quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Benchmarketing

Não gajos que saibam sugar tanto dinheiro de um desporto como os americanos. Se repararem todas as modas “mercantis” do nosso futebol nasceram na terra do Tio Sam. Vieram da NBA, da NFL, da MLB, algumas até da MLS.

Não interessa o quê ou porquê...o que interessa é que gere receitas. Os direitos de transmissão colectivos, os nomes dos jogadores nas costas das camisolas, a venda de merchandising (do qual só o cachecol escapa), locais inovadores para colocação de publicidade, direitos de imagem dos jogadores, main sponsor, naming de estádios, Media partners, gameboxes, etc,

Aqui o trabalho de copy paste já foi relativamente bem feito. Onde se nota ainda muita diferença, não é na venda...mas na criação de produto.

Ir a um jogo da MLB ou NFL é ir participar num espectáculo. Que começa nos acessos ao recinto e acaba no mesmo local...mas na viagem de regresso. Um jogo em casa é uma oportunidade de construir receitas, e nos EUA isso vai muito alem da venda do bilhete.

Numa hora em que o Sporting precisa de “inventar” receitas talvez não fosse mal pensado ir a um Yankees-Red Soxs ou a um Cowboys-Pirates com um bloco de notas e ir apontando as milhentas formas que os rapazes de lá arranjaram para dar ainda mais show e receber ainda mais em troca.

Ele é o Hino, o Pre-game Show, Cheerleaders, o Pitch Guest, o Halftime Show, o Fan Hour, o VIP Pass, o Meet the Press, Sponsors Message, eu sei lá o que é que os tipos não inventaram para colocar marca, produto, serviço nos ecrãs, nos corredores, no sound system, na entrada, bares, etc.

Obviamente que todos estes momentos permitem a marcas comunicar directamente com 30.000 pessoas que estão a divertir-se. Isso é o que se chama Golden Oportunity...e valem muito...muito dinheiro. Aqui os irmãos Oliveira vendem 10% destas coisas a 0.010% do seu valor...e o resto...está na gaveta dos directores de Marketing...para marinar enquanto brincam aos gestores de futebol.

Secalhar já era tempo de alguém (sim...tu BdC) ir chegando às marcas com projectos bem-estruturados de retorno de visibilidade. A crise não isenta ninguém de trabalhar e o zero já é o que ganhamos agora.

Outra coisa que é um must na relação entre clubes – media e fans nos EUA é uma coisa que parece insignificante, mas é tudo na mentalidade norte-americana. Chama-se Hall of Fame.

O HoF é em si mesmo uma instituição. Distingue os atletas que se evidenciaram ao serviço do clube, distingue a relação entre jogador - clube - adeptos. Entrar para o HoF é mais ou menos o mesmo que ter uma estrela no pavimento de Hollywood. Não acontece a muitos, não acontece a toda a hora. Acontece a maior parte das vezes anos após o fim da carreira do jogador...quando há a certeza de que nada já poderá abalar a história e a memória construída.

O Sporting tem mais de 100 anos, mas há muito a fazer para capitalizar (especialmente em tempos de crise) a força dos seus adeptos. Não é uma questão de "sacar" dinheiro aos sportinguistas. É dar mais para receber mais. É criar em Alvalade um ambiente único, uma sensação de oportunidade imperdível, em que não há segredo absolutamente nenhum nas razões que levam a que ninguém fique em casa.

Deixo a caixa de comentários livre a quem lhe apetecer apontar problemas, oportunidades e benchmarketing que sirvam de melhoria ao que agora recebemos em troca quando compramos um bilhete para ir à bola.

SL


6 comentários:

  1. Caro Javardeiro, em primeiro lugar uma palavra de apreço pelo blog, que visito regularmente.

    Concordo em grande parte com o que escreve. É uma temática que costumo discutir com frequência entre amigos. No entanto, não podemos passar ao lado da massa crítica que um continente oferece para a de um pedaço de terra com pouco mais de 10M de almas. Mas o grande problema nem é esse, é a mentalidade e cultura desportiva. Nos EUA, todas as modalidades estão estruturadas para se intercalarem, especialmente nos períodos mais quentes e decisivos, garantindo vários espetáculos desportivos durante todo o ano. Tudo o que se faz nos States é indústria e o desporto não é excepção. Mais...essa indústria começa antes das competições profissionais, com o desporto universitário perfeitamente integrado na cultura e espetáculo desportivos. Algo que não temos em Portugal. E não é à toa que os vencedores de cada desporto nos EUA são intitulados...."World Champions" mesmo que se trate apenas de competições domésticas.

