quarta-feira, 15 de julho de 2015

Os stresses das Quinas

A FPF há muitos anos que tarda em assumir-se como uma instituição ao nível das suas selecções. Já para não falar do défice gigante de competitividade das competições que organiza e na inconstância das escolhas dos quadros técnicos, surgem agora demasiados problemas clínicos para não concluir que existe um problema claro de escolhas.

Desde sempre terreno de batalhas no jogo de forças entre os grandes, a Federação do nosso futebol é o espelho de outros problemas crónicos do nosso país. Clientelismo, permuta de favores desportivos com empresários do futebol e não só, favorecimento nos contratos de fornecedores, o vulgo tacho e o compadrio, tudo está na origem de muitos problemas completamente evitáveis e polémicas tontas.
As lesões de William e Bernardo Silva são só mais uma prova de incompetência. Uma entre muitas.

Devo já dizer que no caso de William não culpo o jogador. Também joguei à bola e mesmo num patamar a milhas do nível de competições em que o médio sportinguista está envolvido, o que é certo é que queria sempre jogar e fi-lo muitas vezes sabendo que "algo não estava a 100%". Mas como é que alguém me dizia que depois de treinar uma semana inteira ia ter de ficar na bancada a ver os outros jogar?

É preciso também lembrar que William Carvalho não tem histórico de lesões graves. Provavelmente em toda a sua carreira é a primeira vez que vai para o estaleiro com uma lesão de "meses". Tenho como quase certo que a sua inexperiência no convívio da dor somada à vontade de conquistar o troféu europeu de Sub21...fez a maior parte do estrago. O que não se admite é a displicência do corpo médico da Selecção. Qualquer queixa deve ser analisada, mesmo que o atleta tenda a desvalorizá-la. Quem trabalha com jogadores de futebol sabe que o jogador vai tentar sempre relativizar a dor. Sempre. E mesmo que não tivesse sido matéria de análise durante a competição, seria o mínimo dos mínimos que fosse feito um check-up à queixa, antes de enviar o atleta para férias.

Os atrasos dos relatórios médicos que só chegaram por pedido do clube e em cima do regresso à actividade dos jogadores prova a enorme incompetência e incompreensão do meio competitivo do corpo clínico que acompanhou os sub21 num torneio internacional. Amadorismo que vai sair muito caro ao Sporting, logo ao clube que mais contribuiu para o plantel português. O Sporting deve pedir e medir responsabilidades, exigindo muito mais cuidado na gestão médica dos seus activos. Será mais ou menos transparente a valente borrada cometida, serão mais ou menos irrelevante os mecanismos de protecção do clube face ao erros da FPF. Mas urge levantar bem a voz e mostrar insatisfação. É que não vale a pena andar cheio de mesuras a formar atletas para depois regressarem gravemente lesionados por uma questão de negligência médica das selecções.

É que se William é carne para canhão para uns, para outros é uma peça fundamental para atingir sucesso desportivo. Rui Jorge, como responsável máximo, não estará isento de toda esta valente trapalhada.

SL

1 comentário:

  1. Pena que não se aborde a nova - velha Santa Aliança com o Bufas mor. Lamentavel

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