terça-feira, 18 de novembro de 2014

Notas

Antes da eleição de Bruno de Carvalho as grandes preocupações dos Sportinguistas podiam ser definidas no seguinte rol:

-       O endividamento do clube e a asfixia completa em termos de tesouraria;
-       A criação de um modelo desportivo que juntasse a uma base vinda da formação a detecção de valores extra para formar equipas com capacidade de disputar títulos
-       A adaptação comercial e tecnológica de uma estrutura pesada e ineficiente com fortes discrepâncias salariais e funcionais
-       As alianças com rivais sem proveitos palpáveis
-       A perda de influência politica e espaço mediático no futebol português
-       A corrupção efectiva da arbitragem
-       A manutenção do clube como uma superestrutura eclética
-       Uma maior participação dos sócios na vida activa do clube
-       Aumento do número de associados pagantes

Para facilitar o raciocínio vamos lá chamar os bois com nomes mais práticos:

-       Banca
-       Equipa
-       Academia
-       Recursos Humanos
-       Alianças
-       Arbitragem
-       Ecletismo
-       Sócios

Ora, olhando assim e vendo o que já foi feito por esta direcção será aceitável por todos os quadrantes de adeptos do clube que:

-       Banca – Numa altura em que já todos se “desculpam” com apertos financeiros, o Sporting virou o disco, mas não tocou o mesmo. Acima de tudo houve racionalidade na construção dos orçamentos e apenas isso facilitou que este tema começasse lentamente a sair do “top of mind” das conversas sobre o Sporting, voltámos a falar de jogadores, treinadores, vitórias e derrotas, ou seja voltámos ao normal. A reestruturação financeira que tantos invejam, mas que foi talvez apenas uma unha antes da derrocada do sistema bancário, pode ser mais aliado do que força de bloqueio. Ainda assim, os bancos deixaram de ser “inimigos” do Sporting, isso é uma nota positiva.
-       Equipa -  Avaliando uma época completa e um quarto da actual o que se pode notar é um aumento de competitividade enorme. Pela primeira vez em muitos anos deixámos um rival atrás de nós e valorizámos tremendamente os activos da equipa. Voltámos a vender jogadores por preços de mercado normais e a eleger bons treinadores para comandar a equipa. Há necessidade de melhorar a pontuação (mais do que a qualidade de jogo) neste ano, mas o ponto a melhorar parece ser a clarificação de responsabilidades e influência dos dirigentes e da equipa técnica. Marco Silva é um excelente treinador que merece protecção e resguardo, merece ser tratado como se de um Mourinho ou Capello se tratasse...a sua calma e ponderação não devem ser entendidos como falta de pulso ou ordem no plantel. Mas regra geral existe mais exigência, mais assertividade e muito maior competência. As renovações com os bons jogadores são o próximo passo a dar, sendo que muito desse trabalho tem sido feito sem mácula, sobretudo no jogadores “da casa”. Nota positiva
-       Academia – Apesar das satisfações dadas por BdC na última “Hora do Presidente”, na minha opinião, e valendo esta muito pouco (não sou um expert), este tem sido o calcanhar de Aquiles desta gestão. Não é pelo facto de “se mexer muito”, mas pelo simples facto de estarmos a “mexer” sem rumo aparente. Um líder estrutural, um coordenador técnico, uma equipa estável de treinadores especializados em formação, pessoal de apoio experiente e com fortes aptidões pedagógicas, não se precisa de mais, mas não se dispensa de menos. Não é fácil, não saem Ronaldos a cada ano, mas convém que saiam aqui e ali bons produtos para a equipa principal. Convém também que não deixemos sair os “bons” para os rivais, sabendo que isso depende muito mais da promessa de qualidade da Academia no trabalho com os pais (numa primeira fase) e com os empresários (na fase final). Aqui, nota negativa.