    No entanto, como fala e bem, o espetáculo não se encerra no período de jogo e dentro do recinto desportivo. Isso é algo que bem podíamos copiar. Existem outros fatores que são externos ao clube como a qualidade das transmissões televisivas. Basta ver qualquer desporto americano na televisão, onde os descontos de tempo são patrocinados e lembro-me de ver o "Power Play", um determinado período de tempo de jogo da NHL, onde uma equipa tem superioridade numérica sobre a outra...com o patrocínio de uma marca. Brilhante. Nunca há tempos mortos, mesmo para quem não está num estádio ou pavilhão. Por isso é que eles não gostam daquilo que apelidam, erradamente, de "soccer".

    No entanto, continuo a concordar consigo que o aproveitamento do futebol (e de outros desportos) não é feito da melhor forma pelos clubes (talvez porque já há quem se aproveite o suficiente). E sim, seria excelente ver o Sporting com outra "agilidade" para fazer isso, embora no imediato me pareça complicado face às prioridades que todos conhecemos.

    Quando penso no desporto americano (já lá estive várias vezes mas nunca tive oportunidade de ver um evento desportivo ao vivo. O mais próximo foi estar lá no fim de semana do Super Bowl e até isso é indescritível...lá está, mentalidades) penso sempre também no nosso futsal. Pode parecer disparatado...mas é um desporto à americana. Dinâmico, rápido, espetacular e com vários golos. Porque não pensar em "exportar" o nosso futsal para os States? Tipo jogos de exibição? Provavelmente é uma parvoíce, mas é uma modalidade que o Sporting também deveria aproveitar para potenciar mais a marca.

    Peço desculpa pelo comentário longo.

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  2. Confesso que não é a minha área, para poder der uma opinião concisa em relação a esse assunto...
    Li e pareceu-me uma opinião devidamente estruturada, mas mais não sei dizer...

    Mas sim, acredito que um "mini" americanice nessa área, devia dar outro elan às nossas "reuniões familiares" em Alvalade...

    Sporting Sempre...!

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  3. Amigo Javardeiro mais um bom post no teu blog como e costume!
    Neste dia bastante escuro para o mundo inteiro (9/11) mas especialmente para nos que vivemos aqui nos Estados Unidos deicha que te diga isso tudo e verdade mas temos que olhar as diferente culturas. Nos Estados Unidos por muita que seja a rivalidade nao ha destruicao entre adeptos das equipes rivais, nao existem as claques a intimidarem familias de ir aos jogos com medo que sejam atacados verbalment ou em muitos instatantes fisicamente, podes ter lugar cativo para o ano inteiro no estadio e sao-te dadas algumas regalias mas nao es socio como nos somos ha donos de equpies e ha leis a seguir que tenhem que ser respeitadas para que todos que vao ao espetaculo tehnham uma boa experiencia tal cual como se fosses ver um filme ou ao teatro e no fim tudo bem ganhando ou perdendo. E infelizmente isso na nossa cultura nao da !!!

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  4. A melhor, se calhar a mais simples, forma de arrancar com essa ideia seria a famosa "Kiss-Cam", em que no intervalo apareceriam casais nos ecrãs do estádio e ao som de uma qualquer música a puxar ao sentimento eles se beijariam. É comum nos States, é fiável e acima de tudo poderia rapidamente levar mais casais/familias a Alvalade.

    Abraço

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  5. A continuar com o recinto do antigo Alvalade a servir de parque de estacionamento... Cagava-se no estacionamento e fazia-se mega arraial/piquenique/festa..whatever relacionado com o Grande Sporting. Claro que isto seria para os meses em que temos bom tempo e para se realizar antes dum jogo que comecasse às 18,19 ou 20 da tarde. Talvez nao fosse dificil de arranjar parcerias...
    Claro que esta ideia é bem tuga!

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  6. A grande diferença da nossa liga para as ligas americanas é que lá a liga é pensada como um todo para aproveitar as receitas ao máximo. Não é uma guerra entre todos como existe cá.
    Outro aspecto é que o facto dos estádios serem fora das cidades e parques de estacionamento serem enormes, existe "tailgate", em que muitas pessoas transformam um jogo num evento fora do estádio, que pode ser explorado por marcas e pelo clube nas vendas

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