sexta-feira, 28 de outubro de 2016

"O jogo da mala segue para a Madeira"

Se alguém me conseguir explicar porque é que um clube sem aspirações de monta no campeonato, que segue em 14º lugar, a 7 pontos do 5º lugar, prefere entregar o acesso à fase de grupos da Taça da Liga (competição que oferece prémios financeiros bem mais atrativos que o zero recebido por qualquer jornada do campeonato) para que hoje tenha uma equipa descansada (poupou 10 titulares) para defrontar o Sporting, se alguém me der um argumento válido…então retiro o que vou afirmar de seguida. Até essa altura a única coisa lógica que explica esta gestão desportiva e assumindo que os dirigentes do clube Madeirense não são nem uma equipa C de Porto ou Benfica, nem tontos ao pontos de desperdiçar dinheiro…então meus caros, a única hipótese que resta aponta directamente a mais um capítulo do tal jogo da mala, modalidade que os clubes da Madeira conhecem bem e que, na opinião de muitos que seguem sem vendas o futebol português, a ela ficarão ligados na história do título da temporada passada.

Podia dizer que tenho pena dos adeptos do Nacional, pois têm de gramar com este tipo de dirigentes que vende o orgulho e a dignidade do clube por mais uns “quinhentinhos”…mas estaria a mentir-vos. Se estes dirigentes estão lá é porque vão a eleições e as ganham e não consta que exista grande oposição à gestão de Rui Alvez, que perdura desde 1994 (22 anos…).
A única resposta que o Sporting deve dar a isto é vencer o jogo. A única justiça que pode acontecer é mesmo o Nacional ficar sem Taça da Liga e sem mala. Dono do seu erro e do seu castigo.

SL 


PS- Se o Sporting vencer a partida, vou estar atento no final para ver se treinador e dirigentes do Nacional abandonam o relvado a rirem-se e a dar palmadinhas nos delegados ao jogo do Sporting.

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

O Preço Certo de um árbitro

“Alguém acredita que um árbitro seja corrompido por 300, 400 ou 500 euros?”

Já passaram alguns dias e ainda não acredito que o presidente de um dos  maiores clubes portugueses disse mesmo isto. É tão manhosa a frase e encerra em si tantas linhas de pensamento sabujo, que seria inalcançável até para para um político de lobby ou um advogado de cartel de droga. Vieira ao longo desta entrevista revela aliás que não percebeu (ou insiste em fingir que não percebeu) qual é a verdadeira questão dos vouchers e porque é que estando PJ, Liga, FPF e todos os clubes (menos o Sporting) do lado errado de todos os códigos de ética no que respeita à transparência absoluta das regras de concorrência, paridade e isenção…o assunto perdura nos media.

O próprio Marco Ferreira, o tal que já na calha para a descida de categoria apita a Final da Taça, o tal que desmascarou Vitor Pereira como “anjo da guarda” dos interesses benfiquistas, o tal que agora ligou o cérebro em modo “vira-casaca” e só falta agradecer ao Benfica ter acabado com a sua carreira, vem agora cavalgar na onda do “fait-diver”, assumindo que em poucos dias recebeu 2 kits e vouchers e destaca o facto de nenhum árbitro ter usado os tais vales, a toda a gente escapa (ou deseja que escape) a pergunta: se nada é passível de crítica, porque razão “nenhum” árbitro descontou as tais refeições? Se é tudo tão transparente e honesto, porque é que tantos árbitros, que imagino gostarem de uma refeição num restaurante como qualquer um de nós, não usou de tal previlégio? 
Apesar de até esse argumento ser falso (houve mesmo árbitros que tiraram partido da oferta) e escapar a esta narrativa o caso dos observadores também serem receptores dessa eterna oferta de camisolas e livros do Eusébio, todos nós sabemos porque tão poucos homens do apito têm reservas em deslocar-se ao dito restaurante e isso não é, como o “vendido” Marco Ferreira e outros campeões de morais destorcidas defendem, argumento de defesa, mas talvez a melhor prova do atropelo à ética competitiva.

A questão não é, como diz o “magoado” Vieira que a verba seja insuficiente para corromper um árbitro, mas sim o facto de termos de imaginar qual seria essa verba e andarmos a discutir o assunto como se o centro do debate fosse uma questão de dígitos. Não é. Um euro já seria errado e isso é um princípio que mentalidade Escobariana não quer ou não consegue entender. Vouchers e o Canelas, dois eixos de um futebol que definha a saque de cumplicidades e argumentos que só podem convencer pessoas a quem os pais nunca mostraram a tal linha que separa o certo do errado, aquela linha que nos ensinaram a não ultrapassar, porque fazê-lo “só uma vez” ou “só pisando um bocadinho” seria universalmente errado. Porque o problema não é o tempo, a oportunidade e o espaço…é a motivação ou a cedência própria a valores e comportamentos que estão, sempre do lado errado do respeito pelos outros e do respeito pela competição. 


SL

terça-feira, 25 de outubro de 2016

O clube que precisava de um reset

Vamos lá ver se nos entendemos e como dizem que é a falar que isso sucede, aqui vão os meus quinhentos quanto à problemática do momento "o que raio aconteceu à equipa do Sporting que terminou a época passsada".

1/ O onze mais titular era Patricio, Schelotto, B.Cesar/Marvin, Coates, Semedo, William, Adrien, JMário, Ruiz, Teo e Slimani. Destes jogadores saiu Adrien por lesão, JMário, Teo e Slimani por transferência. Em 11 saíram, por razões diferentes, 4 jogadores...e se formos honestos os 4 foram bastante influentes na fase mais regular da equipa. Mesmo assim não explica a derrota em Vila do Conde e o empate com o Tondela e Guimarães.

