segunda-feira, 24 de março de 2014

Estratégias

Olhar para a carreira da equipa de futebol do Sporting e olhar para a anterior é como ver dois clubes diferentes. Secalhar é a melhor prova de que realmente são dois clubes distintos.

A ideologia que deu base ao plantel da época passada foi muito semelhante à que está a ser aplicada pelos nossos rivais: detecção de internacionais em ascendência equilibrada com (poucas) contratações de jogadores que vão despontando na nossa Liga. Esta estratégia fazia com que o Sporting tivesse um plantel bastante caro, estupidamente caro para as nossas receitas.

Aliás esta "gestão" desportiva implica desempenhos mínimos na Liga dos Campeões e uma ou duas vendas chorudas no final da época - é o intervalo de verbas que não é sustentado pelas receitas internas.

O problema é que o Sporting além de não ter entrado na Champions, não entrou sequer na Liga Europa e saiu da mesma ainda na fase de grupos. As receitas de bilheteira e merchandising foram sempre miseráveis...não houve aumento de cotização e...tudo correu mal. A direcção caiu e surgiu outra que entendeu aquilo que os nossos rivais começam agora a tentar "explicar" aos seus adeptos - os grandes portugueses correm demasiados riscos financeiros. A hora é mesmo de amealhar.

A falta de partners financeiros, mais do que vontade em mudar o chip de construção de plantéis levou a que tripas e benfas tivessem começado a olhar com atenção ao que BdC e restante direcção julgou mais acertado para combater as dificuldades: mais contratações caseiras, mais aposta na formação, um patamar de aposta em jogadores com valor de mercado muito mais baixo.

Na última abertura de mercado, já não houve compras, mas sim vendas e dispensas, estando por provar uma mudança de plano ou apenas um intervalo fortuito. É bom considerar que se o Sporting provou que pode ser competente nesta nova abordagem, está por provar a capacidade dos rivais em conseguir resistir à tentação de não ir buscar este jogador e aquele...craques a brilhar com promessa de vendas milionárias e a reluzir de talento exorbitante.

É incerto, mas imaginando que na próxima época será JJ e Marco Silva o centro do mercado dos treinadores dos azuis e vermelhos não é de esperar grandes mudanças de quantidade de investimento, ambos os treinadores, sentem-se em que banco se sentarem - não são técnicos de "ir ao mercado", mas sim receptores do que os empresários e os scouting conseguem preparar em conjunto. É preciso milhões para isso.

No Sporting a conversa vai ser outra. A venda de William e/ou Patrício será impossível de travar e renderá o encaixe suficiente para respirar mais uma época, mas o plano é fácil de adivinhar, irá continuar, além de ser ainda mais fácil de prever a pouca vontade que Jardim terá em mexer demasiado na estrutura da equipa. Este plantel é jovem, com muita margem de progressão e o treinador do Sporting limitar-se-á a limar arestas dispendiosas como Rojo ou Capel.

Será no entanto muito curioso qual a forma empregue pelos dois rivais em relação ao Sporting. A "fuga" de Heldon foi um sintoma esporádico ou a primazia do Sporting no mercado interno? A valorização de William fará os empresários pensar 2 vezes antes de colocar um jogador num clube rival? O que vai suceder aos passes e a sua preponderância comparticipada pelos fundos? Interrogações que deverão por esta altura já estar a mexer muito com as lógicas de mercado mais conservadoras.

SL

2 comentários:

  1. Nós felizmente..."já encontrámos" o caminho...
    Os outros depois de mais "umas cabeçadas na parede"...também acabarão por aprender e quando isso acontecer...

    Teremos uma nova realidade no futebol luso...!!

    SL

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  2. É claro que há ainda um longo caminho a percorrer.
    Basta lembrar, por exemplo, que se vendermos R.Patricio ou W.Carvalho por bom dinheiro ficamos apenas com 60% desse valor. Houve muito disparate acumulado que nos vai levar muito tempo a resolver.
    Haja competência e persistência em continuar com este caminho, como modelo de futuro.

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