terça-feira, 13 de março de 2018

Gabinetes de Crise e para onde devem ir

O que é um gabinete de crise? Podem achar que é uma estrutura definida numa determinada organização, selecionando pessoas com entendimento de uma determinada problemática, para, juntos resolverem um determinado problema.
Pois bem, o gabinete de crise anunciado, entre muitos gafanhotos por essa figura estadística do futebol português Luis Filipe Vieira não quer resolver absolutamente nada.
Poderia ser um acto de contrição do clube e uma sapiente forma de dar tranquilidade aos adeptos encarnados, definir uma task force para avaliar, auditar e punir todos os que actuando formalmente ou informalmente em representação do clube, tivessem infringido leis, procedimentos ou regras éticas no nosso desporto. Podia até ser um grupo de pessoas que criasse por missão o esclarecimento e defesa de todas as condutas que o Benfica é acusado, quer fazendo sessões de debate com a imprensa, quer usando as redes sociais para igual plataforma com os adeptos.
Mas não. Esse clube não é, de todo, o Benfica actual. Lamento eu e todas as pessoas que amam os valores do desporto, mas o clube da Luz, é neste momento um emblema que apenas conhece dois tipos de expediente: a trapaça e a mentira. Se a trapaça não corre bem, mente-se. Se a mentira não cola, encontra-se nova trapaça. É apenas isto, um roll over de factos inventados, spin e calúnias que escondem golpadas. Golpadas que escondem silêncios comprados e sonoras mentiras.
Este gabinete de crise é, este sim, um insulto à regra mais básica e essencial da nossa democracia: a liberdade de expressão e de informação. Este sim é um acto que ERC e Sindicatos de Imprensa ou Jornalistas deveriam acusar, rasgando as vestes dramaticamente em plena companhia da memória ofendida de Eusébio da Silva Ferreira. Este sim, seria um caso para gritar Ipirangas do alto da legitimidade democrática para o fazer. Infelizmente e paradoxalmente, não há sinais de vida por parte dos nossos "bastiões de liberdade" e o tal gabinete de crise poderá cumprir, sobre passadeira vermelha, aquilo para que foi criado: a ameaça plena e vil aos meios de comunicação social, às redes sociais, a todos os que ousarem dizer a verdade sobre a mil uma noites de orgias que tiveram lugar nestes anos pelas terras de Carnide.
E porque ameaçam? Porque temem a opinião pública? Porque temem o ruído junto dos patrocinadores? Porque temem a imagem de badalhos agora perfeitamente ilustrada? Porque temem a reacção dos adeptos quando somada à derrota desportiva? Porque temem a falta de pujança no ataque à capacidade da Justiça? Porque temem o desfavor da classe política a mais um encobrimento absolutamente terceiromundista? Porque temem as explicações a dar a família e amigos? Porque temem a repetição de capas e capas com as suas caras ao lado de palavras como corrupção, vergonha ou podridão? Porque temem a corrosão dos negócios que fazem paralelamente ao futebol e tantas vezes à pendura dele?
Não sei a resposta. Mas sei essas perguntas todas. Sei também que um bando de advogados, bem pagos, fará tudo o que tiver de fazer para continuar a ser bem pago. Destruir o futebol ou o sabor de liberdade a ele associado é apenas uma questão de fee's. Pela destruição da inocência do futebol serão x milhões, pela perda de liberdade de expressão, serão y milhões e finalmente, pela chantagem e coacção de pessoas que apenas querem continuar a pensar e falar pela sua própria cabeça...essa até vai com desconto. Quem manda querer ser cidadão e enfrentar a cúpula do Direito privado português. Quem manda ousar questionar as duas redes mais mafiosas do nosso país, empreiteiros que governam clubes e advogados que governam, bem...tudo?
Meus caros. Sei bem o que o Benfica entende por Justiça e até calculo que saiba já o quanto custará tê-la, agora uma coisa vos posso garantir. O meu silêncio não se traduz em euros, nem a retirada dos meus direitos enquanto cidadão português é movida à base de ameaças com processos. Se tiver de ir a um qualquer tribunal, acusado de seja o que for que inventarem, irei com orgulho. Orgulho e profundo respeito pelos valores que me foram transmitidos por professores, pais, amigos e outras pessoas de bem.No dia em que temermos estes "gabinetes" mafiosos de coacção sobre as nossas liberdades, deixaremos de ser homens e seremos, enfim, apenas mais umas toupeira...ou e-toupeiras. Apenas mais uns figurantes, escravizados e robotizados para bater palmas aos Pedros Guerras e outras torturas que não quero, nem vou imaginar.
Deixo-vos apenas com uma última nota, que resume elegantemente aquilo que quero com este texto expressar:
"O gabinete de crise que vá para a puta que os pariu!"

SL

3 comentários:

  1. Tudo dito!--- E a última frase é um resumo claro e objectivo.

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  2. Não é o Benfica que está em crise. É o próprio país. Que se pode dizer de um país que não conseguiu acusar, julgar e condenar todos os criminosos do Caso Casa Pia, Apito Dourado, do BPN, da falência do BES, da "Operação Marquês", Fizz, etc. etc.?

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