2/ O Sporting contratou 12 jogadores para o plantel principal. Beto, Douglas, Petrovic, Melli, Elias, Markovic, Campbell, A. Ruiz, Castaignos, André Filipe, Spalvis e Bas Dost. Quase metade do plantel chegou a conta gotas, alguns mesmo após a 4ª jornada. Mesmo assim não explica a derrota em Vila do Conde e o empate com o Tondela e Guimarães.

3/ O Sporting deixou de poder contar, de repente com o cérebro da equipa - João Mário, com o motor da equipa - Adrien e o matador da equipa - Slimani e com o que quer que tenha sido o Teo na equipa, mas as bolas lá entravam. A verdade é que Gélson não tem a decisão, a visão de jogo e a ação pendular de J.Mário...tem muita velocidade, desequilíbrio e drible, mas coletivamente não tem a mesma contribuição do agora médio do Inter. A verdade é que o substituto de Teo anda difícil de encontrar...tendo já tentado o sapato da Cinderella os dois Ruiz, André, Markovic e Campbell. A verdade é que as saudades do Capitão Adrien aumentam todas as semanas, e apertam especialmente quando Elias parece tão perto de "valer" um Adrien como o "fantasma" de Melli. A verdade é que Dost não tem a capacidade de "ir buscar os golos a casa" como o fazia muitas vezes Slimani e a equipa habituou-se demasiado a ter um jogador "2 em 1" em campo. Mesmo assim não explica a derrota em Vila do Conde e o empate com o Tondela e Guimarães.

4/ Bryan Ruiz, Marvin, Schelotto e William não tem tido a regularidade de outros tempos e se o problema do Costa-Riquenho é mesmo cansaço, os restantes estão a revelar alguma instabilidade emocional, criando mais dificuldade aos que ainda estão a apalpar o terreno no clube e no onze. Mesmo assim não explica a derrota em Vila do Conde e o empate com o Tondela e Guimarães.

5/ O relvado é novo e parece pesado, o motivador profissional do departamento saiu, houve Campeonato da Europa no verão e 2 Copas Américas nos últimos 2 verões. Mesmo assim não explica a derrota em Vila do Conde e o empate com o Tondela e Guimarães.

6/ Campbell, Markovic, Petrovic, A.Ruiz, Castaignos e Melli chegam ao Sporting depois de estarem muitos meses sem serem figuras de destaque nas suas equipa...quer por lesão ou por terem perdido a titularidade. Mesmo assim não explica a derrota em Vila do Conde e o empate com o Tondela e Guimarães.

7/ Curiosamente ou não, o Sporting revela cada vez mais dificuldade frente ao adversários que prescindam do controle do jogo e se remetam a criar linhas de oposição ao nosso ataque. A forma como os defesas laterais deixaram de dominar as alas "empurrando" os extremos para dentro da área é evidente e hoje em dia limitam-se a subir 1/3 do que o faziam. Mesmo assim não explica a derrota em Vila do Conde e o empate com o Tondela e Guimarães.

8/ O Sporting da época passada, em 34 jogos da Liga, perdeu 2 vezes e empatou 5 partidas. Desperdiçou 16 pontos em 102 possíveis. Esta época, depois da 8ª jornada, em 24 possíveis, já perdeu 7 pontos. De um taxa de desaproveitamento de 15,7% passámos para uns surpreendentes 29,1%. Quase que temos o dobro de probabilidades de perder pontos de uma época para a outra. E no entanto tudo parecia ser mais sólido numa época com uns sonantes 12 reforços. Os 5 pontos perdidos em Vila do Conde e com o Tondela em casa foram bem conquistados pelo adversário o que nem sempre foi o caso dos pontos perdidos em 2015/16, quando em muitas dessas partidas merecemos claramente melhor sorte (Benfica e Tondela em casa, Guimarães, U.Madeira e Boavista fora).
Enquanto tentamos sofregamente justificar o que parece não ter uma explicação óbvia, o que fazemos muitas vezes é rebuscar no detalhe, na estatística ou nos condicionalismos do futebol moderno. Esquecemos de olhar para o mapa, preferindo seguir o olfacto. 

A verdade é que o 1º mau resultado em Vila do Conde chegou depois de uma das melhores exibições num dos campos mais difíceis da Europa e é difícil entender como se pode exibir bem frente aos melhores e mal contra os piores. Talvez a entrega total e a inteligência de o fazer, independente do nome do adversário, seja a melhor das explicações para os 7 pontos que já perdemos pelo caminho. É que olhando para o jogo de Guimarães  (e apesar de erros grosseiros do árbitro) a evolução do marcador nunca poderá ser a que foi sem que se detecte algum desfoque e perda de compostura com consequente pânico e finalmente a derrocada coletiva. Além de demasiado penalizadora para o Sporting, não deixa de ser curioso que entre os jogos de Rio Ave e Guimarães exista um denominador comum - a vertigem de golos sofridos em poucos minutos e sobretudo em poucos lances. Isto só é próprio de uma equipa “surpreendida” e rendida à fúria de investir cegamente…com os resultados conhecidos.

