segunda-feira, 6 de junho de 2016

Empresas Vs Clubes

O que aqui há 10 anos podia parecer como a salvação da viabilidade financeira dos clubes, pode muito bem ser o teste mais duro que o futebol já teve de atravessar. Os clubes transformaram-se em empresas e como qualquer empresa tem cotas e dono(s). A separação entre clube e SAD criou uma nova lógica, uma porta aberta ao dinheiro, mas também um ponto de entrada para interesses que costumavam olhar para os clubes e para as sociedades como algo arriscado e demasiado trabalhoso.

Hoje uma empresa compra um clube, apenas terá de fazer uma proposta compatível com a valorização que a SAD impõe às suas acções e ter o mínimo de credibilidade no mundo financeiro. Mas a pergunta que se impõe e que muita gente foge de responder é: para que quer uma empresa um clube de futebol? Não é um negócio lucrativo, normalmente quem investe, fica quase "obrigado" a capitalizar a SAD e o retorno desse duplo negócio virá tarde e muitas vezes nunca chegará a ser efectivo. Status? O perfil de pessoas/empresas que tem a escala para tornar a aquisição de um clube uma "compra" de status é qualquer coisa de hiperbólico. Há excepção de umas quantas famílias reais arábicas, todas as outras compras fugirão a esta explicação.

Um bom argumento pode ser a criação de lobbing. Uma empresa asiática compra um clube europeu. Não que tenha algum interesse na valia desportiva do mesmo, mas quer usar o clube como ponto de partida para influência negocial em investimentos paralelos. O futebol é assim usado como uma ponte para outros posicionamentos. Primeiro problema: não há identificação alguma com o desenvolvimento do clube. Segundo problema: assim que seja esgotada a influência pretendida, a empresa quererá vender a sua posição. A soma da consequência destes dois problemas só desvalorizará financeiramente a SAD e afastará possíveis investidores. É uma descida sistemática com equivalência ao nível desportivo.

Para muitos esta "teoria" é mera especulação. Para mim é uma evidência que as recentes vendas das Societás Milanesas a empresas chineses mais não fazem do que comprovar. Para todos os efeitos e até provas em contrário, prefiro que a maioria do capital da SAD do Sporting se mantenha no clube. Fenómenos como os que afectam o Valência são trágicos e um ponto de partida para entender que nem Lim, nem Jorge Mendes perdem 2 segundos da suas vidas a pensar no futuro desse clube espanhol. Dinheiro é dinheiro e o os euros que entram no emblema valenciano tem, sempre, guia de marcha para outros destinos. Quem diz dinheiro, diz treinadores e jogadores que entendem perfeitamente que estão num caminho de outros negócios e vestir a camisola com o dístico do "morcego" é apenas um passo noutra direcção. Isto não é viabilizar um clube, é matá-lo.

SL

2 comentários:

  1. Posso estar enganado, mas a ideia que tenho é que esses empresários, como o Lim ou outros...
    Se servem dessas sociedades desportivas, apenas e só...como "lavandaria"...!!
    Um dia vamos saber isso...

    SL

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