A sensação que fico depois de ver o jogo de ontem em Dortmund é muito semelhante à que tenho tido no final dos últimos jogos do Sporting. Exasperação. O Sporting, contrariamente ao que os marcadores têm “dito” não é uma equipa desorganizada, nota-se disciplina quer nas movimentações quer nos posicionamentos, esse trabalho ainda não caiu por terra e notou-se ontem que mesmo introduzindo um esquema táctico diferente e nunca testado em qualquer tipo de jogo…não houve caos e por vezes até foi visível alguma clarividência em articular as peças, mesmo que posicionadas de forma distinta e com diferentes funções no relvado.
O maior problema é a definição das jogadas. O último passe, a derradeira demarcação, a espontaneidade no remate, a concretização (seja na escolha ou na posição de onde se remata).
Um sintoma do que estou a falar é bem visível na capacidade das defesas contrárias (sejam Dormunds ou Tondelas) em controlar o ataque leonino raramente recorrendo à falta especialmente em zonas próximas às suas áreas defensivas. Este é um sinal, mais do que evidente de que às defesas contrárias basta, na esmagadora maioria dos casos, acompanhar as movimentações, diminuindo linhas de passe…e o resto é deixar o tempo passar, deixando as sucessivas "ondas baterem contra as rochas”, perdendo assertividade e discernimento conforme o relógio avança. O Sporting actual não “mata” e logo…morre sucessivamente na praia, no campo, na cidade, vai morrendo conforme as oportunidades são desaproveitadas e muitas das vezes com 15 ou 20 minutos sem um remate à baliza. No futebol esta “doença” chamada falta de confiança para concretizar volume ofensivo de jogo é considerada grave e muitas das vezes o remédio depende pouco dos paliativos administrados por tácticas ou mudanças de jogadores.
O actual síndrome de que padece esta equipa pode muito bem já ter atirado o clube para a Liga Europa (onde precisamos de não perder com o Légia, pois já têm 1 ponto) sendo que o apuramento para a LC dependerá de vencer o Real Madrid e rezar para que este perca em casa com o Dortmund, indo nós também vencer a Varsóvia. Não é impossível, mas se formos realistas e olhando para o que produzimos no momento em campo…é mais seguro contar com as dificuldades em levar de vencida o actual campeão europeu, que não vai deslocar-se a Alvalade com a descontração que evidenciou na Polónia. A Liga portuguesa é outra conversa. Os 6 pontos perdidos parecem ser complicados de recuperar, não porque os adversários façam grandes brilharetes e se mostrem tão fortes que não venham a desperdiçar pontos…mas sim porque nós mostramos problemas suficientes para nos “coçarmos” bastante nos próximos 6 ou 7 jogos.
Para mim é evidente que o mais importante para o meu clube é começar a marcar golos e a vencer jogos, iniciando uma rotina vencedora e especialmente regressando ao hábito de amealhar 3 pontos de forma normal e sem perturbações de monta. E se é verdade que este cenário é a receita mais óbvia e primária, não deixa de ser real que talvez exista muito trabalho a fazer para que não dependamos de uma súbita carambola de erros adversários. Quem vê futebol há alguns anos, sabe que o pior para um clube grande é chegar a um ponto onde os adversários lhe “cheiram” o receio de perder pontos e avançam para as partidas com a ideia de que existem mais probabilidades de pontuar que o normal. O que se pode fazer para aproximar a equipa da porta de saída desta crise de resultados? Essa é a pergunta que deve pairar há semanas na cabeça de JJ e não devendo arrogar a saber mais do que um treinador tri-campeão, tenho cérebro e não ficarei a dever nada a ninguém se adiantar que (para mim) é claro que há muito trabalho motivacional a fazer e demasiados jogadores muito abaixo do que sabem fazer. São problemas solúveis, bastando que a teimosia permita ajuda no trabalho mental dos atletas e a procura no plantel (e até fora dele) de alternativas aos titulares. Envolve risco? Sim. Mas olhando para os resultados, o risco maior é mesmo o de deixar a bola de neve rolar.
SL
"São problemas solúveis, bastando que a teimosia permita ajuda no trabalho mental dos atletas e a procura no plantel (e até fora dele) de alternativas aos titulares. Envolve risco? Sim. Mas olhando para os resultados, o risco maior é mesmo o de deixar a bola de neve rolar."
ResponderEliminarJá eu vejo falhas no entrosamento de alguns atletas, melhoras no capitulo físico de outros e consequentemente a qualidade irá melhorar. Mas isto sou eu que provavelmente não tenho cérebro!
Incrível como o Jorge passa, neste blogue, de génio, a besta em apenas alguns meses.
With all due respect, leio o texto e não vejo onde é que o Javs justifica a tua última frase RG
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