Quebras de forma de alguns jogadores, lesões e dificuldades de adaptação quer ao modelo de JJ, quer ao nosso contexto competitivo, transferência de peças importantes na manobra da equipa, tudo isto pode servir de explicação, mas honestamente e olhando à forma como sofremos 3 golos de rajada em Vila do Conde, como nos deixamos empatar em cima da hora em Guimarães depois de estar a vencer 3-0 aos 70 minutos ou como jogámos frente ao penúltimo classificado em casa e permitimos ao Tondela fazer o único tipo de jogo que sabe…estas não são ocorrências que uma equipa do Sporting (esteja mal ou bem) não consiga evitar, os adversários em causa não têm estatuto, talento ou quaisquer outros argumentos para conseguir fazer o que fizeram perante um Sporting minimamente concentrado, focado e unido em torno da missão mais importante de todas: conquistar 3 pontos, seja de que forma for, bonita ou feia, atacando melhor ou pior, defendendo melhor ou pior.
A arrogância e a vaidade de acreditar que as vitórias são fáceis de conquistar, sem o recurso ao esforço e inteligência estritamente necessários. Isto sim explica os 7 pontos que perdemos e a culpa é mesmo de todos. Jogadores, Treinador, Dirigentes, Adeptos. 

Todos teremos de assacar a nossa cota parte de culpa na imagem que nos perdurou da última época e que infantilmente achámos que seria transportada para a actual. No futebol o momento é o momento, passado e presente dificilmente se conquistam da mesma forma e quanto mais depressa fizermos reset a 2015/16, mais depressa vamos arregaçar as mangas e partir de “um início” onde ao zero vamos somando pontos de partida, tentando subir a mesma escada onde acabamos de descer aos trambolhões.


SL

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Carta de um Leão a outro Leão

Caro Sr.Presidente do Sporting Clube de Portugal, Bruno de Carvalho.

Antes de começar a ler esta missiva, peço-lhe que tente sentar-se comodamente e que faça um pequeno esforço para se isolar da azáfama que o rodeia durante 5 ou 6 minutos. Sei que não deve ser fácil, mas gostaria que pudesse dedicar-me este tempo. Sei que o mereço antes e que o merecerei mais ainda quando terminar.
Pode parecer um contrassenso, mas detesto "cartas abertas". Faço-o, não porque tenho a megalómana e indistinta vontade de me tornar protagonista usando a sua condição de recetor, mas sim porque sinto o dever de dar voz a muitos outros sportinguistas que querem fazer uso do seu direito à critica sem que se alimente qualquer outro tipo de apoios, qualquer outro tipo de agenda que não seja melhorar o Sporting.

O problema de qualquer clube de futebol chama-se "maus resultados", afecta qualquer emblema e o Sporting não é diferente dos demais, é para mim e para si especial, mas não tem nenhuma salvaguarda que o impeça de perder jogos, pontos e títulos. Infelizmente o sabor da frustração da derrota (ou não vitória) é bastante familiar aos sportinguistas. O que faz de nós um clube especial é que ao contrário da maior parte dos clubes de futebol mundial, o Sporting Clube de Portugal consegue crescer não amealhando títulos. Durante o seu mandato que estará prestes a terminar no início de 2017, o clube cresceu. Uma Supertaça e uma Taça de Portugal podem ser bons argumentos para explicar a dimensão da recuperação que o Sr.Bruno de Carvalho e restante equipa directiva conseguiu fazer, mas ambos sabemos que isso não é verdade. Vencer as Taças internas é apenas um prémio de (fraca) consolação para os adeptos em Portugal e se para um Braga é um ponto alto na história desportiva do clube minhoto, para o Sporting é apenas mais uma nota de rodapé em face às expetativas de ser o melhor, incontestavelmente o melhor entre os grandes do nosso desporto-rei.

Eu e o Sr. Bruno de Carvalho sabemos muito bem que o Sporting tem crescido e recuperado o seu estatuto de "crónico" (como gosta de o dizer) às custas da sua energia, dedicação e exigência. O seu papel como líder pode ser mais ou menos cordato com a concorrência, mais ou menos justo para com os seus antecessores e colegas actuais que dirigem o clube, mas aqui, só entre nós dois, o meu caro Presidente abanou toda a estrutura do clube indo direito ao orgulho e exigência dos universo (cada vez maior) de Sportinguistas. Todos nós, que amamos o clube até às últimas consequências, entendem muito bem o que tentou, tenta e tentará fazer enquanto se chamar a si próprio Presidente do Sporting e nunca duvide por um segundo que a sua base de apoio continua sólida e imune a conspirações de retretes suburbanas. Nunca duvide da inteligência dos Sportinguistas em dar total apoio a quem já provou vezes sem conta colocar o interesse do clube bem acima do estivemos habituados num passado recente. Não tenho a mais pequena hesitação em considerar o meu caro Dr. Bruno de Carvalho um dos presidentes mais importantes da história do clube e uma das figuras mais apaixonantes do dirigismo desportivo, pelo que devo dizer que era apenas uma criança nos tempos do saudoso João Rocha e imaturo demais para entender a sua visão e dedicação ao clube.

