quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Comunicado de um adepto


Acerca do Comunicado feito pelo nosso Presidente hoje, que podem ler no seu Facebook pessoal e daqui a algumas horas noutros locais, tenho a dizer ao meu Presidente que:

1/

A mim não me preocupa o estilo nem a forma. Preocupa-me o conteúdo. Mas como posso ignorar que existem formas e estilos dão mais impacto e seriedade ao conteúdo? Como posso mandar fora anos de aprendizagem que me ensinam que a forma é a melhor amiga do conteúdo quando não cria ruído ou dispersão e é simplesmente um veículo? Não pretendo ensinar nada a ninguém e muito menos como ser presidente a alguém que já o é, mas caro Presidente, há sempre espaço para melhorar. Ser Presidente do Sporting é uma função, um cargo e qualquer cargo necessita que o seu ocupante se molde à melhor forma para o exercício das funções. Se optar por não o fazer é apenas uma escolha sua e quem sabe pode ter até mais vantagens a longo prazo, mas o que não pode é desejar ou imaginar que isso não legitima críticas a essa opção. Como sabe, ser líder de algo é fazer escolhas, centenas e diariamente. Algumas delas serão unânimes, outras menos. É uma circunstância natural, até pelo tamanho da operação e massa crítica do Sporting. 

2/

Quem crítica não é necessariamente seu opositor, às vezes são os mesmos que o aplaudem e até votaram em si, duas vezes. Às vezes são os mesmos que, todos os dias, dão o corpo às guerras necessárias no futebol português e que acordaram com a sua presidência para uma militância mais sólida e próxima. Às vezes são pessoas, como eu, que desejam o melhor para o clube e incluem o Presidente naquilo que querem ver sempre a crescer e a melhorar.

3/ 

Já o disse centenas de vezes e continuarei a manter a opinião, sempre que se justifique, de que o meu caro Presidente foi e é o homem certo no lugar certo e que tem todas as hipóteses de se tornar num dos melhores líderes que o meu clube já teve. Mas é apenas e somente um ser humano, com as mesmas falhas e equívocos, hesitações e inseguranças que podemos encontrar em qualquer outra pessoa. Isso nunca o diminuirá nem retirará autoridade, o que pode realmente fazê-lo é deixar de ter essa compreensão ou recusar os “lados negros” dos outros seres humanos que espelham em cima dos seus ombros as suas próprias frustrações e desilusões clubísticas ou desportivas. Bruno de Carvalho é no papel e em todos os suportes, o líder dos sócios que dizem bem e dos que dizem mal do seu Presidente e parece-me que fará todo o sentido que faça sempre a separação das críticas em duas parcelas: as que são justas e entende poderem servir de chão a uma evolução e as que não fazendo sentido, deve imediatamente desprezar, seguindo o caminho em que acredita (sem dogmas), focando-se nas metas que estão à sua frente e alcançáveis e não no entulho que está ao seu lado e que nada adianta valorizar.

4/

Acredite Presidente que ninguém ousa sequer colocar em causa o seu compromisso e a sua feroz dedicação à causa Leonina, mas infelizmente herdou um clube quase em ruínas e a auto-estima de muitos adeptos gozava (e ainda goza em muitos) da mesma saúde que se identificou às finanças, ao património, à organização ou outras áreas do clube. O Sporting que recebeu é um gigante, não adormecido, mas amputado de corporativismo e associativismo. Lentamente (e o meu caro tem sido um forte alicerce nesse sentido) está a recuperar, mas podem levar alguns anos e títulos até se poder dizer, que estamos como deveríamos estar.

5/

As massas não são fáceis de mover e as atitudes são o mais difícil de mudar e a diversidade de Sportinguismos existentes não é mais do que um vasto e complexo ladrilho de vontades e crenças que não são orquestráveis por decreto ou campanha publicitária. Aderir a um movimento e ser activista do mesmo é cada vez mais um espasmo raro da nossa sociedade que nos convida à passividade e ao consumo. E compreenda caro Presidente que, nos silêncios e estagnações que sente nos adeptos não está desacordo nem incapacidade da sua Direcção para motivar a um novo Sportinguismo, está apenas e só uma cultura enraizada do célebre “vai tu, que eu se puder acompanho”. Isso não o deve desmotivar ou perder crença na massa sportinguista, é apenas o retrato real do que somos e travessa todos os clubes de uma forma ou de outra. 

