terça-feira, 31 de janeiro de 2017

A fechar o Mercado

Pequeno resumo do que eu (e mais ninguém) acho que pode ou poderia, suceder nas próximas horas, as últimas até ao fecho de mercado:

Guarda-redes:
Patricio não foi sondado (ainda bem) e Beto até ver resistiu a ofertas de campeonatos de fim-de-carreira. Estar lá Jug ou não é indiferente - aliás podia ser emprestado.

Defesa
Temos óptimos recursos para centrais (Coates, Semedo, Oliveira e Douglas). Talvez sejam até demais para tão poucos jogos e a sair alguém seria sempre Douglas, depois do sprint final de Oliveira...o lugar de 4º central é seu (convém não esquecer que Tobias está a perder tempo e espaço no Nacional). Infelizmente o mesmo não se pode dizer nas laterais. Com a recuperação de Schelotto, o lado direito fica um pouco mais estabilizado (na próxima época haverá mais tempo e talvez mais recursos para eleger um lateral mais competente a defender) e convém não esquecer que André Geraldes faz ambas as laterais, mas na esquerda - principalmente se Marvin sair - urge a chegada de alguém. Bruno César pode ater ser solução na maioria dos jogos caseiros, mas tanto o brasileiro como Jefferson estão muito longe das exigências do Sporting.

Meio-Campo
Com as saídas de Meli (aguarda-se também a colocação de Petrovic) e de Elias, abrem-se duas vagas. Palhinha já chegou e Francisco Geraldes cai que nem gingas na vaga do brasileiro. Sobra Gauld que não consigo entender onde irá encontrar espaço para actuar (e forçá-lo na B, é neste momento contraproducente para a valorização e crescimento do escocês). Há ainda Paulista, que fazia de todo o sentido vender ou emprestar.
Nas alas, saiu Markovic e talvez também fizesse sentido fazer regressar Campbell. Sobretudo porque o costariquenho será uma não continuação no plantel, talento tem, mas o suficiente para gastar 10 milhões e mais uns quantos de salário por época...não. Ficam B.Ruiz e Gelson e sendo que o português é intocável, o recém-eleito melhor jogador da Concacaf pode ver a sua posição ameaçada principalmente por Geraldes (que arrisco dizer ser jogador suficiente para imitar João Mário na missão de interior). Matheus é para mim uma incógnita, mas tem demasiados argumentos para ficar parado mais 6 meses. Ou sai para jogar ou fica para jogar.

Ataque
Alan pode estar de saída e Spalvis é (ainda) uma carta fora do baralho. Sobram A.Ruiz, Castaignos e Dost. O argentino está a fixar-se na posição de 10 atrás do avançado, Dost é cada vez mais o abono de família da equipa sozinho na frente. Ter Castaignos para uma eventual lesão ou castigo é na minha opinião suficiente e em caso de alguma desgraça, convém não esquecer que a equipa B tem Ronaldo Tavares e Pedro Marques, mais do que suficiente para uma eventual calamidade.

SL

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Rodar baixo ou Manter alto

Todas as épocas, os 3 grandes colocam dezenas de jogadores, pulverizando atletas pela 1ª liga, aproveitando a escassez de recursos financeiros da maioria dos clubes profissionais. Quase todos os emblemas do primeiro escalão têm 3 ou 4 atletas (alguns mais) e quase todos se conseguem assumir como elementos importantes no 11 base.

Esta forma de rentabilizar os vários atletas sob contrato é muito mais vantajosa que manter jogadores na equipa B, onde competem numa divisão inferior e com muito menos visibilidade. O Porto sempre teve uma ampla rede de clubes na sua proximidade que batiam palmas quer a jogadores quer a treinadores oriundos da esfera de influência dos azuis e brancos. O Benfica começou a fazer esse trabalho há menos tempo e sobretudo na 2ª Liga e o Sporting dá desde o ano passado os primeiros passos (com algum método pelo menos) nesta ciência de "trabalhar" os empréstimos dos seus atletas mais capazes ou mais promissores.