Mas, o meu caro Presidente já sabia que este "mas" vinha a caminho, mesmo João Rocha não foi infalível, mesmo os melhores dos melhores se equivocam. Não por desleixo, não por prepotência, mas apenas porque no meio de tantas decisões, ninguém consegue adivinhar o futuro e muitas vezes a realidade altera-se tão profundamente e de forma tão rápida, que o que parecia uma decisão 100% fundamentada e estruturadamente válida se revela errada. O Bruno, permita-me a confiança, deve estar a pensar "então venha de lá esse tal erro". Satisfazer-lhe-ei essa minha presunção de  lhe adivinhar o pensamento indo direito ao sentido deste texto: dar mais poder ao treinador Jorge Jesus foi e é um erro.
Nem eu, nem ninguém em Portugal poderá dizer que Jorge Jesus não tem competência para "ler" o jogo de futebol, será aliás dos melhores nesse aspecto. Poderia até ser lógico deixar, quem sabe e quem treina, escolher os jogadores com quem vai trabalhar. Mas se o Bruno de Carvalho olhar para o futebol de forma global (e sei que cada vez mais o faz) poderá constatar que os maiores emblemas, os mais poderosos, os mais ricos, os mais vencedores, dão cada vez menos margem aos treinadores para serem eles a apontar, escolher e contratar jogadores. A excepção é a Inglaterra, o reinado dos "Managers" sempre definiu uma variante à estrutura de organização essencialmente apoiada em centros de conhecimento que privilegiam a decisão colegial e não a acumulação do negócio e a preparação da equipa no mesmo cargo, na mesma pessoa. Mas até no Reino Unido, o supercargo de poder contratar quem se vai treinar está a cair em desuso, essencialmente porque os managers britânicos escolheram mal, muito mal, sobretudo a partir do momento em que as nacionalidades ou as verbas deixaram de ser um problema.

Hoje em dia, Ilhas Britânicas incluídas, escolher jogadores, comprar os seus passes, valorizá-los e transferi-los passou a ser uma das actividades mais importantes para a sustentabilidade e sucesso de um clube de futebol. Comprar os jogadores errados ou vender os jogadores errados é hoje uma das explicações mais comprováveis para justificar más épocas desportivas. A tal "gestão dos activos" já não é mera rotina de olheiro - treinador - presidente, é a quase a totalidade do que deve ser bem feito para gerar lucro, troféus ou ambos. Cada vez mais os clubes entendem essa importância e tentam dotar os seus departamentos de futebol de tudo o que pode servir de diferencial, quer humano, quer tecnológico. A era do Scouting começou já faz uma boa dezena de anos e quem a entendeu como estratégica prosperou, quem não o fez, dependeu demasiado da sorte, provavelmente despendendo muitos recursos em erros que poderiam ter sido evitados. O Scouting é muito mais do observar ou detectar jogadores. O meu caro Bruno (repito o atrevimento) sabe tão bem como eu que os grandes jogadores são facilmente detectados e qualquer pessoa com o grau mínimo de conhecimento saberia dizer que Ronaldo, Messi, Ibrahimovic ou Neimar, mesmo com apenas 12 ou 13 anos viriam a ser diferentes dos demais, saberia pelo menos o suficiente para recomedá-los. Ainda precisariam de menos do que isso para recomendá-los aos 17 anos e absurdamente menos quando tivessem 23 ou 24. A questão com esse tipo de talentos não se chama Scouting, mas sim Financing. O problema é que o Sporting, assim como 99,9% dos clubes mundiais não só por missão contratar vedetas ou futuras vedetas (até porque isso cada vez será mais difícil face aos desequilibrios entre clubes europeus e diferentes economias) mas essencialmente conseguir encontrar jogadores com a maturidade de darem acréscimos segundos depois de assinarem o seu contrato.

Esta circunstância de ter de "descobrir" mais valias imediatas a preços comportáveis requer a capacidade de conseguir fazer previsão, mas sobretudo a capacidade de conseguir comparar coisas diferentes. De grosso modo, conseguir comparar Slimani no Sporting a Bas Dost no Wolfsburgo. No passado essa missão era menos arriscada e menos global, mas hoje em dia falhar uma contratação tem um peso enorme nas finanças de um clube. São milhões de euros que não têm regresso, são passivos que se aumentam, são homens a quem se aponta a responsabilidade de "justificar" demasiado dinheiro, demasiado risco. A solução encontrada por muitos (e bons) clube foi a mais racional possível. A decisão tem de ser fruto de um trabalho quase totalmente científico. A estatística, o comportamento, o lado social, o estado civil e agregado familiar, a observação sistemática sob todos os ângulos da carreira desportiva, seja aos 7 ou aos 35 anos, o Scouting transformou-se numa ciência cada vez menos apoiada em feelings, em palpites, em "olheiros". Não sei o que Jorge Jesus pensa sobre esta evolução, não sei sequer o que pensa e implementou no Sporting, o que sei é que seja qual for o caso, o Scouting no Sporting trabalhou mal. Pode parecer estúpido estar a dizer isto em Outubro, mas não falharei por muito se arriscar pensar que o meu caro Presidente pensa o mesmo, nunca o poderá dizer (eu faria o mesmo na sua posição) mas tenho por mim certo que um dirigente com o seu grau de estudo do fenómeno futebolístico também já entendeu o falhanço que foram algumas das maiores apostas para esta época. Se o poder esteve nas mãos de Jorge Jesus e não estarei a falhar por muito, vejo-o como responsável e como tiro de letra que nenhum scout daria o aval a muitas das chegadas ao plantel, não posso deixar de entender que a aposta na extensão da responsabilidade oferecida a Jorge Jesus não teve o retorno e a melhoria desejada.

