A Liga dos empresários

Olhar para as movimentações no mercado de Estoril, Rio Ave ou Gil Vicente (são os que se estão a despachar mais depressa, há outros que vão ficar com as sobras) é verdadeiramente assustador. Não sobra pedra sobre pedra. A quantidade de jogadores que entra e sai é enorme. De onde “saltam” estes rapazes? Chegam para jogar quantos anos? Saem para jogar no Uzbequistão, na Letónia, na Hungria...(!!)

Todos os clubes estão com problemas financeiros. Embora só o Sporting mereça eterno destaque, a verdade que já são poucos os clubes da I Liga que não dependem dos empresários para construir um plantel. E quando escrevo dependem é no sentido mais exacto da palavra. Para 13 dos 16 clubes no primeiro escalão, com as restrições que têm, era colocar jogadores de empresários ou juniores. Preferiram mal.

O Sporting quando foi confrontado com o mesmo tipo de problema, optou por 3 miúdos com 18 anos. O Rio Ave (só como exemplo) não podia ter feito o mesmo? Não podia ter lançado jogadores que mais tarde poderiam sustentar novas receitas? Não. O melhor mesmo é colocar em campo jogadores sem qualquer tipo de ligação ao clube, que se for preciso “apagam-se” se o empresário achar que não é conveniente que aquele clube do amigo venha a perder o jogo.

Estes clubes de empresários são aquilo que mais abomino no futebol. É por isso que embora mereça, nunca vou elogiar a prestação do Estoril ou do Rio Ave. Aquelas equipas são uma prepotência andante de Jorge Mendes e comparsas....aqueles clubes venderam literalmente as suas almas ao diabo. E vão entender melhor essa dependência quando desrespeitarem as ordem do amo, baixarem de divisão ou perderem os poucos adeptos que ainda têm.

Entenderão que descapitalizaram as suas instituições em beneficio de um usufruto efémero, de uma mentira competitiva. Quando já não fizerem falta, perceberão melhor a estupidez desta moda de servir de entreposto de jogadores.

Mas a caravana lá vai passando, atropelando todas as regras de bom-senso. A nossa Liga cada vez mais fraca. Onde a sobrevivência dos 3 grandes assenta na venda de jogadores em vez das conquistas de troféus e a dos outros nos esquemas para continuarem a disfarçar prejuízo com as receitas de uma TV cada vez menos expressiva.

Isto vai implodir um dia. Ah se vai.

SL