Muitos poderão apontar que o Sporting desde sempre emprestou jogadores e que isso não é novidade. Como referi, a diferença hoje é o método e não o empréstimo em si. Desde a formação da v2.0 das equipas B, que o Sporting vivia amarrado à ideia de que um jovem jogador que saía dos Juniores teria de fazer a transição para o futebol profissional obrigatoriamente pela equipa B, onde permaneceria até entrar na 1ª equipa ou ser emprestado (ou dispensado) caso não conseguisse a promoção. Só muito recentemente o clube percebeu que tinha a pirâmide virada ao contrário. De facto a equipa B é um patamar estratégico para adaptar jogadores ao nível senior e profissional, mas não deve impedir a progressão de dois tipos de jogadores:

a) aqueles que por excepcional qualidade e maturidade, podem transitar directamente dos juniores para a equipa principal (ex: Ronaldo, Quaresma, Figo, Patrício, etc)

b) os que, apesar da qualidade não estão ainda preparados para competir ao mais alto nível, mas que têm o suficiente capital de confiança nos responsáveis leoninos para serem testados na 1ª liga.

Para qualquer um destes exemplos, a equipa B é um espaço de redundâncias, onde irão abrandar o ritmo de crescimento, muitas das vezes até retrocedendo (principalmente no patamar da motivação e auto-confiança).

Não é por acaso que os jogadores que mais recentemente se fixaram no 11 titular do Sporting, precisaram de serem emprestados e raramente (lembro-me apenas de Gelson Martins) passaram directos da equipa B para o plantel principal.

SL

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Mais uma semana

Mais uma semana. 
Mais uma semana de “think-tank” nos opinadores sobre sobre a relatividade das distâncias pontuais face ao jogos disponíveis e qual é equação que mede a gravidade de uma toalha atirada ao chão. 
Mais uma semana de brainstorming para definir listas de excedentes, de uma Inquisição (pouco santa) que decidirá quais os mártires a emular nos Autos do mercado de Inverno. A purga ou a sangria são terapias apreciadas pelas multidões de forquilha e foice em punho e os Terreiros não foram feitos para passear ou tirar selfies. 
Mais uma semana de “wack’em all”, versão dois orifícios, com valentes marteladas a tentar acertar ora no treinador, ora no presidente. Não há muitas certezas em quem sabe bem fazer mais dano. O João Simão tinha dois amores e não sabia qual gostava mais, mas a nossa “nervosa” imprensa tem dois ódios de estimação e não sabe, não sabe mesmo, qual dos dois responsáveis máximos pelo futebol do Sporting gosta mais de enxovalhar. 
Mais uma semana para reviver a longa série de filmes-épocas de terror e suspense e decidir onde se posicionará a que decorre. “Será sem dúvida melhor que a última de Godinho, mas será pior que a maioria das do Bento?”. 
Mais uma semana de contabilidade "for experts”, com prémios Nobel da coisa a avançarem com ensaios de 300 páginas, provando que é mesmo possível rescindir com o treinador e ainda comprar bilhetes para ver a Ariana Grande. O que são 15 ou 20 milhões, na verdade? Um Ola John? Um Jimenez? "Se os outros podem comprar lixo por estes valores, não podemos nós deitá-lo fora?” 
Mais uma semana de Vaudeville de tasca, com actores do Canal Memória a puxarem de medalhas empoeiradas para criticar coisas que nem sequer sabem muito bem criticar, mas em que um “eu acho…” resolverá convincentemente.
Mais uma semana de glória para um árbitro, que verá devidamente recompensada a alcunha de Mostovoi, sem dúvida que levará o “tal” fiscal de linha para uma valente mariscada, algo que faça jus a um verdadeiro “bolo de cacos” que deu ao Sporting.
Mais uma semana sem ver luzes ao final deste interminável túnel de vento, que nos impede sequer de abrir a pestana. 