Como disse no princípio, a minha vontade assim como a de muitos outros Sportinguistas não é a de "queimar" o legítimo trabalho e competência de quem está no clube, não tenho eu nem ninguém esse poder ou vontade. Mas no meio de tantas vozes que pedem cabeças, eu e quem estiver ao meu lado, pedimos trabalho e inteligência. Pedimos competência. Em muitas coisas que estão a correr mal, podemos e devemos melhorar e é na mente e na capacidade de Jorge Jesus que confiamos que venham a ser encontradas as soluções. Não interessa que nos venham dar explicações, escusas, respostas ou murros na mesa. Queremos que se sentem à mesa, trabalhem e obriguem outros a trabalhar. Se o que existe não está bem, não funciona, só conheço uma forma de melhorar e chama-se dedicação ao "trabalho" e empenho em esforços coletivos. Muitos desprezarão a força do que um punhado de homens pode fazer, mas a história do Mundo e do Desporto está inundada de exemplos, de turning points onde a diferença, a mudança, a reviravolta esteve centrada na união desinteressada de várias pessoas num bem comum. Essa é a única forma que conheço de uma equipa superar os seus medos, as suas fraquezas, as suas incapacidades. Peço-lhe, caro Presidente, que olhe para dentro e dedique o seu melhor a este tipo de soluções, exigente como sabe sê-lo, mas também solidário e centrado unicamente na definição de uma "Equipa do Sporting". Acredito que 5, 6 ou mais pontos serão ultrapassados quanto mais uma mensagem de união perante a adversidade conseguir ser implementada.

Para último deixo uma mensagem ainda mais importante. O Bruno sabe tão bem como eu que a grande desilusão dos Sportinguistas com os resultados mais recentes da nossa equipa de futebol, prendem-se sobretudo com o facto de os mesmos desaires estarem a aparecer num completo contra-ciclo. O clube cresce, recupera financeiramente, intromete-se novamente ao mesmo nível de ambição que os seus grandes rivais, a equipa vinha a ser, incontestavelmente a melhor em jogo-jogado. Tudo apontava no final da última temporada que o prémio (merecido já em Junho) chegaria este ano, ou na pior das hipóteses, andaríamos tal como na época passada pertíssimo da liderança. Estar a 5 pontos do Benfica e já a 3 do FC Porto é para nós adeptos (e para si ainda mais) um choque, algo para o qual não estávamos preparados. Nenhum indício existia que tal pudesse vir a acontecer e embora nem tudo no desporto seja lógico, valha a verdade que à 10ª jornada já ter perdido muito da totalidade dos pontos perdidos da época passada é pesadamente ilógico, sendo que o treinador é o mesmo e "apenas" saíram 2 jogadores. A dinâmica de crescimento, a que muito devemos agradecer ao seu espírito lutador e ao Sportinguismo feroz de nós todos como adeptos está a ser contrariada por um princípio de época muito pouco feliz. Na mente de todos pesam os fantasmas de um Sporting do passado arredado da luta do título cedo demais e isso deta vez é algo inaceitável. Este facto é um elogio ao seu trabalho no ressurgimento de um Leão adormecido, mas também é um fardo com terá de lidar e saber conviver. Os Sportinguistas revêm-se no seu clube e não querem vê-lo retroceder, voltar a carpir lágrimas antigas e queixumes bolorentos. Queremos todos o Sporting que o meu caro Bruno nos devolveu e esse, seja qual for o prisma que se observar, não é o que esteve em campo no final do jogo de Guimarães ou na tarde de Sábado em Alvalade. Esse é um Sporting de que não temos saudades, mas sim muito pavor. A contestação que se gerou neste fim de semana é algo que o Bruno terá de canalizar para dentro como saudável, explicável e até útil. Os adeptos são a base do clube e a base do clube não acredita que muitos dos jogadores valham apenas "aquilo", que Jorge Jesus não tenha a arte e o engenho de rapidamente colocar os atletas a fazer das suas fraquezas a força que o coletivo precisa.

Não queremos "cabeças". Queremos as "cabeças no lugar". Não queremos desculpas. Queremos apenas "desculpar" a nossa equipa. Não queremos contestar. Queremos comprovar, cada vez mais, que não estamos errados ao acreditar que seremos muito mais fortes amanhã do que somos hoje e que as pessoas que estão, são mais que capazes de levar por diante os nossos sonhos de glória. Espero ter servido de voz a muitos dos meus consócios, de espaço a ideias razoáveis e sobretudo fiel à vontade que eu e o Bruno temos de ver sempre sorrisos em Alvalade. Agradeço-lhe meu caro Presidente o tempo que me possa ter dispensado, sendo mais que garantido que estarei, sempre que me for possível em Alvalade a fazer-lhe companhia no apoio à nossa Equipa. Pois também eu tenho as minhas responsabilidades como adepto do Grande Sporting Clube de Portugal.

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

O meu direito à opinião está a ser censurado

A maior parte das pessoas que gosta de acompanhar blogs e outras redes sociais sobre o nosso futebol desconhece a "caça" ao conteúdo que Tv´s como a RTP, TVI24 ou a SportTv andam a fazer nesses mesmos espaços. E não deviam. Deve ser um assunto debatido e aberto à opinião de todas as partes. Pela minha parte considero um sinal de despotismo dos canais quererem ter muita audiência, quererem ver repercussão do conteúdo que transmitem na opinião pública, mas não estando dispostos a que “outros” façam a escolha do que deve ser partilhado. A todos os níveis é uma forma de censura e eu julgo que não podemos de deixar de lutar por qualquer que seja a liberdade de opinião, a nossa Democracia depende totalmente disso.

