Este braço de ferro entre os grandes tesos e
os pequenos ainda mais tesos dá-me náuseas. Já falei aqui sobre o papel dos
clubes pequenos no retrocesso do nosso futebol, mas há sempre ideias novas a
fervilhar em cabeças que têm de “inventar” constantemente formas novas de
continuar a fazer o que sempre fizeram – sobreviver.
Qualquer ser vivo ou coisa viva quer crescer,
quer ser maior, quer dominar. Os nossos clubes não. Querem ser pequenos para
sempre, num complexo de Peter Pan futebolístico. O Paços de Ferreira é hoje o
que era há 20 anos. O Feirense idem. O Beira Mar idem.
Se tirarmos o Marítimo, o Nacional, o Braga, o
Guimarães e o Boavista...todo o resto da canalha é ano após ano uma versão
ainda mais à rasca de um clube com poucos adeptos, com um estádio decrépito ou
sem estádio, que paga mal e tarde aos jogadores que vai constrói planteis no
refugo do Brasil.
São clubes pequenos porquê? Porque acima de
tudo têm poucos adeptos. Não fazem absolutamente nada para “roubar” novas
gerações de adeptos aos 3 grandes. E o que podiam fazer?
1/ Ter um projecto desportivo.
2/ Aprofundar a rentabilidade dos escalões de
formação.
3/ Entender quem poderão ser os seus adeptos
no futuro.
4/ Rejeitar qualquer subserviência aos 3
grandes.
5/ Criar uma identidade própria, que reforce
os seus símbolos.
6/ Ajudar a Primeira e Segunda Liga a
reestruturar-se numa competição que premeie financeiramente o mérito desportivo
(classificação e formação de atletas portugueses)
Ao começar a trabalhar nos 5 primeiros pontos
qualquer Desportivo das Aves vai entender que:
Quanto ao ponto 1 – O seu projecto desportivo
consiste há muitas décadas em rezar para que o treinador escolhido na
“caderneta do costume” consiga fazer alguma coisa de jeito com uma “receita
velha” onde se juntam alguns veteranos de carreira descendente, um batalhão de
brasileiros de qualidade incerta, um ou outro jogador de leste “exilado” e uns
miúdos inseguros emprestados pelos grandes.
Quanto ao ponto 2 – O clube tem todos os
escalões de formação, mas raramente sai alguma coisa de jeito de lá...os bons
saem muito antes dos 13 ou 14 anos por valores insignificantes. Mas passam-se
muitos anos entre duas destas vendas. A equipa técnica da formação é a mesma há
muitos anos...uma espécie de Santa Casa que acolhe ex-jogadores que não têm
onde cair mortos fora do futebol.
Quanto ao ponto 3- Há muitos anos que o número
de sócios só decresce e mesmo nos habitantes que moram ao lado do estádio, é
provável que sejam todos adeptos dos 3 grandes. As razões para isso são evidentes.
O clube não ganha títulos, joga mal, está sempre na antecâmara da descida de
divisão e está sempre a melgar os sócios com pedidos de ajuda financeira. Alem
disso é difícil olhar para a legião de Edsons, Waldineys, Juninhos ou Tailsons
e ver algo que represente a região.
Quanto ao ponto 4 – Porque o clube “sente” que
precisa de um “padrinho” que o proteja no futebol, escolhe um grande (Porto ou
Benfica) e sem grande alarido troca apoio politico (nas assembleias da Liga)
por 3 ou 4 empréstimos de jogadores. Nunca se “joga” fora da “família” em
decisões ou votações e prescinde de voz própria contando com uns favores deste
ou aquele árbitro simpatizante do clube “padrinho”.
Quanto ao ponto 5 – Porque nenhum jogador se
dedica ao clube, porque nenhum constrói uma carreira de muitos anos no clube,
não se formam novos símbolos e não há identidade possível, as eleições são
meros actos administrativos onde o “mecenas” teso do costume é reconduzido ou
nomeia o seu sucessor, normalmente ou mais incompetente ou ainda mais teso.
Posto isto é normal que o ponto 6 seja tão
provável como uma vara de porcos construir um vai-e-vem espacial. É como
explicar a uma criança de 3 anos que se não rasgar o saco de sementes, nunca
vai nascer nada no quintal.
SL aos tansos que pensaram que este presidente
da Liga ia conseguir alguma coisa mais do que ser demitido pelos mesmos que o
elegeram.
Grande post este, Javardeiro. Muitos e bons pontos de partida, mas vou-me focar num ponto em específico. O ponto 2. A malta mais jovem que está preparada para assumir um papel determinante nos clubes pequenos, vê a sua caminha barrada por políticas comezinhas de pequenos interesses. E depois claro, escolhe-se um canastrão que nem email sabe usar, em que as palestras diz "vamos a eles miúdos, vamos" e pensam logo que isto sim, é treinar.
ResponderEliminarUma merda, eu sei.
Olha javardeiro, também escrevi sobre estes fiúzas que querem tomar de assalto o futebol português, desculpa lá o abuso:
http://bancadadeimprensa.blogspot.pt/2012/03/os-fiuzas-querem-tomar-de-assalto-o.html
Maritimo e Boavista? Em relação ao primeiro vamos ver agora com menos apoio do Governo Regional, quanto ao segundo acho que o processo de despromoção acabou comtudo.
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