Having Fun

Vi recentemente um filme intitulado "Million Dollar Arm" ou coisa que o valha. Recomendo. Não por ser um grande filme, não é, mas tem uma mensagem bastante útil para o pessoal mais atento à evolução do desporto. Não vou "spoilar" a coisa toda...mas grande parte moral associada anda à volta das razões que fazem um atleta ter um aproveitamento de excelência.

No final do filme, dei por mim a ter um momento de claridade (o que foi uma proeza pelas horas adiantas a que acabou) rara. Não sei porquê, mas associei a história à razão porque a equipa B do Sporting não consegue ter os resultados esperados. Já ouvi e li mil e uma teorias, mas a verdade é só uma. O Sporting B deve ser, talvez a par do Barça B, Man City e Castilla a equipa secundária mais forte do planeta. Como se explica que tanto talento de pedigree, numa liga onde abunda a mediocridade mal treinada...não consiga aproveitamentos de excelência?

Entendo a história do "processo" e a converseta do "crescimento", mas caraças, não dá para ganhar em casa ao Freamunde? Se estão a pensar já "epá mas os resultados não são importantes"...vão-se lixar! Então estamos a criar alternativas à equipa A que não ganham a um Freamunde?! Que motivação, crescimento técnico, aumento de confiança e maturidade é que se está a formar? Não. Se queremos campeões na equipa principal, temos de os ter na B a provar isso mesmo. Se não ganham ao Freamunde, não ganham a nenhuim da 1ª liga.

Voltando ao filme, passando por cima da narrativa, digamos que se torna evidente e comprovado que ter um ambiente acolhedor, afável e especialmente impulsionador do crescimento pelo "amor ao jogo" ou o "prazer de jogar" é decisivo para formar grandes atletas. Isto é tudo o que o Sporting B não é. É sim uma equipa de uma lentidão deprimente e de uma tensão absoluta. 90% daqueles atletas não estão a desfrutar absolutamente nada do seu jogo. Quase que apostava que 50% está nervosíssimo e os que restam já passaram essa fase e estão somente a cagar para o resultado e para a equipa, já só se preocupam com as suas funções individuais.

Basta olhar ao que foi o perfil de Abel e do Barão e tira-se de letra que a estes dois lhes tenha sequer ocorrido que um bando de miúdos de 19, 20 ou 21 anos evoluirá muito mais depressa (e a ganhar jogos, muitos!) se a tónica por colocada no prazer de jogar à bola. Sem abardinanço, sem perder a noção das regras e deveres, mas aprender a gozar o jogo em equipa. O hiper profissionalismo e as hiper tácticas podem esperar um ano ou dois, o que interessa a meu ver, é que os rápidos se tornem mais rápidos, que os fintam fintem melhor, que os que se elevam para cabecear o façam ainda mais alto.

O que está a acontecer neste momento é o esbatimento do virtuosismo dos miúdos em prejuízo da tão famigerada "competência" táctica. Como se o treinador da equipa principal fosse reparar que o Fokobo costuma apoiar o central direito quando este descai demais para o flanco contrário...merda é que isso acontece...o Fokobo vai entrar na equipa A quando sacar recuperações a torto e a direito, quando conseguir fazer 10 metros com a bola nos pés, quando rematar 5 vezes e pelo menos 2 forem no caminho da baliza. E nunca, da forma como estão a ser feitas as coisas isso irá suceder.

Daqui por 2 anos andaremos todos a perguntar pelos talentos que agora moram neste grande plantel chamado Sporting B...ou não...a memória é curta. Alguém se preocupou em entender mais além do que o óbvio primadonismo para explicar como é que o Freamunde nos lavou o rabinho?

SL