O processo é bastante simples. Um qualquer canal denuncia um conteúdo no facebook por infração aos direitos de autor e esta rede social é automaticamente obrigada a retirar o conteúdo, ameaçando fechar o espaço se existirem posteriores denúncias semelhantes. É preciso que fique bem claro que o debate sobre até onde deve ir o direito autoral, especialmente de conteúdos informativos está bastante avançado noutros países que consideram uma ameaça ao direito de opinião o acto de limitar ou proibir o acesso e a difusão livre de qualquer conteúdo.

A verdade é que, no dia em que forem os grupos económicos (e as TVs são parte dos mesmos) a “controlar” o que se diz e o que se pensa no nosso dia-a-dia, as nossas sociedades estão severamente ameaçadas nos seus direitos fundamentais e na manutenção de uma opinião pública protegida de propaganda, censura ou outro tipo de comportamento ditatorial. Não tenhamos ilusões, o poder financeiro, o dinheiro, o liberalismo sem respeito pelos princípios da democracia…é bem capaz de ser a parte mais visível da anunciada queda do paradigma das sociedades ocidentais.

Recentemente vi dois vídeos retirados desta página de facebook, tão pouco é relevante o tipo de conteúdo que exibiam, mas é absurdamente relevante que a minha vontade de “falar sobre eles” ou usá-los para fundamentar uma opinião me tenha sido negada, tão somente porque a TVI24 achou um atropelo ao seu direito de autor do programa “Prolongamento”. Acho ridículo e ofensivo que as leis do meu país, a constituição que regula o meu dia-a-dia não proteja o meu uso de um conteúdo informativo já difundido e não defenda o meu direito a emitir opinião. Que o senhor Zuckerberg cumpra as leis da Irlanda quantos aos direitos de autor até compreendo, o que já acho estranho é a atitude da TVI (neste caso) que entendo como uma péssima falta de respeito pela minha cidadania.

Posso até garantir-vos que a censura aos conteúdos realizada pelos vários canais de tv estão a incidir particularmente sobre quem critica negativamente a qualidade e utilidade de alguns dos seus programas e de alguns dos conteúdos que exibem. Posso garantir-vos também que os adeptos sportinguistas, responsáveis por páginas semelhantes a esta, estão a ser alvo de uma perseguição online a este tipo de vídeos, usando o argumento dos “direitos de autor” para calarem a desmontagem da propaganda mascarada de informação e debate, uma das ferramentas mais funcionais e estratégicas usadas pelo “cartel de paineleiros” benfiquista. 

Se isto não é o suficiente para cidadãos, como eu sou, se juntarem para defenderem os seus direitos fundamentais, constitucionais, livres e democráticos, então não sei para que exerço o meu direito de voto, pois os meus governantes preferem os direitos de autor de 10 segundos do senhor Pedro Guerra a injuriar um responsável do meu clube à minha liberdade de o criticar. No caso da RTP o caso será ainda mais grave, pois o serviço público pelos vistos não acolhe a liberdade de um contribuinte poder usar conteúdos que pagou para serem produzidos.

Façam o favor de usar a caixa de comentários para emitirem a vossa opinião e sobretudo reflectir nos passos que podemos e devemos dar para lutar contra esta “ditadura”. Convido-vos também a partilhar o post, para que a minha mensagem e convite possa chegar ao maior número de possas, não só Sportinguistas, pois hoje somos nós, amanhã podem ser quaisquer outros cidadãos que se atrevam a manifestar-se contra o tal “sagrado conteúdo” televisivo. 

terça-feira, 18 de outubro de 2016

É a ética, estúpido!

Depois de saber do artigo do CM que a PJ fez buscas na SAD do Benfica para averiguar quanto gastava o clube nos vouchers oferecidos aos árbitros fiquei ainda mais perturbado com a estupidez da nossa FPF e a sua incompetência para entender o que está em causa em todo este assunto. Não sei qual é o QI dos responsáveis da mais alta instância do nosso futebol, mas das duas, uma: ou são burros e não entendem que a polémica nunca foi se o valor ultrapassava o regulamento (que convém lembrar que não existe de forma formal) ou são escroques ao ponto de se refugiar nos legalismos para encobrir a sua incapacidade para intervir numa solução eficaz que prime pela jurisprudência necessária.

O caso dos Vouchers é uma questão ética. Ponto final. Tão pouco interessa se será menos 10 euros que a instrução da UEFA ou menos 10 que a mesma. Assusta-me aliás que a FPF, depois de passado o tempo da mediática disputa argumentativa, não tenha inscrito novas regras para impedir que este procedimento acabe de uma vez por todas e por mais que entenda algum período de reflexão, não posso deixar de ficar com a certeza de que nada será feito para não vir a expor a acção do Benfica  (mesmo sem qualquer retroactividade) como…errada. Mais, o verdadeiro sintoma de que todo este assunto tresanda a inépcia do dirigismo é o facto de que 1) O Benfica nunca publicitou quer internamente, quer externamente que oferecia vouchers aos árbitros e observadores 2) Muitos árbitros e observadores nunca relataram a oferta, como lhes é imposto pelos regulamentos 3) O próprio dirigente máximo do Conselho de Arbitragem (à altura) disse desconhecer essas ofertas 4) A FPF e a Liga viram-se obrigadas a levantar um inquérito para fingir que se interessavam pelo esclarecimento do assunto, quando não mais fizeram que o tentar justificar e menorizar.