-       Recursos Humanos – Fazer despedimentos colectivos não é um facto agradável, mas pode ser em alguns casos o mais correcto a fazer. Esta direcção não “acertou em todas”, mas quando centenas de pessoas (e muitas delas dedicadíssimas ao clube durante mais de uma década) abandonam uma empresa ou clube, vão ser cometidos erros de julgamento em algumas, às vezes pelo simples facto de estarem no departamento errado à hora errada. Entendeu-se que houve a intenção de rejuvenescer os quadros e livrar o clube de muitos luxos salariais acumulados ao longo de sucessivos mandatos. Houve provavelmente quem ganhasse bem e o merecesse, mas na hora do “corte” prevaleceu a necessidade de poupança imediata. Ainda é cedo para fazer julgamentos quanto ao sucesso de uma nova politica de gestão de recursos humanos não competitivos, mas há sinais claros de maior actividade em muitas áreas do clube. Nota positiva mas ainda muito prévia.
-       Alianças – Os sportinguistas quiseram-no e a direcção executou na perfeição. Acabou-se. Hoje somos apenas nós, pensamos e agimos pela nossa vontade em nosso beneficio. Com tudo o que isso implica, tivemos a coragem de enfrentar os nossos rivais olhos nos olhos...e eu sei que isso implica muito mais trabalho e tomates do que muitos podem pensar. O mundo não é das Floribelas nem nascem arco-íris por detrás de cada montanha quando se vai de encontro às paredes do futebol português. Nota positiva.
-       Arbitragem – Das duas uma: ou aceitamos o que nos querem dar ou desafiamos o sistema. Esta direcção optou pela segunda. Fê-lo bem. Até porque ser “disciplinado” neste capítulo é o mesmo do que ser assaltado em plena luz do dia e achar que isso pertence a uma normalidade aceitável. Não é. Os árbitros devem-nos o respeito e isenção máximos. Somos como qualquer outro clube e merecemos o mesmo que qualquer outro clube. Não é essa a realidade, mas o caminho que tem sido desenhado por BdC tem sabido oscilar entre o dialogo e a “pedrada”...e não sendo o perfeito é o mais apropriado dentro do nosso contexto. Nota positiva.
-       Ecletismo – Com esta Direcção e sobretudo com o trunfo enorme da Missão Pavilhão, a verdade é que muitas modalidades renasceram das cinzas e não me admiraria que algumas já este ano ou no próximo conquistassem títulos. A mensagem de orgulho e vontade de vencer de BdC teve sucesso e respira-se outra confiança e convicção dentro de muitas secções e muitos departamentos técnicos. Nota positiva.
-       Sócios – Pode até parecer fácil, mas reerguer o Sporting é uma tarefa de Hércules. Demasiados anos sem vitórias, um envelhecimento visível da base de apoio, duas décadas de mercantilismo liberal em que os sócios eram “empecilhos” passaram uma factura gigante a esta direcção. Lentamente e com muita paciência, quase de grande insucesso a pequeno insucesso, a massa associativa vai despertando. Os sportinguistas deixaram de ser comentadores do que os rivais faziam, deixaram de desvalorizar o seu próprio clube e regressaram a Alvalade, pouco, mas regressaram. Isso é devido a um maior envolvimento, uma maior preocupação com o que os sócios anseiam. Isso é provocado por uma politica de comunicação mais dinâmica e focada. As redes sociais são um exemplo, a bilhética é outro, faltam apenas uma grande conquista, para pôr o motor a carburar como já esteve...os leões estão lá, ainda bastante sedados e descrentes, mas estão lá. A activação dos núcleos é o próximo passo desejável. Nota positiva.

Atenção que isto é apenas uma avaliação, sem compromisso com “agendas” de ninguém. Este blog não é a bíblia, nem sou apóstolo de nenhuma “verdade”. Quem quiser debater, debate, quem não gostar põe na borda do prato. Agradar...só ao meu sentido sportinguista, mais nada.


SL

4 comentários:

  1. É mesmo assim, continua a escrever o que achas sem nenhum tipo de pressão. O SCP é o que realmente importa. Temos que ter um clube forte, respeitado, mas ao mesmo tempo isento e idóneo.

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  2. a melhor postada que aqui foi escrita no último ano, sem prejuízo de (algumas) discordâncias que agora não tenho tempo para escrever

    mais logo se tiver tempo venho ao debate

    mas assim, ok, dá para discutir

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