Dizem que devemos ter fé e acreditar, que a matemática e o cálculo ainda nos reservam um lugar no topo. Eu já só consigo reservar o amor que tenho pelo clube. Não me sobram mais semanas para acreditar em “milagres” e como vivo longe de Fátima, prefiro cumprir promessas em Alvalade, a promessa de “nunca te abandonar” e “estarei sempre contigo”. É que essas promessas, não se apagam com mais semanas, tragédias, golpadas de árbitros ou rumores. Mais semana, menos semana. Mais Capela, menos Ferrari. Mais Markovic, menos Petrovic…a coisa há-de mudar e nem que seja por breves semanas, sonharei com títulos, festas e glórias, como se nunca existissem árbitros, colinhos, malas ou vouchers. Mas, até lá, esta é só mais uma semana.


SL

Pão e Manteiga

Dois problemas. Um podemos resolver, o outro, não sei como se resolve. As exibições da equipa são pobres, a confiança é mínima e o stress competitivo está a bater no redline. Mas isso pode ser ultrapassado. Umas vitórias, alguns acertos no plantel, uma mudança no esquema táctico e a qualidade de alguns bons jogadores pode resolver o tal problema  nº1. Mas confesso que vendo a enormidade de erros graves dos árbitros que esta época nos retiraram pontos fundamentais fico a pensar se vale a pena resolver o primeiro problema, pois se existe equação que marca o fado do nosso clube época após época é esta: a qualidade de jogo da nossa equipa é proporcional à quantidade de erros que os árbitros cometem contra nós.
Torna-se quase um exercício de tortura auto-infligida estar a dissecar os problemas técnicos e tácticos da equipa, quando num jogo depois de estar a perder 2 vezes, nos é invalidado (grosseiramente) o golo da reviravolta, um golo que poderia elevar os níveis de confiança da equipa, manter a desvantagem pontual nos 8 pontos e sobretudo pacificar o ambiente entre os adeptos. É simplesmente inútil reflectir nas razões que nos levam a não ter manteiga, se nos roubam constantemente o pão.


SL

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Espalhados aos 4 ventos

Todos nós já perdemos pelo menos alguns minutos (alguns horas e uns poucos de doentes como eu talvez até demasiadas horas) esta época a tentar encontrar explicações para a quebra de rendimento da equipa principal de futebol, especialmente por comparação à anterior.
Poupo-vos especulações e voltas ao bilhar grande e vou direito ao que eu acho que podia melhorar e de certa forma afectou o rendimento da equipa este ano:

1/ Quem contratar e por quem
Começam a aparecer rumores que o poder dado a JJ este ano de ter mais "mão" nos jogadores poderá ser retirado e  "dizem", que pode ser substituido por um padrão de jogadores mais jovens, mais baratos e escolhidos por um quadro de decisores mais alargado. Não sei de onde vem esta informação e sinceramente, isso, pouco me importa. É um erro pré-formatar escolhas futuras. Um clube que decida só contratar um tipo de jogador (com uma certa idade, uma certa origem, um certo preço ou uma  certa morfologia física) é um clube que se apresta para desperdiçar boas oportunidades de mercado e sobretudo padronizar demasiado o seu plantel. Se há coisa que as leis da selecção natural nos ensinam é que a diversidade acrescenta mais opções de crescimento e no futebol essa regra é infinitamente valiosa. Ter experiência aliada de juventude, ter impetuosidade suportada por ponderação, ter velocidade vertiginosa contrabalançada por temporização, ter altura para dominar o jogo aéreo e ao mesmo tempo baixos centros de gravidade para dominar e driblar adversários, ter a arte de seleccionar um puto maravilha enquanto se aposta valentemente num jogador maduro e decisivo…uma equipa não é uma secção de 4 ferros a unir 11 bonecos de madeira, exactamente iguais…isso chama-se matraquilhos. Uma equipa é uma amalgama de coisas diferentes que se combinam conforme o jeitinho de um bom treinador.
Dizer que a partir da próxima época se vai mudar o paradigma de contratações é absurdo. Cada necessidade deve ter uma solução adequada ao problema e dou como exemplo a contratação de Bas Dost. Vendido Slimani, e tendo a norma de só contratar valores jovens e em ascenção, o holandês seria imediatamente descartado, desperdiçando-se o que agora vemos como a melhor contratação da época e 10 milhões de euros muitíssimo bem gastos.

