Há uma razão bastante lógica para que tal
aconteça. Pensar em medidas que levem mais espectadores ao estádio, ou que os
direitos de tv sejam de facto valores justos é pensar em quase tudo o que está
mal e foi construído para beneficiar uns em prejuízo de outros. A
competitividade e a verdade desportiva está na base do sucesso financeiro das
grandes ligas, mas isto existe em Portugal? A resposta é fácil. Não.
A Liga portuguesa é disforme. 3 clubes lutam
pelos títulos, sendo que 2 fazem-no de qualquer forma e feitio corrompendo
todas as entidades reguladoras da competição ao ponto de lhes esvaziar a
autoridade e capacidade de intervenção.
Depois existem os chamados clubes intermédios,
3 ou 4, que conforme o ano estão mais acima ou mais abaixo da tabela, mas que
vivem em permanente ebulição. Não têm qualquer sentido de crescimento e uma boa
época passa por vender 6 ou 7 jogadores a clubes cipriotas, ucranianos ou
turcos. Vender se calhar é uma força de expressão, há muito que são plataformas
de empresários ou empresas que gerem passes de jogadores.
Na cauda, mais de uma dúzia de pequenas
agremiações, quase sem expressão organizativa, que fazem do rapar o tacho,
subserviência e gestão caótica um modo de vida. São roedores absolutos, que se
escondem de uma afirmação para sempre adiada, com adeptos que os apoiam nas
horas livres em que o seu “grande” clube de eleição não joga. Não crescem, pois
não pensam, limitando-se a vasculhar alguma notoriedade regional aproveitando o
pouco bairrismo que ainda resta.
Quando vemos em algumas ligas europeias a
forma como um pequeno clube pode, com um bom projecto desportivo, em 2 ou 3
anos de ascensão, até lutar pelo título...olhamos para a nossa Liga e...
Apesar deste retrato que ninguém consegue
desmentir, todos parecem felizes. Acima de tudo porque ninguém gosta
particularmente de futebol. Os presidentes gostam de mandar, os treinadores
gostam de imaginar que são grandes tacticistas, os jornalistas gostam de
inventar um futebol que não existe e na falta de melhor, o público entretém-se
em falar sobre penaltis em vez de golos, a falar de grandes roubos em vez de
grandes jogos.
Para acordar deste sonho de grandezas inúteis
e delirantes deveria servir o facto de existirem muitos jogos da primeira Liga
com menos de 1000 espectadores...e com um provável zero redondo na receita de
bilheteira. E não é por acaso que isto acontece.
A fonte de receitas de qualquer jogo é o
interesse dos espectadores. Se o jogo é mau ou desvirtuado, perde interesse e
logo gera menos receitas. Mas em Portugal isto não é entendido desta forma. A
bancarrota talvez ajude a repensar...mas para já...ainda nada.
SL
é, de facto, uma pena isto ser demasiado real!
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