Mais uma vez, Liga, FPF, APAF e Governo perderam uma boa oportunidade para tornar o futebol português mais transparente, mais impoluto, mais eticamente sólido, preferindo entender tudo como uma disputa entre clubes, uma verificação de números e regulamentos, um “fait diver” mediático. Escapou-lhes completamente que nada resolveram e que todas as dúvidas morais permanecem nas cabeças dos adeptos que observam um pouco mais do que a bola, um pouco mais que as marcas das chuteiras dos jogadores. Se eu na minha actividade profissional aceitar nem que seja um euro de um dos clientes da minha empresa, posso ter garantida uma má prática e uma reprimenda imediata por parte dos meus superiores. Em causa não estará o valor, a vantagem ou a legalidade do acto, mas sim o porquê da oferta e o porquê da aceitação. As perguntas serão as mesmas em qualquer parte do mundo e em qualquer que seja o sector de actividade. Read my lips: É uma questão ética! Enquanto os dirigentes do nosso futebol não entenderem isto ou fazerem de conta de que não entendem…isso será mais do que prova que não estão à altura dos cargos que ocupam, mas estarão, sem dúvida alguma, à altura do atraso que mantêm com outras competições espalhadas pelo mundo. As tais que tanto citam como exemplo, mas que nunca lhes seguem “os exemplos”.


SL

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Stupid Brother is watching you

Pode parecer inacreditável, mas há cada vez mais responsáveis pela comunicação benfiquista a ler, compendiar e a usar como justificação para os argumentos que querem...as redes sociais de sportinguistas que, chamemos-lhes assim, gostariam de ver BdC fora do Sporting.

Isto não é só uma prova de falência de argumentos e falta de honestidade...é pura estupidez. Assim de repente lembro-me de algumas razões:

1 - A "oposição" a BdC não está preocupada com a veracidade da informação que veicula, pois fá-lo de forma informal e, não oficial.

2 - A informação que, muitas vezes inventa, nasce com um preconceito e a maior parte das vezes exagera ao ponto de destruir alguma validade na argumentação.

3 - A motivação da comunicação só faz sentido entre sportinguistas, sendo particularmente asqueroso que adeptos de outras cores retirem "dados" úteis dessa intimidade relativa.

4 - A partilha de "factos" é realizada, na esmagadora maioria das vezes, por perfis falsos e nicknames, ou seja, de forma anónima e só isso deveria servir de desincentivo para qualquer uso que transcenda a mera "conversa de tasca".

Portanto, a próxima vez que ouvirem ou verem na TV pessoas como Pedro Guerra, André Ventura ou outro avençado qualquer da comunicação encarnada a regurgitar "inside information" do Sporting já sabem onde a foram buscar e já podem calcular o grau veracidade do que estão a dizer.

SL

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Treinador Português - verdades e mitos

Com o abandono de Julio Velasquez do Belenenses e a sua substituição por Q.Machado, na I Liga sobra apenas o treinador do Estoril e Boavista como únicos não Portugueses. As experiências com treinadores fora do nosso mapa competitivo (e o Boliviano quase que é mesmo da “casa”) são cada vez mais votadas ao insucesso. Existem muitas razões para que tal aconteça e algumas delas são motivo de grande orgulho, pois espelham o sobretudo uma competência táctica e uma resiliência feroz em construir algo com zero. 
Mas confesso que torço o nariz ao discurso da superioridade dos técnicos lusos quando se sai do enquadramento da nossa Liga. Primeiro porque no futebol global e sobretudo no mercado global há cada vez menos diferenças entre treinadores, venham eles de Portugal, Holanda, Eslovénia ou Islândia. Isso seria o mesmo que dizer que a Seleção Nacional ou a Francesa são “africanas” só porque têm bastantes jogadores oriundos desse continente. Cedric e Adrien serão “alemães” ou “franceses”? Se “culparmos” o nosso espaço competitivo e não a nacionalidade estaremos mais próximos da verdade. Mas o que faz com que a nossa Liga “forme” treinadores tão qualificados, e os “estrangeiros” tão destinados a curtas experiências?

1/ O treinador português tolera melhor a falta de recursos, incompetência e desorganização das estruturas directivas.
2/ A língua ainda é uma vertente importante, a maioria dos jogadores estrangeiros é latino-americana o que dificulta bastante a chegada de treinadores de outras origens que não entendam Português ou Espanhol. Além do mais, ao contrário de outras realidades, no futebol português o domínio da língua inglesa não permite que seja usada como ferramenta de comunicação universal.
3/ O salário médio de um treinador da I Liga não é atractivo e é muito inferior ao de Ligas muito inferiores como a Suíça ou Escocesa, Grega ou Turca.
4/ Os treinadores estrangeiros que têm chegado a Portugal nas últimas épocas, estão desenquadrados de projecto e sustentação curricular, sem apoio suplementar ou experiência de nota…caem verdes no chão ainda antes de conseguirem dizer “Isto é falta?!”
5/ A maioria dos dirigentes dos nossos clubes não tem habilidade ou conhecimento para fazer uma aposta justificável num treinador estrangeiro ou sequer a vontade de pagar pela competência se a existir.
6/ A vontade da maioria dos clubes da I e II Liga é recrutar um treinador que já possua uma boa noção do mercado de jogadores internos, pois muitas vezes são eles que vão usar os seus conhecimentos junto dos restantes emblemas ou empresários para assegurar reforços.
7/ Tacticamente a I Liga e a II Liga não são tão evolvidas como se apregoa, a questão prende-se muito mais com o aperfeiçoamento de uma forma de jogar. A diferença entre jogar em casa e fora é enorme e existem 4 disposições convencionais: jogar em casa, jogar em casa contra um clube grande, jogar fora e jogar fora contra um grande. Dominar estas nuances pode parecer básico e de bom-senso…mas não é assim tão simples. A esmagadora maioria das equipas só conheçe dois modelos de comportamento: contra-ataque puro e contra-ataque com tentativa de controlo da posse de bola. A diferença é mínima e é aqui que os treinadores de fora se espalham ao comprido. Muitas vezes sem jogadores com mentalidade para fazer pressing, colocar uma equipa em ataque continuado é abrir o jogo e libertar espaços para um contra-ataque bem sustentado e as equipas mais “pequenas” dificilmente conseguem contrariar a tendência para defender bem e depois logo se vê. O treinador português trabalha primeiro para o zero-zero e só garantido esse pressuposto, esse equilíbrio no jogo é que se atreve a outros desígnios…somos uma espécie de Calccio, mas com jogadores menos evoluídos.
8/ Por último, talvez uma dos aspectos mais importantes. O treinador em Portugal sabe fazer “formação”, sabe adaptar um jogador a uma nova posição, sabe corrigir-lhe defeitos tácticos e técnicos, sabe trabalhar a envolvente física e sobretudo mental. Esta super valência, este homem dos 7 instrumentos acaba por ter uma visão muito abrangente do treino e do jogo, estando mais apto a sobreviver no caos e a retirar mais do que seria suposto de um conjunto de jogadores.