Não sei quem sugeriu, quem observou e decidiu contratar os reforços desta época, mas dou até de barato que JJ tenha tido o poder que outros no mandato de BdC não tiveram na hora de decidir este ou aquele. Mas sei de uma coisa, se há alguma faceta de ineficiência reconhecida ao treinador leonino, essa é mesmo a escolha de contratações. A saga do lateral esquerdo é uma "piada" mítica no futebol português desta década e honestamente o Jorge fez por merecê-la. Isso quererá dizer que retirando a JJ a palavra final quanto a reforços se resolvem todos os problemas? Não e quem pensar que isso é verdade pouco se lembrará dos erros de casting nos tempos "pré-jorgejesuíta", que foram, diga-se, bastantes. Além do mais, convém também ter memória no sentido inverso. O Cruyff da Reboleira não errou sempre e muitas das vezes sacou coelhos de cartolas insuspeitas, fazendo entrar muitos milhões pelo mesmo caminho se costuma situar a sua magnânime teimosia. Neste ponto como no ponto anterior é muito mais saudável optar pelo equilibrio e por uma nova estrutura de scouting que fundamente cada opção de forma tão cabal que até JJ se sinta seguro nas suas recomendações ou propostas. O ordenado e sobretudo o estatuto acumulado pelo treinador leonino em Alvalade deveria ser suficiente como prova de confiança e autoridade. Recusar uma decisão mais colegial, quando essa estiver melhor preparada será apenas arrogância e desconfiança e isso não é um comportamento que interesse ao Sporting como empresa que movimenta muitos milhões e deseja valorizar-se, como instituição plural, em muitos mais. "Fui eu que fiz", "fui eu que contratei" ou "fui eu que fui buscar este ou aquele" cheira demasiado a egocentrismo e muito pouco a uma estrutura hiper conhecedora, proto-científica e adaptada a uma era digital onde todos os jogadores do mundo estão identificados e são acompanhados desde os 6 ou 7 anos de idade.

2/ Quem fala e para quem fala
As críticas feitas à Comunicação do Sporting no ano passado, valeram uma atenta e mais sólida ideia do que haveria de mudar para esta época. Na minha opinião as mudanças foram muito positivas. Não só se resguardou a imagem do Presidente, como se deu mais elan ao que o clube "quer dizer". Mérito seja dado a BdC, que entendeu não ser viável a continuação da sua aparição nos media, por vezes mais do que uma ocasião durante a semana. Mérito seja também dado a quem escolheu o actual Director da área. Pessoa que me parece ter escolhido um tom apropriado para fazer as vezes do Presidente, ainda que faltem algumas agulhas por acertar quanto à exagerada diversidade de alvos.
O que ainda não foi feito e urge realizar é uma nova abordagem com os diversos media, que persistem numa ofensiva permanente e hostil. Não consigo justificar a bipolaridade de manifestar indignação por uma (ou muitas) notícias veiculadas pelo jornal O'Jogo numa Segunda-feira e à Sexta dar uma entrevista exclusiva à mesma publicação. Das duas uma, ou são meios "non-gratos" ou não são e de uma coisa eu tenho a certeza, não é esta hesitação que nos devolve respeito. Arrisco dizer que os directores de várias estações de tv, jornais e rádios "contam" com a indignação leonina, tanto como apostam na ausência de consequências da mesma. A frase "cão que ladra, não morde" ilustra o que penso sobre esta questão.

