Não tenho, como adepto do Sporting, qual sentimento de inferioridade ou superioridade em relação a qualquer outro emblema. Acho que ser do Sporting é a melhor opção, mas isso é puramente pessoal e completamente desprovido de qualquer consideração racional. Respeito quem escolhe apoiar o Porto ou o Benfica, como respeito quem escolhe algum tipo de crença religiosa ou sexualidade.
Apesar disso, acho que tanto Benfica como Porto fizeram por merecer que, institucionalmente, o Sporting tivesse cortado relações institucionais com os mesmos. Estas tomadas de decisão por parte do nosso clube, tiveram uma razão e não deve ser esquecida até que seja, de alguma forma, reparada.
No momento em que saltam para páginas de jornais notas de um possível reatamento de diálogo "institucional" entre Sporting e Porto, considero ser útil relembrar o comunicado que esteve na origem do corte de relações:
"A Direcção do Sporting Clube de Portugal e a Administração da Sporting SAD sempre afirmaram que no âmbito dos cargos para que foram eleitos e das funções para que estão mandatados, pretendem manter relações institucionais com todos os clubes e com eles trabalhar em prol do bem comum, o desporto nacional.
Foi sempre deixado bem claro que nunca seriam toleradas posições de subserviência relativamente a nada, nem a ninguém. Foi igualmente reafirmado inúmeras vezes que todos aqueles que se relacionam ou queiram relacionar com o Sporting Clube de Portugal terão que o fazer numa base de entendimento, assente no respeito mútuo.
No passado dia 2 de Junho de 2013, nos momentos que antecederam a final da Taça de Portugal, em Andebol, no Pavilhão de Tavira, os responsáveis da organização promoveram um encontro institucional de apresentação de cumprimentos entre os membros das Direcções do Sporting Clube de Portugal, representado pelo seu Presidente Bruno de Carvalho e do Futebol Clube do Porto, pelo vice-presidente Adelino Caldeira.
Naquele encontro, quando o Presidente do Sporting Clube de Portugal, no âmbito institucional e por normais princípios de urbanidade se preparava para cumprimentar o representante máximo da delegação adversária, este assumiu uma conduta inqualificável de total desrespeito pela instituição Sporting Clube de Portugal, com cenas lamentáveis que de imediato mereceram o devido repúdio e uma resposta cabal por parte dos dirigentes do Sporting Clube de Portugal.
Face aos graves acontecimentos ocorridos, que se traduziram num total desrespeito pela Instituição Sporting Clube de Portugal e após ter decorrido o tempo suficiente para que os dirigentes do Futebol Clube do Porto se demarcassem e retratassem da inqualificável conduta do seu representante, vem a Direcção do Sporting Clube de Portugal comunicar que suspende todas as relações institucionais com o Futebol Clube do Porto até que fique claro o seu efectivo respeito pela nossa Instituição, e sua efectiva vontade de estabelecer relações normais e de respeito pela Instituição Sporting Clube de Portugal.
Lisboa, 05 Junho de 2013
A Direcção do Sporting Clube de Portugal"
Já depois deste corte de relações, houve alguns acontecimentos que convém ter bem registados:
- O processo da equipa de ciclismo W52 ;
- As contratações de Marega, Danilo e Sá ao Marítimo e Suk ao Setúbal;
- O desvio de Moreto Cassamá, Idrisa Sambé e Braima Candé da formação leonina;
- A ultrapassagem feita no resgate de João Teixeira ao Liverpool;
- O atraso na Taça da Liga, o tal do "dolo sem intenção";
- O desvio de Rui Silva no andebol;
- A queixa do Porto por suposta coação sobre árbitros pelo Sporting/Movimento Basta;
- O apoio a Luis Duque para assumir a presidência da Liga.
Enfim, haverá mais...mas não devem ser esquecidos. E não tendo especial preocupação nas consequência destes "ataques" ou "desrespeitos" a verdade é que foram feitos e todos sabemos que na maioria dos casos a grande motivação foi mesmo causar dano desportivo e reputacional à nossa direcção. Ou seja, mais do que a gravidade da acção em si, foi a motivação que se tornou claramente ofensiva.
Mas, no futebol, como amplo campo de estratégias, as amizades e as inimizades devem ser geridas com foco máximo na vantagem do clube e não nas emoções pessoais de quem os comanda. Tal como BdC disse em tempos "aturo um filha da mãe durante 100 anos se isso for vantajoso ao Sporting" e embora contra-natura a qualquer gestão pessoal de qualquer relação, a verdade é que admito um reatar de relações institucionais desde que garantida alguma manifestação privada ou pública de assunção de erro por parte do Porto e, ainda mais importante, uma igual posição de respeito garantida para o presente e futuro.
Ainda será cedo para antever qualquer concertação entre os dois emblemas e qual o objetivo dessa pacificação, mas fica a minha opinião sobre a matéria.
SL