sexta-feira, 8 de junho de 2018

Sporting Grupos de Portugal

Adoro a pluralidade de opiniões. Adoro o direito a dizer o que for que seja. Sou um amante de debater ideias e ter a liberdade de convencer ou ser convencido por quem quer que seja que tenha mais ou melhores argumentos que os meus.
Por isso mesmo detesto "jogos" e "caldeiradas", caldinhos e "panelinhas". Odeio conspiraçõezinhas e manobrazitas de fundo de escada. Acima de tudo porque são formas e espaços onde a razão não entra e o debate é feito em surdina, como se todas as informações fossem secretas e dignas de um colete de forças que as impedem de ser rebatidas ou verificadas.
Infelizmente o Sporting (e por inerência, os sportinguistas) enfermam deste enorme vício. Somos dados a Grupos de Interesse, Facções, Alas, Clubes e todas as formas de agregar uns em prejuízo de outros. Essa grave expressão de que "só devo algo a certos sportinguistas" e não a todos, levou em última análise ao estado em que nos encontramos hoje.
BdC venceu as últimas duas eleições e as duas últimas AGE's, mas não ganhou o clube. Muitos imputam-lhe esse insucesso e apesar de concordar que não é um "agregador" por natureza, é minha firme opinião que a desagregação da massa associativa não começou nele, nem irá ser resolvida em futuras presidências.
Não é fácil administrar um clube com a dimensão do nosso, mas será cada vez mais impossível fazê-lo bem com tantas grupetas a trabalhar para que "os seus" tenham espaço e manobra dentro do Sporting. Toda a gente conhece alguém que conhece alguém dentro do clube e a teoria dos "Seis Graus de Seração" pode ser resumida a apenas dois ou três em todo o universo leonino.
É impossível gerir informação, é impossível gerir insatisfação, é impossível gerir confiança quando estar no centro do poder é ao mesmo tempo um exercício operacional e um gigantesco trabalho de relações públicas. O Grupo x gostava de disto, o Ala y via com bons olhos aquilo, e no meio de tudo fica um clube amarrado ciclicamente aos "amigos dos amigos" e às guerras de interesses, às disputas de vaidades e aos jogos de "estou a favor" ou "estou contra".
Isto é sinónimo de divisão e uma separação que está definida por natureza. Não interessa se é BdC ou Godinho, Soares Franco ou outro qualquer, a desunião não começa pela opinião quanto à liderança, ela existe sempre independente da mesma e é a sua maior ameaça. Os "grupos" são proponentes de não adesão firme e convicta a nada que não faça parte do "grupo" e embora nenhum "notável" afirme isto publicamente, não há símbolo maior de que eles do que é a profunda divisão de interesses na massa associativa do Sporting.
Diz o ditado que "casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão" e o Sporting não tem pão para dar a tanta gente notável, a tantos grupos e isso desencadeia uma mega dança de cadeiras e uma mega operação mediática de gente que vai para onde quer que exista uma câmara falar sobre o Sporting. O "tempo de antena" interessa à "notabilidade" e interessa ao "grupo", interessa marcar posição (convenientemente próxima do que será o centro de poder atual ou próximo), interessa ser "reconhecido".
E no meio, volto a questionar, os grupos e os notáveis, os golpinhos e as golpadas, interessam ao Sporting? Ajudam-no exactamente em quê e quando?

SL

PS- Por razão nenhuma vejam este pequeno excerto do filme "Braveheart"