É sabido que para conquistar um novo poder ou mais espaço de acção é preciso desafiar o poder que está instalado e diminuir o espaço deste último para que seja mais facilmente disputado. Esta é uma lógica que impera desde no nosso planeta, e todos os seres vivos o fazem, desde as plantas, aos animais e claro, o homem. É entendível que o Sporting se instale na linha da frente na hora de criticar o Nacional-Benfiquismo em que o nosso futebol se transformou. Mas todas as estratégias têm um limite e esse deve ser definido na celebração da primeira prioridade da nossa Comunicação que deveria ser, sempre, arrumar a nossa casa primeiro. Tenho visto a opinião firme de muitos (e bons) sportinguistas de que as duas operações não são incompatíveis. Verdade. Mas devem ser priorizadas. Ver, ouvir e ler uma insistente e voraz torrente de opinião institucional apontada ao nosso clube rival é também uma forma de distracção do nosso principal foco, além de uma valorização excessiva do peso desse clube. Há um ponto de equilíbrio e este ainda não foi encontrado. Para gáudio dos nossos adversários, a ineficácia da nossa equipa só predispõe esse esforço a piadas que não são tão tontas como parecem e desgastam muito mais os nossos responsáveis do que o que muita gente supõe.
O único candidato que fará oposição a BdC nas próximas eleições parece muito mais um produto da "vergonha alheia" de muitos sportinguistas que gostam de estar bem com Deus e com o Diabo, do que emergente de um movimento com ideias concretas e estruturais oponentes às políticas seguidas por esta Direcção. A esmagadora maioria dos adeptos leoninos pouco se preocuparão com o que os adversários pensam sobre o que o Sporting "diz", mas existe ainda assim uma minoria que preferia que o clube se silenciasse (sofrendo as consequências que conhecemos) para que os seus jantares e conversas à volta de um envelhecido brandy com adeptos de outras cores tivessem bem menos assuntos clubísticos para justificar. E este pormenor leva-me a outro aspecto, a "oposição". Não é com paus e pedras que se resolve a ingratidão e o snobismo. É com desprezo e indiferença. O Sporting continua a não conseguir isentar-se de tentar não deixar "ladrar" os cães. Atitude tão ineficiente como apropriada. Ao abrir flancos internos, perde caudal e energia valiosa, eleva o estatuto e capacidade de produzir ruído de alguns "piratas" de gravata e sobretudo empurra estes figurinos para os braços acolhedores de muita imprensa sequiosa de sangue.

3/ O entendimento errado de um modelo de organização
Todos os clubes em Portugal adoptaram o que se chama um modelo presidencial. Existe uma figura que concentra todo o poder e apenas pela delegação do mesmo, o pode partilhar. Esta concepção de que é a única via adaptável ao futebol português é um pouco desprovida de argumentos e muitas das vezes justifica apenas a incapacidade dos nossos dirigentes para conseguirem agir em concertação em longos períodos de governação. Só esta incapacidade era digna de muita reflexão, mas vou deixar as concepções sócio-culturais lusas de fora deste texto, preferindo concentrar-me nos erros que o tal modelo tem no Sporting. Tão pouco me importa se apenas repetimos erros que outros partilham. Não conheço os meandros dos outros clubes e se estiverem errados, melhor ainda. Preocupa-me o Sporting e que, este, prevaleça sobre os demais.

Ter poder não significa tê-lo todo e a toda a hora. Aliás nas primeira regras de um bom gestor, surge destacada a capacidade de delegar tarefas. Como delegar bem, as tarefas e o poder? Obviamente escolhendo bem as linhas sucessórias de decisão, mas não só. Escolher um bom Director de área, para depois não confiar nas suas decisões e continuamente desautorizá-lo vale pouco. Um Presidente, diria Maquiavel deve permanentemente moldar os seus delegados, confiando e fazendo um empowerment suportado em estímulos positivos. Recompensa positiva ou elogios quando acertados, Menos recompensa e menos elogios quando errados. Nunca, mas nunca, exercer pressão indirecta ou atravessando-se na margem e espaço de protagonismo dos seus coordenadores. Se assim suceder, o poder permanece nas mãos do presidente e de muitas formas até o reforça. Se a estrutura for forte e eficiente o poder da primeira linha engrandece, se ocorrer o contrário de pouco valerá o autoritarismo e a permanente mania de retirar confiança. O ponto decisivo é mesmo a escolha a quem se delega poder e ao contrário de muitos manuais antiquados de sobrevivência política, um líder não ficará mais forte se eleger figuras de suporte com menos visibilidade, carisma ou capacidade de auto-operação…apenas ficará mais fácil de dominar a estrutura, com pouquíssimos ganhos para a mesma.