6/

As injustiças que tem sido alvo são registadas por todos e muitos (quase totalidade atrevo-me a dizer) estarão sempre solidários e cúmplices das críticas que fez, faz e fará. Esse tem sido aliás um dos pilares da ligação e carisma que criou com os adeptos. É um orgulho e um forte sentido de proximidade, acreditar que o meu Presidente acredita no que eu acredito e defende (sem hesitar) o que eu defendo. Contra o campadrio, contra os esquemas paralelos, contra a sangria do património dos clubes a favor do bolso de alguns bandidos que entraram no futebol. contra os pactos que visam distorcer a verdade do desporto e os valores humanistas do mesmo. Estaremos sempre lado a lado nestas batalhas e muitos lutam como podem, com as armas que têm, no tempo que podem. Não são esforços visíveis, não fazem capas de jornais, nem ficam registados em nenhuma rede social, mas ainda assim existem e transformam as mentalidades e assinalam as diferenças entre os que querem ganhar atropelando tudo e os que querem ganhar apenas ficando a dever ao seu trabalho e valor. Esta guerra não será ganha numa ou várias épocas, não será limpa nem indolor (muito mais para quem a lidera), mas seja qual for o estilo ou a forma do nosso apoio, estaremos sempre lá, ao lado do clube e nem que sejamos só dois ou três, continuará a existir Sportinguismo e os ideais que patrocinarmos quer com os actos, quer com as palavras.

Saudações Leoninas

6 comentários:

  1. Dois ou três nunca farão o Sporting grande. São as massas sportinguistas, essas que Bruno de Carvalho acha que são idiotas o suficiente para serem manipuladas pelos lampiões e que portanto precisam de ser avisadas pelo facebook, que fazem a grandeza do clube.

    Não é o Sporting de hoje que é um produto de Bruno de Carvalho, Bruno de Carvalho é que é um produto do Sporting, do anseio das suas massas pela recuperação da vitalidade devida ao clube do leão. Por vezes parece que se invertem os termos e que o Sporting depende de Bruno de Carvalho para a sua grandeza. Não. Depende do amor ao clube das massas Sportinguistas.

    JRamos

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  2. Caro javardeiro,
    Se me permite irei partilhar este post por outros blogues pois penso que construiu aqui mais que uma apreciação pessoal e uma opinião assertiva para e sobre Bruno de Carvalho.
    Encontro aqui muito daquilo que os sportinguistas precisam compreender para além do pouco que se apresenta a frente dos nossos olhos.
    O "gigante adormecido mas amputado que pode levar anos até chegar onde deveríamos estar" é também uma mensagem para nós adeptos que por vezes esquecemos ou não compreendemos o que representou, representa hoje e deverá representar no futuro do Desporto Nacional o Sporting Clube de Portugal.
    Foi o que de melhor li hoje no nosso universo leonino.
    Saudações Leoninas
    JHC

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  3. Com as figuras e palhaçadas de BdC posso eu bem.
    Custava-me era quando ficávamos em sétimo ou não íamos às competições europeias ou qualquer clube de meia tijela nos fazia frente, ou quando estávamos à beira da inexistência, da falência. Aí não sabia como encarar i mundo.
    SL

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    1. Ou quando vendíamos os melhores jogadores por meia dúzia de tostões para pagar as faturas da água e luz...

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  4. Subscrevo. E acho mesmo que o Presidente não devia ser tão sensível a comentários de Facebook. Não os ignorando e queixando-se deles dá um sinal de fraqueza para fora. No fundo, acho que o homem necessita do nosso reconhecimento constante o que até se compreende com a campanha aberrante contra ele na media permanentemente.

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    1. Ficou confusa a última frase mas acho que dá para perceber a ideia

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