quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Filhos da clubite

Tão discretos como elefantes numa loja de porcelana, os paineleiros em programas de TV vão despejando informação. É execrável como tomaram conta do espaço mediático, eles e os seus "recados" passados com briefing ou sem ele. Não há um só espaço informativo que não esteja contaminado por uma clubite sem esperança de melhora e isso faz com que sejam espaços mortos de inteligência, debate ou fair-play. É uma guerra incessante de "armas de arremesso" onde se medem constantemente os argumentos pelo peso, pelo aspecto ou pela capacidade de tirar trunfos argumentativos aos demais. São absolutamente dogmáticos e desinteressantes, um subproduto da mentalidade tão pouco desportiva dos nossos dirigentes.

Não tenho respeito por nenhum paineleiro, não sinto apelo por nenhum desses programas de tv e muito menos baseio alguma opinião pela lixarada de propaganda que difundem. Sinceramente, no dia em que o meu clube parar de "fornecer" material para os debatentes leoninos serei um homem mais feliz. A mim não me interessa "ganhar" debates mas sim jogos de futebol e não podemos todos cair no caldeirão da conversa do "temos de lhes fazer frente para que não façam as cabeças dos nossos adeptos". Acho que um clube que tenha tão pouco em conta os seus próprios fás, não é na verdade um clube com massa crítica ou visto por outro prisma, é um clube com dirigentes muito inseguros.

"Mas a mensagem passa e cria-se a opinião que…" é o que mais me dizem quando expresso a minha ideia sobre estes conteúdos. Nada poderia ser mais certo na origem e mais errado na conclusão. É verdade que a tv cria realidades e nuances nas conversas de bola, mas também não é menos verdade que instrumentalizar as opiniões dos adeptos é um recurso de gente que não valoriza a diversidade, a crítica ou a sanidade do ambiente entre adeptos de cores diferentes. O estado de "guerra" é bom para reunir força ao redor de uma direcção, mas é absolutamente inútil mantê-lo 24 horas por dia, 7 dias da semana, 365 dias no ano. No dia em que realmente for necessário "convocar" os adeptos para uma fase de emergência do clube, eles simplesmente não darão pela diferença…será apenas mais uma direcção a gritar "lobo".

Isto terá tudo de mudar e muito. Corremos o risco de o futebol ser ultrapassado pela própria conversa sobre futebol e confundirmos a beleza do jogo com as lutas com os rivais. A clubite é gira para algumas brincadeiras, é divertida para alimentar as rivalidades…mas não deve ser uma ferramenta de trabalho dos dirigentes, uma alavanca que se puxa sempre que se quer por um ponto de exclamação numa frase. Tomara que o meu clube entenda isto.


SL 

3 comentários:

  1. Excelente reflexão.
    Sinceramente, custa-me ter opinião firme para um ou para outro lado.
    A basófia e a patetice são isso mesmo, patetas, mas podem valer muitos lugares no estádio, camisolas vendidas, valor da marca, pressões, etc etc e no fim é fácil esbarrarmos numa 'self-fulfilling prophecy', valendo vitórias. E a grandeza de um clube mede-se por isso mesmo, vitórias, ninguém engrandece com derrotas.
    Também se mede por valores, e há várias formas de puxar pelas vitórias.
    Damm...vou voltar ao início e ler de novo.
    Excelente reflexão.

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  2. Na mouche!
    Estes programas de tv pseudo desportivos sao um insulto a razao.
    Deviam ser precedidos de um aviso de que provocam disturbios mentais aos mais influenciaveis.

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  3. Estava ontem ou antes de ontem à fazer essa reflexão.
    Será que vale apena estar a fornecer carvão de borla às TVs para as alimentar?
    Por princípio acredito que não vale de todo a pena, porque em todos os programas sem execução as conversas são manipuladas e tem Sempre o Sporting como pau para toda a obra.
    É uma coisa muito antigo é uma guerra que fomos perdendo.
    Agora que nos estamos a reerguer ... Não faz sentido cair nessa esparrela outra vez.
    O que fazer?
    Deixa los a falar sozinhos?
    Criar uma Sporting TV mais forte?
    Podíamos ter um programa sobre futebol, onde tentaríamos recriar um painel de gente intelectualmente honesta e debater as jornadas com elevação. Teríamos de convidar um Benfiquista e um Portista que aceitassem debater futebol.

    Alguma coisa tem de mudar!

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