Em muitas coisas, acho que BdC não tem o elenco que poderia ter. Em muitas coisas acredito que se o tivesse (e especialmente se o aproveitasse) daria um salto qualitativo muito grande às operações desportivas e financeiras do nosso clube. "Falar a uma só voz", um dos slogans mais memoráveis da última campanha eleitoral do Sporting implicou uma concentração de demasiadas pastas em cima das costas de BdC e apesar de um benefício imediato na hora de impor mudanças profundas (num cube com enorme profusão de pequenos e grandes poderes) é chegada a hora de avançar e abdicar de um Presidente que decide tudo para ganhar um Presidente que escolhe bem quem irá decidir. Por incrível que pareça, um Director técnico no Andebol que seja perito em andebol, decidirá melhor que BdC. Por incrível que pareça um Director de Marketing que seja um excelente Marketeer decidirá melhor que BdC. E o mesmo retirará sempre os frutos, além de claro, o clube.

4/ Ainda e sempre, os árbitros
Muito foi feito nesta área e não se pode dizer que o Sporting não tenha tentado de tudo para mudar o quadro sistematicamente prejudicial neste capítulo. BdC de forma muito persistente tem feito gato sapato para que os homens do apito não tenham como passatempo predilecto afogar as nossas esperanças desportivas em enganos convenientes, em momentos decisivos. Haverá algo mais a fazer? Sim.
Se formos à origem do problema, podemos facilmente detectar que o que permite a muitos árbitros o salvo-conduto para nos prejudicar é a noção generalizada de que ao fazê-lo estão a agradar ao "sistema" e a dar gás às suas carreiras (agora profissionais). Se é aqui começa é por aqui que o Sporting deve atacar. O Benfica há uns 12 ou 13 anos detectou o mesmo problema, mas a sua solução foi "apenas" ser mais astuto, dissimulado e sobretudo científico na tentativa de inclinar o tabuleiro para o seu lado. Demorou mas chegou lá. Hoje o colinho vermelho é muito mais eficiente e difícil de detectar que a fruta ou café com leite de outros tempos, mas é igualmente corrupta e anti-desportiva.

Como pode o Sporting não fazer o que os outros fazem (em alguma coisa acho que somos mesmo diferentes e esta é uma das principais para o parco número de troféus ganhos nos últimos 40 anos) e ainda assim garantir arbitragens justas e equilibradas nos seus jogos? Só vejo uma solução. Combater ao lado dos bons árbitros, dos que querem genuinamente um sector mais independente, isento e sobretudo imune a pressões e chico-espertices. Primeiro problema - onde estão estes árbitros? Não sei, não sou perito. Mas recorro a uma figura bíblica para definir aquilo que deveria ser o nosso caminho. Se no todo da arbitragem o Sporting não consiga encontrar quem partilhe consigo o ideal de uma arbitragem melhor e menos manobrável…então é hora de arrasar tudo ao seu alcance tentando implodir tudo o que possa implodir, desejavelmente não restando pedra sobre pedra. Não vejo outra estratégia possível, não alcanço outras vias desejáveis. E urge encontrar e definir algo que mude o panorama actual, que será sempre, época após época, um dos nossos principais factores de fracasso, desunião e desconfiança. 

SL

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Dois em Um


UM. No dia seguinte à divulgação de um estudo anual da UEFA em que Sporting está no top 10 dos clubes com melhor prestação financeira e o Benfica é nomeado o 2º clube com maior dívida no mundo…os jornais “amigos de Vieira” preferem fazer capa com duas notícias sobre contratações hipotéticas do encarnados. Não estava à espera, sou sincero, de uma capa com uma cara de Vieira mal disposto e com um título sugestivo como “Campeão da Dívida!”, mas tenho a certeza que se os factos fossem inversamente atribuídos aos clubes, não haveria coisa mais certa que fosse…uma bela capa com a cara de um BdC desolado e o título…”Campeão da Dívida!”, enquanto noutra janela surgiria mais uma pose de estadista de Vieira acompanhada pela frase “No topo da Europa”…ou mesmo “Uma gestão exemplar”. É o circo manipulador que temos, é contra isto que temos todos de lutar, é neste tipo de detalhes que podemos compreender a campanha de intoxicação permanente de que o Sporting e os Sportinguistas são alvo. 