A prova dos 9 é sempre a experiência noutras ligas mais competitivas. Mourinho e Jardim são casos de sucesso comprovados, Paulo Sousa, Carlos Carvalhal e Paulo Fonseca vamos ver, mas Vitor Pereira, Paulo Bento e Villas Boas não provaram nada que se possa definir como um “case-study” de méritos acima da média ou acima de qualquer outra nacionalidade. Uma coisa é certa, Mourinho só existe mesmo um e mesmo a atravessar um longo período de “seca” de títulos convém lembrar que os desafios que aceita estão ao nível dos mais árduos do futebol Mundial. É que ser campeão no Olympiakos na Grécia ou garantir a Liga Europa com o plantel da Fiorentina não são proezas capazes de garantir que o “Jouzei” terá sucessores à sua dimensão tão cedo.

SL

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Oficialmente desonestos

O comunicado que saiu hoje do Benfica (sobre as polémicas entre SLB e SCP) é todo um menu de hipocrisia, mentira e "faz de conta". Sinceramente podiam ter estado calados. Isso sim seria mais honesto.

SL

terça-feira, 4 de outubro de 2016

Facilidades

A facilidade com que os jogadores do Benfica são eleitos para representar a Selecção Nacional A é para além de sempre surpreendente, um sinal visível de que a FPF é facilmente maniatada, ao ponto de um empresário conseguir fazer todos as linhas e bingos que são possíveis e impossíveis na hora de ver os seus agenciados supervalorizados. Ninguém negará que Nélson Semedo é um razoável jogador, mas sinceramente nos jogos em que o jogador foi verdadeiramente testado, falhou. O que de certa forma é normal, a sua idade e a quantidade de jogos a titular é ainda diminuta…o que é grave é que seja chamado “apesar” do pouco que tem provado. 

É que se ser jovem e actuar a espaços num clube grande (apesar das fracas exibições em jogos mais difíceis) forem as únicas condições para se ser chamado à selecção principal, fico sem saber o porquê de Ruben Semedo ainda não ter sido convocado. É que na minha opinião tanto Geraldes (Setúbal) como B.Gaspar (Guimarães) ou até Ricardo (Nice) seriam convocatórias mais justas (reparem que escolhi 3 jogadores que ainda mantêm relações contratuais com os 3 grandes, já para não parecer uma opinião afectada por clubite).


SL

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Recuperar

3 pontos de atraso. Uma oportunidade de ouro desaproveitada. O Sporting, findo o fim-de-semana, acabou um ciclo na Liga Portuguesa onde literalmente desperdiçou 5 pontos para ambos os rivais e mais do que isso não soube aproveitar uma fase mais difícil percorrida pelos seus adversários na disputa do título. O Benfica pela elevada ocorrência de lesões, o Porto pelas más exibições, ambos tiveram algumas dificuldades, mas o Sporting não soube estar à altura para rentabilizar tudo isso em vantagem pontual. Podia e devia tê-lo feito. E basta olhar para os números para entender onde esteve o problema. Sofremos muitos golos e fica só um exemplo: 3 golos do Rio Ave, 3 golos do Guimarães. Nenhum destes emblemas jogou o suficiente para nos marcar 3 golos e ambos tiveram uma taxa de sucesso absurda, coincidência? Não.
O maior dos problemas não penso vir dos centrais, embora não estejam isentos de algumas culpas, mas sim das laterais. Quer em Vila do Conde, quer em Guimarães a fragilidade das nossas alas foi...total. Bruno César, Marvin, Schelotto...todos sistematicamente expostos a uma inabilidade crónica em controlar os extremos adversários tornado fácil a táctica para nos provocar dificuldades - é meter na ala e esperar belo centro na área...a sucessão de vezes que isto acontece aumenta o número de probabilidades de marcar, e qualquer clube frente a um grande faz por aproveitar o que pode (o que normalmente é muito pouco).
Cabe agora a JJ justificar o talento que lhe é reconhecido e saber "remendar" quer animicamente, quer tacticamente a equipa, através do treino e sobretudo através de um novo discurso. O abanão foi forte e convém não justificar tudo com um "é futebol"...isso é que não.

SL