sexta-feira, 3 de março de 2017

Quem não se sente...

Há quem manifeste séria preocupação com o clima de ameaça e condicionamento constante sobre os árbitros. Devo dizer que me dá vontade de rir e não tenho preocupação alguma com este tema. Acima de tudo porque chegámos à hipocrisia total de chorarmos lágrimas pelos coitadinhos dos árbitros, quando os próprios são incapazes de dar um passo rumo a qualquer coisa que os defenda. Bem pelo contrário. São os primeiros a acobardar-se e a acatar as ordens dos “dirigentes”, são os primeiros a manter o status quo da arbitragem num jogo de empurra, ora mais vermelhos, ora mais azuis. São os primeiros a gritar revolta, greves e punições sempre que o nome Sporting se coloca do lado do agressor, sabendo eles muito bem que somos muito mais vezes vítimas, mas é mais fácil arranjar coragem contra quem não os “aperta”, contra quem não tem o poder de manobrar o sistema para inflingir retribuição nas suas carreiras.

Se há culpas a atribuir pelo estado de “Wild West” a que chegámos, elas vão directas aos próprios árbitros e dirigentes da arbitragem. Não se organizam, não se defendem como classe e acusam-se mutuamente de pertencerem a facções que protegem os interesses de sobretudo Porto e Benfica. Cada um sabe como chegou e as dívidas de gratidão que tem, cada um sabe a que observador deve agradar, cada um terá os padrinhos que tem nas Associações e o sistema está montado para que ninguém fique órfão de um empurrãozinho, seja para cima ou para baixo, neste jogo de faz de conta que tudo depende do mérito e da qualidade dos árbitros.

Enquanto existirem árbitros que não se indignam com as notas dos observadores que avaliam positivamente um árbitro que teve de facto uma má prestação, não há solução alguma que permita que o sistema mude. Está apenas e só nas suas mãos e pior, eles sabem-no. Sabem que não pode existir futebol sem a sua participação, têm esse poder, mas não o usam e todos nós sabemos porquê. Porque muitos sabem que têm muito a perder na hora de “limpar” o quadro de árbitros dos que não merecem lá estar. Porque muitos sabem que os “padrinhos” não vão perdoar a rebeldia. Porque sabem que se alguns esquemas vêm a público, serão humilhados e culpados por toda a opinião pública que tenderá a ter menos complacência pelo corrompido do que pelos que corromperam.

Asseguro-vos, não tenho pena alguma de nenhum árbitro e se algum teme pela sua segurança (ou familiares) que pense por alguns minutos quem tem contribuído para que seja esta a forma actual de tentar exercer pressão sobre o seu trabalho. Rapidamente chegará à conclusão de que a mão que lhe dá as migalhas é a mesma que agarra no telefone para o ameaçar às 02.00 da manhã. É que no futebol português, os cães não mordem ao dono, mas os donos fazem questão de mostrar a trela aos cães. E os nossos árbitros são cãezinhos de trela, que ladram aos outros emblemas enquanto se escondem entre as pernas de Vieira e Pinto da Costa.


SL

8 comentários:

  1. as Musas abençoaram-te, mais certeiro que isto só uma confissão de um árbitro "arrependido"... epic post

    ResponderEliminar
  2. Épico! Palmas de pé, javardeiro

    ResponderEliminar
  3. So tenho pena que nenhum jornal se lembre de publicar um texto tao elucidativo como este, que espelha bem o que e a arbitragem em Portugal.

    ResponderEliminar
  4. Para mim o mais triste é ter a certeza de que se lá fossem deitar fogo ao tasco com a família toda lá dentro...NADA mudaria no futebol.

    ResponderEliminar
  5. Merece um cantinho no jornal Sporting da semana que vem.

    ResponderEliminar
  6. Isto só muda quando 2 ou 3 dessa corja levarem no focinho. São todos maus árbitros e pior, corruptos e cobardes. Fortes com os fracos e fracos com os fortes. Esse Jorge Esquiça Lampião Ferreira é só mais um do rol.

    ResponderEliminar