DOIS. Também entendo agora o porquê de tanta insistência por parte de alguns opinadores mediáticos e bloggers encarnados, que têm passado as últimas semanas a discursar sobre as finanças do Sporting, laboriosamente a consultar os nossos R&C’s à cata de números que possam baralhar e tirar leituras absurdas para que possam dizer que o seu clube não é o pior. Costuma-se dizer que com os problemas dos outros qualquer um pode bem, mas ao que parece a mesquinhez de muitos benfiquistas leva-os a tentar que os seus pares pensem precisamente o contrário, alegrando-se com o facto de estarem melhor que o Sporting e não com a saúde das suas finanças. Isto é complexo de pobre, sintoma de inveja e todo o reflexo de uma cultura de mentira e falsidade, facto que para mim ilustra completamente a verdadeira arma da presidência de Vieira - a propaganda que estupidifica, ainda mais, uma grande fatia de adeptos do Benfica. 


SL

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

O Bom, o Mau e os Vilões

O Bom
CR7 acumulou o prémio FIFA e o Balon D'Or para melhor jogador de 2016. Parece quase normal, mas é um acontecimento extraordinário. Mérito a uma personalidade única, 100% focada em ser o melhor dos melhores, num tipo de auto-exigência fora do normal e um talento capaz de firmar o seu nome lá bem no cimo das lendas do futebol. Haverá um futebol português antes e outro depois de CR7 e eu adivinho que todos os amantes do espectáculo dentro das 4 linhas sentirão um dia muitas saudades de ver este super-atleta em campo. Parabéns!

O Mau
É bom que sigamos todos com muita atenção o que se passa com o Valência, aqui na nossa vizinha Espanha. O principal "projecto de clube" de Mendes e Lim (sim, há outros) está a revelar-se um fracasso total. A míseros pontinhos da linha de descida de divisão, os "morcegos" parecem destinados a implodir por dentro, com uma massa adepta que exige o retorno da SAD às mãos dos adeptos, facto que deve estar a colocar o nosso "comendador" português a desejar nunca ter recomendado ao seu amigo asiático esta jointventure.

Os Vilões
Bruno de Carvalho propôs ontem 11 medidas para melhorar a arbitragem em Portugal. Concordo com 95% das sugestões, tal como sei que 100% delas serão ignoradas. Num passado não muito distante a resposta dos responsáveis do apito às críticas era normalmente "apresentem medidas, façam propostas, sejam construtivos e ajudem o sector a melhorar". Pois eu tenho dúvidas que tenha existido um presidente de clube com mais currículo neste campo e não é por isso que o quadro tem melhorado. Aliás rio-me quando ouço a desculpa esfarrapada que a situação actual deriva da saída de árbitros muito experientes e a entrada de todo um novo elenco com muito poucos jogos na 1ª categoria. Como se antes tudo estivesse bem, como tudo se resolvesse daqui a um ano ou dois, com o ganho de experiência acumulada. Não. O que é péssimo, melhora ligeiramente com o tempo, mas quando muito ficará apenas mau. Quando não há talento e apenas vontade de favorecer um sistema, quando não há amor pelo jogo mas sim uma adoração egocêntrica pelo protagonismo, quando algo foi criado, engordado e carregado ao colo para ocupar um posto...dificilmente poderá acabar com o clima de tensão ou a sensação de falseamento da verdade desportiva.
Este novo quadro de jovens árbitros é uma geração espontânea de produtos "pré-fabricados" nas empreitadas do assalto lampião ao poder na FPF e está a cumprir o seu desígnio com brilhantismo. Ninguém poderá negar que a coincidência astronómica de em 4 ou 5 anos, podermos contar pela metade dos dedos de uma mão a quantidade de jogos em que existem mesmo lances que desvirtuaram o resultado das partidas em prejuízo da equipa encarnada. É de uma anormalidade tal, que se torna embaraçosa sequer alguma explicação contrária.
As 11 medidas de BdC, irão ser ridicularizadas, pisadas, rejeitadas, ignoradas...tal como a intenção de realmente dar crédito e independência ao sector da arbitragem. Só por si, esta situação é bem emblemática do estado tóxico a que se chegou e adivinho que os verdadeiros DDT's do apito (vulgo Vieira e amigos) desejem profundamente a continuação do caos e a lama, pois só neles podem continuar a autocoroarem-se como os "protectores" dos árbitros. Começo a perder a esperança que em Portugal consigamos resolver este problema e aproxima-se, julgo, o dia em que algo de muito trágico irá acontecer. É que sempre que a espécie humana se encontra num beco-sem-saída, o cataclisma costuma ocorrer. E a culpa não morrerá com autores directos do incidente, mas sim com toda a corja que amarrou durante décadas os árbitros a pactos de sobrevivência e impediu voluntariamente a melhoria a isenção das arbitragens.

