financeiro.
EliminarPagar juros é obrigação de qualquer entidade que tenha dívidas a entidades bancárias. A única excepção que eu conheço em Portugal que não o faz é o Sporting Clube de Portugal.
EliminarPagar juros ou ter acordos não é sinónimo de PER, senão toda a gente que paga juros da casa ou do carro estaria no PER.
O FCP ou SLB não têm qualquer reestruturação financeira compulsiva acordada com os bancos, sem obrigação de pagamento de juros, com a obrigatoriedade de amortização da dívida consoante a entrada de receitas que estão de antemão marcadas. Nenhum deles está sob um PER.
Vai uma grande confusão nessa cabecinha.
Realmente precisas de ser anónimo para vires com essa quantidade de disparates. Portanto Benfica e Porto estão sólidos e o Sporting está a braços com um PER?
EliminarEntão o prejuízo de 70M do Porto no último exercício e o Fair Play financeiro são o quê? Sonhos de uma noite de verão?
O Benfica então nem se fala, no ano passado iam emagrecer porque o tinham que fazer, mas logo que JJ assina pelo Sporting abriram os cordões à bolsa e gastaram mais que os outros dois. O passivo já vai nos 600M e continua a subir, mesmo com o clube a apresentar lucros fictícios e vendas estratosféricas em mendilhões.
Quando as actuais direcções de Porto e Benfica saírem é que se vão saber os podres, o Sporting descobriu-os à 4 anos, e foi essa casa que BdC arrumos, aliando a isso a melhor pontuação no campeonato, e que só não valeu o título, porque o Benfica tem jogado sistematicamente com 14 homens contra 11 das outras equipas.
"FCP ou SLB não têm qualquer reestruturação financeira compulsiva acordada"
EliminarO Sporting também não. Aliás, ninguém tem. Uma reestruturação financeira ou e compulsiva ou é acordada. A do Sporting foi acordada. E é isso que dói ao porto e ao benfica que bem tentam algo do género.
"sem obrigação de pagamento de juros, com a obrigatoriedade de amortização da dívida consoante a entrada de receitas que estão de antemão marcadas"
Se tivermos em consideração que o empréstimo sem garantias só existe nos livros (e talvez, para aí, à Microsoft ou a empresas triple A), um empréstimo sem juros com a entrega de receitas futuras como garantia é o melhor dos mundos para qualquer clube de futebol.
"Nenhum deles está sob um PER".
Pois não. O Sporting também não está. Ai como eles gostariam de ter um "PER" assim...