segunda-feira, 27 de outubro de 2014

“Tu queres ver...?!”

Foi o que me ocorreu lá para meio da 2ª parte depois de um super patudo africano ter, sabe-se lá como, aviado duas bolas para dentro da nossa baliza. O Rui Patrício estava como eu...”como é possível?”

Mas foi possível. Deixem-me dizer primeiro que até surgirem “levadas madeirenses” pela esquerda da nossa defesa, todo o jogo tinha sido uma festa. O ambiente à volta do estádio fez lembrar velhas e gloriosas tardes domingueiras, cheias de putos reguilas em pulgas para “caçar” o jubas, cheias de lanches na sacola e autocarros improvisados. As roulotes nem se podiam...cerveja era miragem de tantos camelos que estacionaram à sua volta. A família veio a Alvalade e mais jogos houvessem às 17h ou 18h de um Domingo soalheiro e a tribo dos jogos seria muito diferente do que é normalmente.

As bifanas vendiam-se, ou nougats também e a novidade era um cachecol preto e branco inscrito com uma mensagem para o senhor Platini. Tenho pena que ninguém se tenha lembrado de criar um cachecol dedicado ao Luís Duque, qualquer coisa do género “Largaste a vassoura Luís?”
Dentro do estádio diz que estavam 37 mil, porra...ia jurar que estavam pelo menos mais 3 mil do que isso, as Bs estavam recheadas e isso é sempre sinal de uma boa casa...mas ok...entre o “pfff...” e o espectacular, ficámo-nos pelo “muita bom”.

A primeira parte do jogo é fácil de descrever. Um bulldozer contra uma colher de plástico. O Sporting arrombava as paredes e o Marítimo fazia cócegas na baliza do Patrício. Em 6 vezes que fomos à baliza do Salin deixámos lá 3...eles foram visitar o tio Rui 8 ou 9 e mandaram as mesmas para as publicidades. A malta estava descansada...e muita rapaziada nem esperou pelo árbitro para invadir o bar ao intervalo.

O pior foi depois, os jogadores leoninos regressaram dos balneários, mas deixaram lá a concentração. Os madeirenses aproveitaram e como não tinham nada a perder bramiram a colher de plástico vigorosamente, de tal forma que descobriram o ponto F da nossa defesa e foi fartar vilanagem para cima do espaço (uns belos Champs Elisee) entre o Maurício e o Jonathan. Depois do estrago e de uns “godinhos” começarem a assobiar os maus passes de William e as raquetes furadas de Jonathan e Cedric....alguém foi buscar espinafres e os enfiou nos cachimbos do Adrien, Nani e João Mário que pegaram nos cacos do bulldozer e com muita paciência trouxeram de volta a equipa do estado comatoso em que se estava a deixar arrastar.

O golo de Montero, à craque sul-americano...punha uma pedra sobre o caso e o estádio de volta a momentos zen anteriores. Diga-se que o Marítimo de Pontes fez mais em Alvalade que muitas equipas de 100 milhões de orçamento...e com muito mais coragem. Convençam-se alguns adeptos leões que não há jogos fáceis e em qualquer jogo da liga há oportunidade para “borrar pinturas”.  Até o Boavista com as suas colheres de “refeição de avião” pode estragar um fim-de-semana...e nas ressacas de jogos de Champions (o Marco fez bem em assobiar para o lado, mas o meio-campo esteve a 60% dos kgs de pressão de costuma por em cima do jogo) tudo pode acontecer se a concentração e o empenho não forem totais.

Uma palavrinha para o árbitro: patético. Sem dúvida que vai levar boa nota, mas muitos erros graves de vista grossa a faltas que deram recuperações de bola ao Marítimo além de outras amarelices encomendadas...este não era da GazProm, mas cheirava a “bufas” que tresandava.

Bom...e agora é voltar ao trabalho, eles e nós. O Marco “bateu” na flash e garantiu-nos que viu o mesmo jogo que o público e que os “sustos” vão ser debatidos lá dentro, onde devem ser. O “keeping it real” deste treinador faz bem ao futebol português, onde tantas vezes os treinadores rescrevem as histórias dos jogos e enganam meia-dúzia que não tenha skills para fazer o streaming ou paciência para frequentar o tasco.

SL

PS- O “Bom” Jesus foi a Braga, mas não houve Bom. O jogo como ele tinha dito era nível Champignons e o ratatouille que é a sua equipa perdeu-se pelo meio das promessas de “bloco central” dos amigos do Pintinho.


PS extra – A Tasca do Cherba fez um ano de “portas abertas” e só se pode desejar longa vida a todos os tasqueiros e a melhor sorte ao pessoal do balcão. Se alguém quiser aprender a ser Sportinguista, aquela é a “universidade” mais competente e quem frequenta sai de lá sempre “preparado para o mercado”.

11 comentários:

  1. Em grande javardeiro, em grande!

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  2. Outra coisa que para mim merece destaque nesta noite de contrastes é as pessoas que insistem em sair do estádio 10 minutos antes! Pergunto se quando vão ao cinema também saem 10min antes do filme acabar...

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    1. Houve quem saísse no início da segunda parte. Nem sei porque vão ao futebol. Se corre mal é porque corre mal, se corre bem também não têm interesse.

      Acho que a pica de algumas pessoas é espingardar. Quando não há motivo para espingardar, para que os outros olhem para eles, desinteressam-se. É triste. Felizmente que a bancada emparou-se quando a equipa tremeu e não houve nervoseira que repassasse para o relvado. É sinal que o público está a ficar mais inteligente.

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  3. eheeheh Tinha curiosidade em ver quem tu eras no almoço :) Dos meus blogs favoritos!

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    1. De facto ... agora os post têm outro valor. Leio e vejo uma pessoa a escrevê-los. Foi um prazer conhecer-te javardeiro. Os posts continuam no ponto.

      paulo

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  4. Eu mandei um "olha que c*******"
    Percebo a descompressão, mas aborrece-me.
    Mas quando temos um golo como o do Montero, esqueço-me dessas parvoíces todas. Ainda bem que o Marco não fez o mesmo.

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  5. Parabéns Javardeiro...

    Sorte a minha, "poder" frequentar dois dos melhores" blogs verdes"...
    Mais uma vez...um óptimo comentário...!!

    SL

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  6. Mais um belo post, para não variar!
    Eu vi o jogo ainda empanturrado de pizza e ginginha, mas aqueles 2 golos do Marítimos puseram a máquina a funcionar e já deu para comer um hamburger depois do jogo!

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  7. Grande post.... como sempre! E já agora, parabéns á Tasca!

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  8. eh eh
    optimo! same as usual!!

    como está tudo optimo, limito-me a comentar a parte que me "toca":
    A Tasca do Cherba... Se alguém quiser aprender a ser Sportinguista, aquela é a “universidade” mais competente e quem frequenta sai de lá sempre “preparado para o mercado”

    bela descriçao!! dum fantastico lugar (onde passo a maior parte do meu tempo livre!)!
    nao fosse o grande Javardas ter lá um partimezinho!!!

    SL

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    1. ah, no seguimento do dito aqui por outros tasqueiros, foium prazer por um cara no Leão!

      já agora, uma pergunta que me apoquenta desde que "caí" aqui a primeira vez, de plastico, porquê?

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