SL

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

A humanidade tendenciosa

É uma condição humana. Dizem os árbitros em sua defesa que o erro faz parte do jogo, que são falíveis e que o desafio é fazê-lo o menos possível. Concordo. Mas o que dizer quando o clube a quem acontece toda e qualquer peripécia é sempre o mesmo? Poderei eu pensar que os árbitros são mais humanos nos jogos em que participa o meu clube? E o que dizer da superlativa humanidade de normalmente, e independentemente dos adversários, ser o meu clube o alvo específico dessa condição?

O resultado do erro é óbvio - o prejuízo. O Sporting fica fora de uma prova, verá menos receitas, a equipa terá agravado ainda mais a falta de confiança crónica que salta à vista em cada minuto de cada partida e a "recuperação" tenderá a ser adiada por mais alguns jogos. A ferida foi profunda e atravessará transversalmente todo o clube, do adepto ao presidente. A procura de erros próprios deve ser feita por quem de direito, mas valha a verdade, o erro mais óbvio ontem não foi cometido por André, Castaignos, Douglas ou Coates, mas sim por Rui Oliveira e o tal fiscal de linha que foi "metido" à última hora na partida.

Quando todos preferirem olhar para os erros dos jogadores e treinadores do Sporting na partida de ontem, eu pergunto aos mesmos se estão convencidos que o Setúbal merecia o desfecho da partida e se basta uma brisa e uma queda qualquer na área ao minuto 92 para mudar o resultado de um marcador. É que se a humanidade do nosso futebol vai até esse ponto, então todo o futebol português passará a ser dominado por artistas de teatro físico e não por jogadores de futebol. Para quê ter avançados que rematem bem ou saibam "voar entre os centrais" se podemos ter um jogador que sentido 1 ou 2 dedos nas costas sabe cair convincentemente e agradar à "humanidade" do árbitro?

Qual a honra? Onde está o mérito? Que valores promove o futebol português? "Estás a delirar" diram vocês. Sim, têm razão. Há muito que o futebol cá no burgo se tornou uma corrida por lugares e um showdown de truques e fitas. Ganha quem coloca mais "humanitários" na 1ª categoria. Ganha quem instrumentaliza as instituições e manobra túneis de vento que fazem ascender gente seguidora desse conteúdo assimétrico e propangandístico da página de Hugo Gil à posição de poder decidir "humanamente" a saída de prova de um clube.

Há espaço para revolta ou devemos acatar e abraçar ternamente mais um erro? Há lugar a uma forte e firme posição junto da Liga, FPF e APAF ou vamos recear represálias? Há coragem para repetir "Basta!" ou o apoio (sem resultados práticos) a um novo Conselho de Arbitragem vai nos silenciar a raiva? Digam-me vocês, o que "humanamente" vos vai na alma.

SL