Sábado 15

Há um filme que aconselho "V de Vingança" (penso que será isso...) pois aborda à la Hollywood a tensão entre as massas e as elites políticas...onde o que se supõe é sempre pouco em relação ao que se esconde.
O filme tem um build up excelente no que toca à sensação de indignação e revolta e isso é muito do que vivemos hoje em Portugal.
Hoje o Sporting passa para 2º plano. O país e as pessoas são mais importantes que um jogo.

Não sou otário. Esquerda e direita são duas faces da mesma moeda, tal e qual dois vizinhos que mandam caralhadas um ao outro, mas ninguém limpas as escadas. Se uma governa mal porque despreza 90% dos cidadãos, a outra hostiliza os 10% restantes como se fossem culpados de todos os males do mundo. Nenhum país vive bem sem os dois em pé de igualdade. Patrões e trabalhadores em barricadas iguais? Talvez sim, desta vez a asneira foi tão grande e tão estúpida que conseguiu por cães e gatos a roer os sapatos do carteiro.

O meu país, que amo de paixão e me orgulha viver, tem porém um problema. Um grave. Tem políticos de carteira profissional, fracos de formação cívica (apesar de serem na sua maioria advogados...voilá) e ainda piores na seriedade e isenção social. Portugal ainda é um daqueles países que é possível fazer uma fortuna sem ter trabalhado um dia na vida nem ter jogado em nenhum jogo de sorte. Ir para uma juventude partidária é o primeira passo de uma série de betinhos urbanos e da província que vêem nas carreiras dos pais ou dos tios, também eles partidarizados, os melhores exemplo de uma vida doce, sem tensões ou pessimismo. 

Esta canalha cedo entra para uma "escadaria" que pode desembocar num reforma vitalicia ao fim de 8 anos de parlamento, uma carreira em altos quadros de empresas públicas ou com alguma sorte e matreirice, no Governo ou melhor ainda, no Parlamento Europeu. Uns mais outros menos, são em conjunto um belo ramalhete de putas de gabinete. Sempre ávidos de subornos, favorecimentos, ascensão social e pouco trabalho (ou pensavam que os milhares de acessores e subs-de-tudo-e-de-nada servem para algo mais do que garantir que se faz o mínimo possível?)

Dia 15 de Setembro pode não servir mais do que apenas mostrarmos a nossa revolta, nós que sentimos na pele o experimentalismo europeu de medidas "criativas" que tiram dos pobres para dar aos ricos, que tira carne da tigela do cão para dar ao talhante. Nós que não temos um Relvas a angariar dinheiro para as nossas famílias, nós que não temos alternativa que senão pagar o que nos obrigam a dar.

Mas é urgente mostrar aos senhores que das vivendas em Cascais é difícil verem as dificuldades que a maioria tem. Políticos e patrões têm de entender que ser elite é uma grande responsabilidade e que é muito mais fácil ir atrás de alguém com quem nunca vais partilhar uma refeição ou ter uma conversa de elevador.

O país está a acordar.
15 de Setembro.