A frase mais certa alguma vez expressa pelo
ex-seleccionador Queirós apontava nessa direcção, admitindo que só eliminando a
“porcaria” toda da FPF é que a Selecção voltaria a estar nos grandes palcos
mundiais. Acertou no diagnóstico, errou no vaticínio. Isto porque um rapaz
chamado Mendes viria a colocar tudo o que era alguma coisa de jeito nos grandes
clubes europeus.
Os jogadores realmente saíram da “porcaria”,
mas esta ficou por cá. Ainda lá anda. Os nomes mudaram (alguns) mas a valia e
currículo é mais ou menos a mesma coisa. Saltam das Associações que nem molas
para óptimos cargos, sem saber ler nem escrever. Não saltam de qualquer
maneira...isso é que era bom...antes têm de “assinar” por baixo num sítio que
diz “declaro que irei para este cargo, não com a intenção de fazer um bom
trabalho, mas com a missão expressa de favorecer este e aquele clube”.
A grande maioria nunca irá fazer uma
declaração na imprensa, nunca irá ter a oportunidade de apertar a mão ao Paulo
Bento, nem sequer será dito nem achado numa decisão de peso...mas lá estão, à
espera do tal telefonema que lhes pedirá o favor de ser aquilo que aceitaram
ser: fantoches.
É claro que a cada brilharete da Selecção,
dentro da FPF, todos dão palmadinhas nas costas. Aquela é a prova da excelência
do seu trabalho. Mas não é.
É a excelência dos talentos que vamos criando
e rascamente fazendo crescer. É a excelência de olheiros de clubes que passam a
pente fino os parcos números de uma formação sem horizontes. É a excelência das
famílias dos jogadores que muitas vezes se substituem no acompanhamento da
evolução dos jovens atletas. É a excelência de crianças e jovens que contra
todas as dificuldades insistem num sonho que a maior parte das vezes acaba com
a sua escolaridade. São estas excelências que fazem as estatísticas do nosso
futebol.
A FPF tem muito mais dinheiro, mais estatuto
institucional e comercial. Mas a merda é a mesma. No que verdadeiramente
interessa está tudo por fazer:
-
Definições de provas seniores e de
formação ajustadas à realidade do pais e a uma competição estimulante;
-
Calendários competitivos modernos;
-
Blindagem e organização do aparelho da
justiça, disciplina e arbitragem;
-
Regularização das claques organizadas;
-
Protecção ao jogador luso e consequente
alimento da Selecções Nacionais;
-
Regularização e transparência dos
processos de transferências;
Podia continuar, mas é inútil, para
abreviar...o que é que está realmente bem feito dentro da FPF?...é que nem nos
direitos de TV (a galinha dos ovos de ouro de qualquer futebol mundial) há
trabalho que se veja.
Se passarmos para a LPF o cenário piora. A
“porcaria” já não cheira mal, é tóxica. A nossa Liga é uma espécie de Albânia,
um cantão de incompetência grosseira, onde se elegem para presidentes (só para
dar um exemplo) sócios de advogados de presidentes de clubes. Na LPF não há
vergonha nem qualquer tipo de pudor, é uma gestão diária de tensões vermelhas e
azuis, um ping-pong ad eternum entre os “amigos” do Pintinho e os “amigos” do
Orelhas. Todos são moços de recados. Todos.
A Liga Portuguesa está a cair a pique. Em
tudo. Os espectadores diminuem, os patrocinadores evaporam-se ou apostam cada
vez menos, as TVs não acedem a um monopólio dado de bandeja a uns amigos do
Pintinho, a quem os benfas retiraram a sua parte, gerindo-a agora como se fosse
um órgão de propaganda. Mário Figueiredo, essa triste figura comanda (?) uma
estrutura podre, de gente que não entendo o que é o futebol para alem da cor
que lá os colocou, que se está positivamente a cagar para as consequências dos
seus actos.
No pais dos cobardes não se pensa nos outros,
no futuro ou na evolução. A noção que a competição só tem interesse quando
equilibrada, justa e transparente escapa-se por entre os assombros de coragem
que desaparecem nos portões de entrada que todos os dias atravessam. Como tudo
no nosso pais, só vamos mudar isto quando algo de catastrófico ou traumático acontecer.
Aí levantar-se-ão as vozes magnânimes a apontar os dedos e a bradar por
mudança. As mesma vozes que não ouço agora...discutir o estado das finanças dos
benfas ou o mérito das vitórias tripeiras. As mesmas vozes que nos vão recordar
que um benfica sem dinheiro ou um porto sem “corrupção” não seriam sustentáveis.
E todos enchem o prato de “crise leonina”. A
ementa é segura e saborosa, menos consistente com esta nova direcção, mas ainda
assim suficiente para dormir seguro que o sustento anímico nunca faltará. Haverá
sempre mais “fruta” e um empréstimo obrigacionista no dia seguinte.
SL
SL
Excelente. De leitura obrigatória.
ResponderEliminarExcelente post!
ResponderEliminarA verdade é que os elogios ao Fernando Gomes chovem de todo o lado -- Jorge Gabriel, por exemplo, até o elegeu no Trio de Ataque como o dirigente do ano de 2013 (enquanto os outros dois paineleiros elegeram os respetivos presidentes). Segundo JG porque FG trouxe dignidade à FPF, o quer que isso signifique.
Só se a dignidade tem a ver com o lucro. É verdade que a FPF dá lucro. O homem consegue cachets interessantes por viagens à Zâmbia e à Suiça, patrocínios fantásticos, mas com um Cristiano Ronaldo para apresentar como cartão de visita, quem não conseguiria? A associação ao Continente (que é como quem diz a entrega da organização dos jogos ao Continente) também deu frutos, consegue encher estádios com os 50% de desconto em cartão. De resto, não vejo nada de melhor do que já havia.
De resto, a podridão das Associações continua a mesma, a bandalheira pela luta de poleiros nos órgãos que realmente têm poder é a mesma, como também não mudou a vontade de figurinhas menores em agradar a azuis ou vermelhos para poderem ser considerados em cargos de maior importância nas eleições que se seguem.
SL
O grave problema do futebol português é que...
ResponderEliminarPara esse cargos... apenas são eleitos as pessoas "com capacidade"...para assobiar para o lado...e não levantar ondas...!!
SL
jorge gabriel! quem é esta merda insignificante? não o conheço!
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